O comportamento dúbio do deputado estadual Amélio Cayres (PR) tem incomodado bastante a cúpula governista. Outro que estaria se sentindo incomodado é o senador João Ribeiro (PR), pré-candidato ao governo do Tocantins. O deputado, mesmo tendo participação no governo, dá sinais que está bem alinhado à senadora Kátia Abreu (DEM), opositora ao governador Carlos Henrique Gaguim (PMDB) e também pré-candidata ao governo.
Explica-se. Durante a votação da Moção de Repúdio à senadora, no último dia 1º de dezembro, atendendo o requerimento do deputado Stalin Bucar (PR), em decorrência dela ter sido citada pela Revista Carta Capital em matéria sobre apropriação de terras de pequenos proprietários no município de Campos Lindos (TO), Cayres compareceu à sessão, marcou presença mas se absteve de votar.
Naquela oportunidade a Moção de Repúdio foi aprovada pela ampla maioria dos 24 deputados, com dois votos contrários dos deputados Osires Damaso e Toinho Andrade - ambos correligionários da senadora - e quatro abstenções entre elas a de Cayres.
Já, esta semana, na última quarta-feira, a polêmica girou em torno do requerimento de autoria do deputado Osires Damaso, que solicitava, desta vez, Votos de Aplauso para a senadora, por ter sido citada em outra revista de circulação nacional, desta vez como integrante na lista das 100 pessoas mais influentes do país, segundo a revista.
Como já era esperado os Votos de Aplauso foram rejeitados, também, pela maioria dos deputados. Dos 18 parlamentares presentes, apenas o autor do requerimento e o seu companheiro de legenda Toinho Andrade votaram favoráveis. Cayres, entretanto, contrariando o alinhamento da bancada governista, saiu de fininho e foi se esconder em seu gabinete, novamente se abstendo. Antes, porém, o deputado foi até à tribuna de honra onde se encontrava uma tropa de choque ligada à senadora e fez questão de cumprimentar a ex-secretária de Ação Social, Valquíria Rezende; o vereador de Palmas, Valdemar Júnior (DEM); Fernando Rezende, também vereador na capital pelo DEM e Warner Pires, uma siqueirista de carteirinha e integrante do batalhão da senadora.
Uma alta fonte governista confidenciou ao Conexão Tocantins que Amélio Cayres está sempre “em contato com o outro lado” e isto tem sido encarado como trairagem.
O comportamento do deputado tem gerado muitas especulações, principalmente porque o seu irmão, Antônio Cayres de Almeida, o Antônio do Bar, é o titular da Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento Econômico Sustentável e lá abrigou vários katistas que foram exonerados de outras pastas do governo. Para agravar a situação, Antônio do Bar é filiado ao PSDB do ex-governador Siqueira Campos, aliado da senadora e não estaria se demonstrando disposto a deixar o partido de oposição ao atual governador.
Contra o deputado ainda pesa o fato de que abrigou sobre suas asas, em seu gabinete, a terceira suplente do DEM, Márcia Amado, que pediu exoneração do governo, assim que Carlos Gaguim assumiu. O certo é que o governo planeja uma reforma administrativa para o início do ano que se aproxima e os Cayres terão que se definir se vão ou se ficam. Se serão fieis aos companheiros, ou se acomodam no ninho dos tucanos e demos.
(Umberto Salvador Coelho)