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Opinião

Vivemos em uma sociedade onde a mentira, a covardia, a injustiça, a corrupção parecem não ter fim, o que possibilita que bandidos de todos os tipos continuem destruindo os sonhos de vivermos em um país mais democrático, ético, justo e que respeite a vida como um valor supremo e o dinheiro público como fator de desenvolvimento social.

As características de uma sociedade onde a Justiça parece preferir atropelar a lei, se calar e se acovardar diante das denúncias mais escabrosas e se posicionar contra direitos mais legítimos parecem marcar o Tocantins de forma vergonhosa, quando vemos denúncias de vendas de sentenças no próprio Tribunal de Justiça, quando vemos o nome do Tocantins enlameado nacionalmente com ação de desembargador em terreiros de macumba, quando deveria estar lutando por mais justiça, fim da corrupção, das ilegalidades e impunidade.

É terrível ver as injúrias, mentiras e intimidações, características de um Estado onde a lei, a Constituição parecem só existir no papel e nos discursos demagógicos de alguns. Onde o conluio entre os poderosos parece sempre vencer e atingir os mais humildes, fracos e desvalidos.

Por isso a ação daqueles que lutam por direitos humanos, pelo fim da impunidade, por um Estado de Direito e pela verdadeira democracia em todos os níveis de governo é fundamental e mais do que uma necessidade é imprescindível para livrar o Tocantins de tanta lama, de tanta corrupção e infâmia.

A luta pelos direitos humanos também é a luta, de forma ordeira e legal, por dignidade, respeito aos direitos trabalhistas, transparência na coisa pública, democracia e justiça social. É a luta pelo fim das improbidades administrativas, da irresponsabilidade dos gestores públicos e do descaso com o patrimônio da sociedade.

Mas infelizmente ainda temos que assistir a crimes covardes e horripilantes como o que foi feito contra mais um lutador social pelos direitos humanos, covardemente torturado e assassinado por bandidos – não se sabe ainda de que espécie.

Sebastião Bezerra da Silva, era ex-aluno do Curso de Direito da Unirg, casado, pai de duas filhas, Coordenador do Centro de Direitos Humanos de Cristalândia, membro do Movimento Nacional dos Direitos Humanos. Foi assassinado quando voltava de um curso de capacitação para Conselheiros Institucionais, que aconteceu em São Domingos, Goiás, entre os dias 23 a 25/02/2011. Depois do curso, retornando a Paraíso, cansado, resolveu dormir no Hotel Cometa, em Gurupi, para retomar sua viagem às 4:00 horas da madrugada. Como não havia jantado, saiu para tomar um lanche e desapareceu. Depois de muito desespero da família, fotografias de seu corpo foram encontradas no IML de Gurupi. Ele foi seviciado e assassinado na estrada de Gurupi para Dueré, onde, no Km 40, tentaram enterrar seu corpo.

Agora a Justiça tem nas mãos mais uma oportunidade de provar que não aceita a impunidade de criminosos homicidas e deve tomar todas as providências para que mais esse crime não fique impune. Nós do Centro de Direitos Humanos de Cristalândia continuaremos nossa luta por dignidade, justiça e o fim da impunidade. Continuaremos firmes nessa luta, porque sempre soubemos que nenhuma bala assassina, nem um ato de violência é o caminho para resolução dos problemas políticos e da sociedade humana.

Nenhum ato de covardia, poder sem limites ou barbárie poderão impedir que um dia os direitos humanos sejam uma realidade nesse país. Assim como temos absoluta certeza de que um dia o Brasil e o Tocantins serão uma sociedade democrática, socialmente justa. Mas um Estado de Direito não se faz com impunidade, com descaso aos direitos humanos. A morte de Sebastião Bezerra não será inútil, enquanto houver pessoas dispostas a dizerem um não à injustiça. À indignidade, à corrupção e a lutar pelos direitos humanos. Que a verdadeira justiça abra as asas sobre nós.

Paulo Henrique Costa Mattos/ Assessor Educacional do CDHC (Centro de Direitos Humanos de Cristalândia)