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Economia

Nos últimos meses, Palmas vem recebendo a instalação de grandes supermercados. Além de projetar na capital tocantinense um mercado consumidor com grande poder aquisitivo, estas empresas são atraídas para a cidade por causa da política de incentivo fiscal do governo estadual de incentivar a instalação de empreendimentos de fora do Estado interessados em investir no Tocantins.

No programa tributário do governo, os distribuidores, tanto de alimentos, quanto de medicamentos, são amplamente beneficiados com isenção de impostos. Os grandes supermercados denominam-se de “atacados” e, por isso, recebem incentivos fiscais do programa estadual, embora trabalhem com vendas no varejo. Para completar, por se tratarem de marcas famosas e de muito poder aquisitivo, os “atacados” instalados na capital possuem maior acesso à indústria, facilitando ainda mais o oferecimento de produtos a um preço mais baixo.

Em muitos casos, esses grandes supermercados pagam de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) um percentual inferior a 3% para as operações internas, ou seja, para as vendas diretamente ao cliente. Enquanto isso, os empresários palmenses que já trabalham na cidade precisam arcar com uma cobrança de ICMS que pode chegar até a 17%.

O presidente da CDL Palmas (Câmara de Dirigentes Lojistas de Palmas), Sílvio Cunha, ressalta que o objetivo da entidade em retratar a situação não é se colocar contra os investimentos, mas sim mostrar que as empresas que estão na capital há muito mais tempo podem estar sendo prejudicas por essa nova concorrência.

Igualdade

Integrante das diretorias da CDL Palmas (Câmara de Dirigentes Lojistas de Palmas), da Atos (Associação Tocantinense de Supermercados) e presidente da Acipa (Associação Comercial e Industrial de Palmas (Acipa), Maria de Fátima de Jesus destaca que a concorrência no mundo de hoje é “saudável”, porém frisa que é necessário haver igualdade na distribuição de incentivos.

Maria de Fátima é proprietária da rede Quartetto Supermercados, tradicional marca de Palmas. Recentemente, ela instalou a terceira loja na capital, gerando 84 empregos diretos. Ao todo, as empresas de Maria de Fátima geram cerca de 600 vagas em Palmas.

Embora a empresária não conheça o acordo assinado pelos grandes atacados com o poder público, ela destaca que é possível perceber uma diferença muito elevada em alguns produtos, em especial, aqueles denominados de “substituição tributária”, que têm o ICMS recolhido com antecedência.

A empresária defende que as autoridades estudem as consequências econômicas antes de convidar ou oferecer vantagens para quem quiser investir no Estado.

Mesmo assim, reconhece que “em todo caso sempre há aspectos positivos e negativos”. Para enfrentar essa nova realidade, Maria de Fátima sugere a necessidade fazer parcerias fortes, ter perseverança e reforçar marca. “Nós conhecemos os nossos clientes e eles nos conhecem. Temos um elo de confiança isso é muito importante”, pontua.

Real e El Dourado

Com estabelecimentos de menor porte, mas também atingidos com a instalação dos grandes supermercados, os proprietários do El Dourado (na 210 sul), Adaílton Noleto Pereira, e Real (na 103 norte), Antônio Coelho, falam das alternativas adotadas pelas suas empresas para contornar o problema gerado pela nova concorrência.

Consciente, Pereira destaca que já estava preparado para essa nova realidade. O empresário reforça a importância de manter a sua loja sempre limpa, com um excelente atendimento e buscar oferecer todos os produtos que são procurados pelos seus clientes. “Sei que não tenho como competir no preço, mas vou ganhar na prestação de um bom serviço, oferecendo muita qualidade e tendo uma entrega eficiente”, salienta Pereira.

Já Coelho afirma que, pelo menos até agora, ainda não teve prejuízos significativos com os grandes supermercados. Ele aponta uma receita semelhante ao do colega Pereira, destacando a importância de adequar a loja e qualificar o atendimento. “Não tem entrega melhor que a minha”, conta o empresário.

Sebrae reforça importância de parcerias

Para o superintendente do Sebrae, Paulo Massuia, embora a instalação dos grandes supermercados gerem um momento de “desconforto” às empresas locais, também é uma oportunidade de um reposicionamento no mercado de Palmas e de uma melhora no próprio estabelecimento. Massuia conta que, ao longo da história, há vários exemplos de pequenas empresas que conseguiram se fortalecer, mesmo estando localizada ao lado de gigantes do mesmo ramo.

Massuia, ao expressar uma opinião semelhante a de Maria de Fátima, ressalta que as empresas de Palmas conhecem os seus clientes, o tratam pelo nome e tem muito mais condições de prestar um bom atendimento. Segundo o superintendente, com bom atendimento, bons produtos, entrega eficiente e possibilidades distintas na forma de pagamento, o cliente tende a ficar com o comércio que está próximo da sua casa, mesmo com os atacados oferecendo um melhor preço. “Não é vantajoso para a pessoa atravessar toda a cidade para fazer compras”, pondera.

Massuia salienta, ainda, que o Sebrae entende que, agora, é oportunidade do empresário, seja o médio ou o pequeno, procurar fazer uma central de negócio para ter um poder melhor de negociação com o fornecedor. Segundo ele, a atuação conjunta com o concorrente valoriza todos os estabelecimentos e dá mais condições a todos. O Sebrae, inclusive, pode auxiliar nesse trabalho para quem se interessar.

Governo

O informativo da CDL Palmas, O Lojista, buscou a opinião do governo do Estado sobre a manutenção, ou não, da política de incentivos a estes grandes supermercados. O entrevistado foi o ex-secretário de Indústria e Comércio, Eduardo Machado. No entanto, três dias após a entrevista, Machado deixou o cargo para se candidatar a vice-governador de Carlos Gaguim (PMDB). Na entrevista, o então secretário não deu definição sobre o assunto, mas havia se colocado a disposição dos representantes do setor de supermercados de Palmas para ouvir as reclamações e construir, dentro do possível, alternativas conjuntas.

Fonte: Assessoria de Imprensa CDL Palmas