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Opinião

Chamou-me a atenção, em meados de junho de 1999, o conteúdo de um ofício onde o presidente da Câmara Municipal de Gurupi, no estado do Tocantins, comunicava a um determinado cidadão, que aquela Douta Casa de Leis aprovara uma Moção de Repúdio à sua pessoa.

O engraçado é que tal missiva começava assim: "Prezado Senhor". Ou seja, estávamos diante de um "repudiado" muito "prezado".

O ofício continuava ainda com a seguinte redação: "A par de cumprimentá-lo, sirvo-me deste para encaminhar a Vossa Senhoria Moção de Repúdio nº 040/99, de autoria dos vereadores {...}".

Agora, o "repudiado" estava sendo educadamente "cumprimentado". (Que chique!)

E como se isso tudo não bastasse, ainda arrematava: "Sendo só para o momento, aproveitamos o ensejo para apresentar os nosso protestos de consideração ".

Devia tratar-se de um repudiado muito considerado, mesmo!

O ocorrido no Legislativo Gurupiense pode até se tratar de mais uma manifestação explícita de excesso de etiqueta no decoro parlamentar.

Em política, tudo é possível, já que a boa educação nos ensina que antes de se xingar um parlamentar, não é permitido em hipótese alguma esquecer o vocativo Vossa Excelência!

Exemplo: Vossa Excelência é um Filho da...!

A título de esclarecimento, informo que o Ilustre "repudiado", era nada menos, nada mais do que Jonas Barros, o popular Cancão, à época, chefe de gabinete do então deputado estadual Igue do Vale.

Quem presidia a Câmara de Gurupi era Raimundo Moreira, que teve o nome devidamente registrado nos anais da história política gurupiense como o primeiro vereador a ter o mandato cassado na cidade.

Por sua vez, Cancão não se fez de rogado: lançou-se candidato a vereador nas eleições municipais do ano passado, tendo sido eleito com 1004 votos pelo Partido Verde. Já no dia primeiro de janeiro deste ano, ele foi eleito presidente da Câmara Municipal de Gurupí.

 

Zacarias Martins

Escritor e Jornalista

zacamartins@gmail.com