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Foto: Clenio Araujo

Foto: Clenio Araujo

No final de junho, aconteceu na capital tocantinense o primeiro módulo de curso que está trabalhando com sistemas agroflorestais (SAFs) no estado. Organizada em parceria pela Secretaria do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro) e pela Embrapa Florestas (Colombo-PR), a maior parte da capacitação aconteceu na Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) e envolveu cerca de 40 participantes, incluindo técnicos e produtores rurais.

Quem coordenou o módulo foi o pesquisador Marcelo Arco-Verde, da Embrapa Florestas. Ele explica que esta primeira parte do curso foi sobre composição e manejo de sistemas agroflorestais; já o segundo, marcado para outubro, deverá abordar análise financeira dos modelos que foram criados agora. Durante a capacitação, formaram-se seis grupos, distribuídos por diferentes regiões do estado. Como produtos efetivos, foram gerados modelos agroflorestais (com espécies selecionadas, arranjos construídos e procedimentos de manejo determinados) que poderão ser colocados em prática nas diversas regiões em que os participantes desses grupos trabalham.

“O curso veio trazer um conhecimento muito bom em termos técnicos; muitas vezes, o produtor vai fazer de forma intuitiva, ali muito da vivência que ele tem, e você conhecer processos como esses, de consórcio, de integração de culturas, abre um leque muito grande pra que você possa melhorar tanto no aspecto da produtividade, como na diversidade, que é muito importante na agricultura familiar”: quem pensa assim é Joran Barros, produtor em Taquaruçu, distrito de Palmas, que participou da capacitação.

Joran, que também é militante no movimento de economia solidária no Tocantins, comentou que no curso trabalhou-se com planejamento de 20 anos. Pra ele, esse tempo maior é positivo: “ter essa perspectiva é uma perspectiva de melhoria de qualidade de vida, perspectiva de melhoria da produção, melhoria da produtividade”.

Quem também participou do primeiro módulo foi Grassumilda Rosado, engenheira agrônoma e extensionista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins) em Araguaína, no Norte do estado. Para ela, o conhecimento adquirido é “muito interessante porque nós já aplicávamos, mas não usando a implantação visando à viabilidade econômica, mas sim só as aspirações do produtor. E hoje o que a gente conseguiu aqui no curso foi ter uma nova visão porque a gente precisa também oferecer pro produtor a parte econômica. Ele tem que entender que ele vai produzir porque gosta daquela cultura, mas também tem que visar o econômico pra ser viável”.

Módulo financeiro

Sobre o módulo marcado para outubro, Marcelo, da Embrapa, explica que “a partir do momento em que você tem um modelo agroflorestal, você precisa saber, afinal de contas, quanto custa pra implantar esse modelo, quais são as maiores dificuldades pra isso e agora a parte boa, que é justamente saber quando ele se paga, quais são as receitas que serão geradas, uma estimativa de ter os indicadores financeiros adequados pra cada região, do Norte ao Sul do Tocantins”.

É um trabalho que está no início no estado, mas se propõe a ser de médio prazo. A ideia é que, com os dois módulos da capacitação, os participantes consigam colocar em prática, em seus municípios, conhecimentos tanto agronômicos como de gestão e planejamento. Para o pesquisador, “um ponto bastante interessante é que, quando você tem esses modelos em mãos, você pode negociar isso numa política pública, possíveis aberturas de programas de financiamento para a agricultura familiar, já que você vai apresentar pros agentes financiadores, pros bancos, uma segurança a mais. Eu acho que esse é um outro ponto que nós temos conseguido fazer isso em outros estados; e no Tocantins não vai ser diferente”.

Além de Marcelo, outros dois pesquisadores da Embrapa Florestas estiveram no curso. Alisson Moura Santos e Alexandre Uhlmann são ligados a esta Unidade da empresa, mas atuam no Tocantins. Eles compõem núcleo temático de pesquisa que trabalha com sistemas agrícolas no Matopiba, região que engloba partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, considerada a última grande fronteira agrícola do país.

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