Conexão Tocantins - O Brasil que se encontra aqui é visto pelo mundo
Estado

(Foto: Esequias Araújo)

Ao discursar durante evento no Palácio Araguaia, em Palmas, nesta quinta-feira, 12, durante assinatura de contrato entre o Governo do Tocantins e Caixa Econômica Federal, o presidente Jair Bolsonaro esqueceu-se dos assuntos que o trouxeram ao evento, focando na já batida pauta de costumes defendida desde a campanha eleitoral de 2018.

Bolsonaro não falou sobre propostas, investimentos e recursos para o Estado. Não mencionou o que pretende fazer a respeito de projetos importantes, como continuação da implantação da Ferrovia Leste-Oeste, a pavimentação da BR-010 que vai tirar a região Nordeste do Tocantins do isolamento, duplicação da BR-153 entre Anápolis/GO e Aliança do Tocantins, ou a construção da rodovia Transbananal, por exemplo, que vai integrar Mato Grosso e o Tocantins. Em vez disso, procurou fazer o discurso do "agradar a maioria" - narrativa que o levou ao Palácio do Planalto com o apoio do seu público conservador.

O presidente iniciou a fala com uma piada aparentemente sem sentido, "tá chegando o Natal, mas eu não sou papai-noel não, hein", disse à plateia de prefeitos. Em seguida cumprimentou as autoridades presentes, errando o nome do governador, "governador Cabeça", soltou.

Não foi a única gafe. Ao mencionar interlocutores importantes que teriam surgido para intermediar a relação com o Planalto, Bolsonaro mencionou, “aqui o Eduardo Campos...” referindo-se ao seu líder no Senado, Eduardo Gomes, e confundindo-o com o falecido ex-governador de Pernambuco.

Adiante, o presidente disse que o Brasil passa por uma grave crise ética, moral e econômica. "Muitos votaram em mim porque eu era o diferente entre aqueles 13 candidatos", elogiou-se.

Bolsonaro também “falou” sobre:

Reforma da Previdência

“Eu costumo dizer que a Reforma da Previdência é como uma quimioterapia. Não quer fazer, não faz, compra logo um lote no cemitério para não atrapalhar a família.

Equipe ministerial

“Assumi sob críticas. Quem não assume sob críticas? Afinal de contas a oposição está aí [...] assumimos, e eu fiz uma coisa que ninguém fez... raras são as pessoas que fazem o que eu fiz. Eu escolhi os meus meninos”.

Pauta Conservadora

Sob aplausos, Bolsonaro não demorou a entrar na pauta conservadora. “Nós temos um presidente agora que respeita a família. Parece que é uma coisa que não é importante. É importante sim [...] Cada um faça o que bem entender, mas não queira impor os seus costumes à grande maioria que somos nós. O estado é laico mas eu sou cristão e ponto final”, vociferou.

Disse ainda que os militares eram uma classe “escrachada no País até o ano passado”. Falou que os militares são a principal ameaça ao socialismo e, referindo-se à Venezuela, disse que a liberdade é importante, comparando-a a um casamento – analogia a qual sempre recorre qualquer que seja o assunto em questão. “Nós devemos ter respeito, tratar com dignidade, afeição, carinho, a nossa companheira”.

“Quem quer ter um homem como marido pode ter, não tem problema nenhum. Depois de velho eu não vou adotar essa prática não [...] mas a família, como está na Constituição, é homem e mulher”.

Educação

Talvez, a fala mais polêmica do presidente nesta quinta-feira foi sobre a educação. O presidente disse que os estudantes das universidades públicas "fazem tudo menos estudar". "Entre as 200 melhores universidades do mundo, tem alguma brasileira? Não tem! Isso é um vexame”, disse.

A fala de Bolsonaro veio no mesmo dia em que o próprio Ministério da Educação (MEC) divulgou que as universidades federais são a maioria entre as instituições de ensino superior a alcançar nota máxima no Índice Geral de Cursos (IGC).

Referenciando-se, Bolsonaro ainda disse que o Brasil não vai “sair do buraco com uma pessoa só. Eu me chamo Messias, mas não faço milagre”, superestimou-se.

Bolsonaro e sua comitiva saíram do Palácio Araguaia pouco depois das 16h diretamente para o aeroporto. Ele evitou falar com a imprensa.

 Jair Bolsonaro durante fala no auditório do Palácio Araguaia (Foto: Carlos Eller)