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Campo

Foto: Eliene Tenório A cisterna utiliza o telhado da casa para escoar a água da chuva através de calhas A cisterna utiliza o telhado da casa para escoar a água da chuva através de calhas
  • Barraginhas são alternativa para combater a seca
  • Dona Luiza, uma dos 29.000 agricultores familiares assistidos pelo Ruraltins em 2008, ao lado do presidente do Ruraltins, Sebastião Pelizari Junior

Este ano terminará diferente para mais de 4.000 agricultores familiares do sudeste tocantinense, o mais castigado pelo longo período de estiagem. A quilombola Luiza Jesus de Santos, 10 filhos e 21 netos, moradora da comunidade Água Branca, no município de Conceição do Tocantins, a 294Km de Palmas, é uma das beneficiadas com a construção de 600 barraginhas e implantação de 50 cisternas. Até outubro passado, Dona Luiza caminhava mais de 30km, diariamente, em busca de alguns litros de água, que, relata ela, mal davam para matar a sede dos 9 netos que moram em sua residência.

Mas, felizmente, sua realidade mudou. Ao lado da casa de adobe, onde até então só se viam poeira e calor, existe, hoje, uma cisterna capaz de armazenar 8.000 litros de água, quantidade suficiente para abastecer sua família por 4 meses. Na comunidade em que vive há mais de 40 anos, também, foram construídas 2 micro-barragens em forma oval, que atenderão 150 pessoas, durante todo o ano. Ambos os processos captam a água das chuvas para posterior utilização no consumo doméstico, agricultura e pecuária.

Essas ações mitigadoras mostram que o governo estadual tem buscado, constantemente e com sucesso, medidas que possam melhorar a vida das populações, sem degradar o meio ambiente. Nesse sentido, o Ruraltins - Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins – também tem norteado seu trabalho com os pequenos produtores, com olhos na conservação ambiental. A preocupação é comprovada, ainda, pela implantação de hortas circulares agroecológicas, prevenção de queimadas, conservação de matas ciliares, incentivo ao desenvolvimento das potencialidades naturais de cada região, programa de segurança alimentar, qualificação de mulheres, jovens, pescadores artesanais, ribeirinhos, indígenas, enfim, de todos aqueles que fazem da sua vida, uma história de dedicação a terra, ao campo.

As barraginhas, por exemplo, além de fornecerem água de boa qualidade e próxima as moradias, interrompem os processos de erosão do solo, assoreamento dos rios, córregos e ribeirões, o que evita enchentes. A água que fica retida nas micro-barragens é absorvida por uma esponja porosa do solo, o que provoca a elevação do nível do lençol freático, recarregando as reservas subterrâneas e revitalizando, assim, as nascentes. Os arredores das barraginhas tornam-se mais úmidos, o que propicia a plantação de hortas e lavouras. Há, também, um benefício social: com a recuperação das áreas degradadas, as condições de trabalho e de vida são melhoradas, contribuindo para diminuir o número de pessoas que deixam o meio rural em busca de oportunidades na zona urbana.

Em 2009, serão construídas, em 15 municípios da região sudeste, mais 1.300 barraginhas, que atenderão, em média, 7.000 agricultores, que sofrem com os problemas decorrentes da falta de chuvas, entre maio e setembro – época da seca, no Tocantins. Para dona Luiza, o ano termina com dois grandes presentes: água na porta de casa e a certeza de um futuro sem tantas restrições. "Agora eu me sinto cheia de vida e tenho fé que as coisas vão melhorar", afirma sorridente a agricultora.

Plantando e colhendo bem-estar

Esse é o slogan do projeto Quintal Verde, executado pelo Ruraltins e que objetiva incentivar o cultivo de hortaliças, nos quintais das casas, escolas e comunidades. Além de gerar renda no meio rural e urbano, o Quintal Verde contribui com a melhoria do padrão alimentar, uma vez que introduz, nos lares, o hábito de consumir verduras. Tal prática torna as refeições mais ricas e tira as famílias de situações de vulnerabilidade alimentícia. Até novembro de 2008, foram implantadas 20.072 hortas, para uso de 122.686 agricultores, nos 139 municípios do Tocantins.

Casas como a do senhor José Ribamar Teixeira, popularmente conhecido como Zé Branco, têm incluído mais verde nas refeições, desde então. Zé Branco, que recebe orientações dos profissionais do Ruraltins, reconhece que o projeto foi fundamental para o sucesso de sua produção. Atualmente, ele tem 3.000m² de variadas hortaliças e um lucro líquido superior a R.800,00. Com essa renda, ele pode custear a faculdade das duas filhas. "O próximo passo agora é investir num cultivo totalmente orgânico", planeja o agricultor. Hoje, ele já usa defensivos naturais no combate às pragas.

Zé Branco e Dona Luiza são apenas dois dos 28.252 agricultores familiares assistidos pelo Ruraltins, neste ano. Suas histórias revelam o esforço do instituto em transformar as dificuldades enfrentadas no meio rural em casos de sucesso. Cada vez mais, os governos federal e estadual têm voltado sua atenção para a agricultura familiar, prova disso são os R milhões liberados para financiamentos de pequenos produtores rurais, no estado. A atividade tem respondido, satisfatoriamente, já que, 80% do que vai para a mesa do tocantinense provém da agricultura familiar.

Para o presidente do Ruraltins, Sebasitão Pelizari Junior, os programas executados pelo órgão, os projetos elaborados, as assistências técnicas e as parcerias firmadas traduzem o espírito da extensão rural no Tocantins: não apenas desenvolver o segmento, mas fazê-lo de forma inteiramente sustentável. "As pessoas que moram no campo sabem que precisam respeitar o meio ambiente, pois, sem ele, não conseguiriam viver com qualidade. Não é só uma questão de sobrevivência, antes de tudo, é uma lição de amor", pontua.

 

Fonte: Assessoria de Imprensa Ruraltins