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Opinião

A cidade de Palmas acaba de completar seus 20 anos e caminha a passos largos para a sua maioridade, a capital mais jovem do Brasil vive um constante processo de transformação em todas as áreas, na cultura isto não é e nem poderia ser diferente.

Por ser tão jovem e receber pessoas de todas as regiões do país temos em Palmas uma identidade cultural, ainda em formação, totalmente diferente do restante das outras cidades do estado do Tocantins. Aqui sofremos influências constantes e sempre transformadoras, com a contribuição de quem aqui já estava na época que estas terras ainda eram Goiás e daqueles muitos que chegaram buscando oportunidades para suas vidas e aqui se estabeleceram.

Durante as comemorações dos 20 anos de Palmas foi possível constatar isto. Com uma programação tão diversificada quanto as ideologias, credos, conceitos e desejos que convivem dentro do mesmo espaço urbano chamado Palmas foi construída uma programação que antes de qualquer coisa respeitasse esta nossa tão valorosa diversidade cultural.

Tivemos apresentação da nossa principal orquestra em um excelente espetáculo com a Buriti Band – Orquestra de Música Popular de Palmas e convidados, ao mesmo tempo abertura de exposição de artes plásticas e intervenção de dança dos alunos do Centro de Formação em Dança de Palmas. Tudo no mesmo local, dia e horário, no nosso Espaço Cultural José Gomes Sobrinho.

Contamos com a presença da Dama do Teatro Brasileiro Bibi Ferreira, Gracindo Júnior e grande elenco em uma apresentação memorável e inesquecível, do espetáculo “As Favas com os Escrúpulos” com um texto ácido e muito bem humorado sobre os nossos políticos e sobre nós mesmos, onde todos puderam rir e refletir. Além de ter sido uma aula de vitalidade e vontade de viver dada por Bibi Ferreira na sobriedade dos seus 87 anos. Lição que durante muito tempo ficará em nossa memória. Aliás, quem não se sentiu feliz com os elogios feitos por Bibi Ferreira ao Theatro Fernanda Montenegro e sua equipe? Só quem não torce por Palmas mesmo pra não ter ficado feliz!

Ainda no teatro tivemos a apresentação de um dos clássicos da literatura infantil, Branca de Neve e os Sete Anões, uma produção magnífica e super cuidadosa que agradou a todos que passaram pelo Theatro Fernanda Montenegro.

Continuando a programação cultural dos 20 anos de Palmas tivemos um show memorável, memorável pela organização, diversidade e envolvimento de todos: poder público, artistas e população. Um espetáculo onde quem ganhou foi a democracia e a tolerância social das diferenças.

Ao longo da noite passaram pelo palco 19 atrações locais, desde a música gospel passando pelo forró do grupo Pedra de Fogo, pelo sertanejo, pela musica típica daqui nas vozes de Genésio, Braguinha e Orley Massoli, pelo rock and roll palmense da Banda Vertical que nunca tinha tocado pra tanta gente! Fechamos a programação com a Banda Calypso, profissionais da musica que fazem seu trabalho com muita dedicação e humildade, que quer queiram ou não são um fenômeno de sucesso com 10 anos de carreira e muita estrada, eu fiquei feliz de conhecê-los, que povo bom! Com um público estimado de 35.000 pessoas assistimos a queima de fogos e cantamos os parabéns para a Capital da Diversidade, todos juntos e felizes!

Depois de tudo há ainda os que dizem não existir vida cultural em nossa cidade, há gente que critica e cria textos baseados em falsas e hipócritas pseudo-intelectualidades... Deve ser alguma necessidade de auto-afirmação.

Creio que talvez seja assim mesmo, a afirmação social e cultural da nossa Capital deverá passar mesmo por este processo de criticas e incompreensão, mas fazer o que? Este momento pode ser comparado ao stress ambiental que conduz à evolução das espécies, essa pressão ambiental, expressa no caráter insaciável da cultura contemporânea, conduz a uma incessante experimentação aleatória que dá origem a múltiplas mutações, recombinações e propostas na procura da nova arte da nossa identidade cultural que garanta a sobrevivência, isto é, o reconhecimento cultural da nossa Capital. Ou seja, tal como na natureza, é ainda o ambiente que avalia (de forma igualmente violenta, diga-se de passagem) quem sobrevive e quem é extinto.

Eu acredito na diversidade. E como diz a música: Te amo Palmas...

 

(Pierre de Freitas)

Artista Plástico Graduado pela Universidade Federal de Goiás

Presidente da Fundação Cultural de Palmas