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Economia

O custo de produção da soja transgênica é em média 14,8% menor do que o da soja convencional, segundo estudo realizado por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O trabalho, que acaba de ser publicado na Revista de Economia e Sociologia Rural, indica que os produtores que adotaram a semente geneticamente modificada gastaram menos com herbicidas e com mão-de-obra, em comparação aos que optaram por plantar a semente convencional.

Para chegar a essas conclusões, os autores do artigo, Ana Laura Angeli Menegatti – que apresentou o estudo como dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada da Esalq – e Alexandre Lahóz Mendonça de Barros, professor da Escola de Economia de São Paulo da FGV e orientador do trabalho, utilizaram dados da safra 2004/2005, levantados em pesquisa de campo no Estado do Mato Grosso do Sul.

Foram entrevistados 57 produtores nas cidades de Dourados, Maracaju, Sidrolândia e São Gabriel do Oeste. O questionário abordou detalhes sobre a tecnologia de produção, quantidade e preço dos insumos utilizados e outras características econômicas da cultura da soja na safra analisada. Os pesquisadores montaram um banco de dados e formularam planilhas de custo médio de produção por hectare, sendo que os cálculos compreenderam os gastos dos produtores desde o plantio até a colheita.

Foram utilizadas como referência planilhas e metodologias de cálculo de custo de produção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Segundo o trabalho, o custo total por hectare para as culturas convencional e transgênica foram, respectivamente, R$ 1.530,77 e R$ 1.333,41.

"Os dados da pesquisa mostraram que os produtores que utilizaram a variedade transgênica tiveram menor custo devido à menor necessidade de aplicação de herbicidas. Isso quer dizer que eles não somente tiveram uma economia financeira, como puderam remanejar a mão-de-obra para outras atividades da fazenda", disse Ana Laura.

O estudo trata da planta de soja transgênica tolerante ao glifosato, herbicida utilizado no controle de plantas daninhas. "Antes do plantio, esse tipo de herbicida pode ser utilizado para controle de ervas daninhas tanto na soja convencional como na transgênica. Mas, a partir do momento em que a lavoura está se desenvolvendo, o glifosato não pode mais ser usado na soja convencional uma vez que, nesse estágio, ele provoca a secagem das folhas e a morte da planta", disse a pesquisadora.

O trabalho aponta que, do ponto de vista da produção, a vantagem da soja transgênica estaria no manejo facilitado das plantas daninhas com uso mais acentuado do glifosato. Isso, segundo Ana Laura, afetaria diretamente a produtividade da lavoura, uma vez que o aumento na quantidade de glifosato dispensaria o produtor de aplicar uma série de outros herbicidas.

"Como o plantio da soja geneticamente modificada foi liberado no Brasil, há espaço para as duas variedades, convencional e transgênica, e é o produtor, de olho no mercado consumidor, quem define qual variedade plantar. O importante é que, enquanto houver a diferenciação pelo consumidor quanto ao tipo de soja que ele deseja consumir, sempre haverá vantagens e desvantagens para ambas as modalidades", informou Ana Laura.

Agência Fapesp