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Polí­tica

Em entrevista à edição desta semana do jornal Opção o pré-candidato a prefeito de Palmas, Marcelo Lelis (PV), fala da sua trajetória de quase 16 anos na capital, desde que foi convidado para cuidar da superintendência de parques e jardins por Eduardo Siqueira Campos, quando assumiu o comando do executivo da capital em 1993.

Na entrevista Lelis faz referências ao ex-governador Siqueira Campos e diz que o governador está “absolutamente saudável” e disposto para trabalhar na disputa eleitoral tanto em Palmas quanto nos outros municípios.

Lelis afirma que Siqueira não está morto politicamente, e que, pela sua história à frente pela criação do Tocantins e consolidação de Palmas estará influindo diretamente na política estadual. Segundo Lelis as opiniões de Siqueira serão escutadas por todos os tocantinenses, mesmo aqueles que, por um motivo ou outro, não estiverem com ele politicamente.

Sobre os temas de campanha, Lelis dá as dicas em que setores da administração centrará suas críticas. Para ele a saúde pública não vai bem e a população não está sendo atendida de forma digna nos postos de saúde. Outro ponto nevrálgico que pré-candidato tem na mira é o transporte coletivo.

Confira a entrevista

A eleição deste ano promete ser uma das mais acirradas da história de Palmas.

Acredito que sim. Pela primeira vez, a campanha eleitoral não vai ficar polarizada entre dois candidatos — um da oposição e outro da situação. O quadro atual demonstra que teremos no mínimo três forças disputando a eleição.

O Senhor está preparado para enfrentar os candidatos — Raul Filho (PT) e Nilmar Ruiz (DEM) — que têm o apoio da máquina administrativa?

Cheguei a Palmas em 2002, por 12 anos fui secretário municipal da cidade, em três administrações, trabalhei muito no Executivo, construindo os jardins, o paisagismo, trabalhando na área do turismo, estruturando as praias da capital, o projeto eco-turístico de Taquaruçu, o Parque Cesamar, pontos importantes da cidade. Depois, participei por dois anos do Legislativo municipal, como vereador, na oposição, discutindo problemas importantes de Palmas, o que levou a população a me proporcionar, em 2006, uma eleição para deputado estadual, com a maior votação na capital. A trajetória de quase 16 anos trabalhando por Palmas é a minha base para encarar o desafio de disputar a prefeitura.

Durante a campanha eleitoral, o senhor vai “bater” nos seus dois adversários? Será um discurso de crítica ou adotará um comportamento mais propositivo?

A nossa proposta [da União do Tocantins] é levar a campanha para um debate elevado de propostas sobre como administrar Palmas. Não queremos gastar o nosso tempo nas ruas, palanques e no rádio e TV discutindo defeitos e fazendo denúncias. O nosso objetivo é apresentar as propostas da União do Tocantins e do Partido Verde para que Palmas possa ser uma cidade de orgulho para todos os palmenses. A cidade precisa sentir o cheiro do progresso e do desenvolvimento. A cidade está de certa maneira adormecida.

O que deve decidir a eleição? O palanque eletrônico ou o corpo-a-corpo?

A nossa intenção é andar em todas as ruas de Palmas, visitar casa por casa, bater em cada porta, conversar com os palmenses e, por meio desse trabalho, ganhar a confiança da população, confiança essa, levando em consideração as pesquisas e outros levantamentos, que já está conquistada em grande parte. Vamos trabalhar ostensivamente para aumentar essa margem de confiança.

O ex-governador Siqueira Campos vai subir no seu palanque? Ele tem condições físicas para trabalhar nestas eleições?

O ex-governador Siqueira Campos, absolutamente saudável e disposto, está preparado para trabalhar na disputa eleitoral tanto em Palmas quanto nos outros municípios. Palmas, sem dúvida, foi a cidade que ele construiu partindo do zero, naturalmente com o apoio do povo da cidade. Portanto, estará conosco nos palanques, nas reuniões, encontros e comícios, nos ajudando a buscar a vitória, para que a cidade volte a crescer e respirar progresso. Tudo isso que falo é como pré-candidato, mas trabalho para que na convenção meu nome possa ser homologado.

Os adversários insistem que Siqueira Campos está morto politicamente. O senhor discorda?

Tenho a absoluta certeza que está longe de ser verdade. Alguém que capitaneou a luta pela criação do Estado, que definiu, iniciou e consolidou a construção da capital, que governou o Estado por três vezes, não está morto politicamente. O homem Siqueira Campos, pelo seu comportamento e determinação, estará conosco influindo diretamente na política tocantinense. As opiniões vão ser escutadas por todos os tocantinenses. Mesmo aqueles que, por um motivo ou outro, não estejam com ele politicamente vão escutá-lo.

Se no decorrer da campanha o seu nome não decolar, a oposição pode indicar outro candidato, como Siqueira Campos?

A União do Tocantins, que sempre foi tachada por impor os seus candidatos, apesar de eu não entender bem assim, está conduzindo todo o processo da forma mais democrática possível. As pessoas que quiseram colocar seus nomes para a disputa ficaram absolutamente livres para isso. Foi estabelecido o critério da pesquisa e o critério está sendo respeitado. Em todos os momentos, deixo absolutamente claro que, se o ex-governador Siqueira Campos ou o ex-senador Eduardo Siqueira quisessem disputar a eleição, só precisariam me avisar e eu estaria junto com eles. A União do Tocantins tem sua convenção marcada para o dia 28 ou 29. A partir daí, o nome que for apresentado à população será o que disputará a eleição.

As eleições devem ser muito caras. De onde o senhor pensa em angariar recursos para financiar a sua campanha?

O nosso grupo político está se organizando. Vamos fazer uma campanha altamente planejada, organizada, enxuta, mas uma campanha que vai nos dar condições de percorrer as ruas de Palmas, para levarmos nossas propostas e buscar a confiança do povo. O que nós pretendemos é usar de maneira mais otimizada os recursos que temos e vamos dispor. Estamos viabilizando junto aos nossos líderes e junto àqueles que acreditam em nosso projeto os recursos necessários para a campanha. Ainda não dá para especular quanto devemos gastar na campanha, por enquanto.

Qual o critério que a União do Tocantins vai utilizar para a escolha de seu candidato a vice? Fala-se muito no nome do ex-deputado federal Freire Júnior (PSDB) e da vereadora Warner Pires (PR).

Pode ser um dos dois e ou outros. O critério é o que o nosso grupo está praticando diariamente, ou seja, o critério das negociações internas, no bom sentido. Estamos absolutamente cientes de que temos de colocar em campo o melhor time que temos, para que nós possamos voltar a administrar Palmas. A discussão vai continuar acontecendo até a véspera da convenção, mas dentro em breve estaremos divulgando o nome do nosso pré-candidato a vice.

A disputa por vaga na Câmara Municipal também não deve ser fácil. A União do Tocantins vai montar uma chapa competitiva? O que se comenta é que o ex-governador Siqueira Campos poderia tentar uma cadeira.

Não. Não vejo a possibilidade de Siqueira Campos disputar uma eleição para vereador. Mas a nossa chapa para o Legislativo será altamente competitiva, um time forte, de lideranças destemidas. Estamos fazendo política com dificuldade e essas pessoas também estão nesta situação, mesmo assim se mantêm fiéis aos seus ideais.

Até a decisão por seu nome para ser o pré-candidato da oposição, o senhor articulou bem internamente. É um sinal de que, daqui por diante, a UT renovará a cúpula que vai comandar a coligação, com o senhor, o deputado Eduardo Gomes e Freire Júnior como comandantes do processo, principalmente para 2010?

Podem ser essas pessoas, mas a UT dispõe de vários outros líderes com grande potencial. O que acontece é que a união do nosso grupo é a nossa principal arma. Portanto, tanto nós quanto esses outros líderes estaremos comandando tanto o processo de Palmas quanto nas outras cidades do interior do Estado, bem como futuro de nossa coligação para 2010.

O senhor participou da equipe dos ex-prefeitos Eduardo Siqueira e Nilmar Ruiz. Como é disputar uma eleição com Nilmar Ruiz, ex-correligionária?

A minha experiência na Prefeitura de Palmas foi muito importante. Entrei no Poder Executivo quando Eduardo Siqueira assumiu a administração, em 1993, e me convidou para fazer os jardins da cidade, como superintendente de Parques e Jardins. Um fato histórico desse período foi a criação do Projeto Amigos do Meio Ambiente (AMA), em 1995. Na administração Odir Rocha, continuei cuidando do paisagismo da cidade e do AMA, cuja filosofia era complementar a educação dos adolescentes, na faixa etária de 14 a 17 anos. Foi uma ótima experiência. Depois veio o mandato de vereador e agora de deputado. Tudo isso me deu respaldo para enfrentar as urnas para o Executivo. Eu e Nilmar hoje estamos em grupos políticos distintos, o que não implica que sejamos inimigos. Devemos fazer uma campanha de alto nível e evitar xingamento ou ataques sem fundamentação. O processo tem se dar por aí. Cada candidato deve apresentar suas propostas e criticar aquilo que julgar que não é correto.

Embora a UT tenha definido por sua pré-candidatura a prefeito de Palmas, o ex-deputado Antônio Jorge (PTB), por recomendação do diretório estadual da legenda, mantém a pré-candidatura. Como resolver a questão?

Isso fica absolutamente dentro do espírito da UT, que é a discussão do processo democrático. Antônio Jorge é um líder cuja história se confunde com a história do Estado do Tocantins. Foi deputado constituinte, então tem todas as condições de manter a condição de pré-candidato. Agora, eu não tenho nenhuma dúvida de que vamos acabar encontrando um afinamento, um consenso para que tenhamos um só candidato disputando a eleição pela UT em Palmas. Vamos buscar o entendimento, que deve acontecer em breve.

A sua força eleitoral é basicamente no eleitorado jovem e feminino. O senhor vai reforçar o trabalho junto a esses dois segmentos?

As pesquisas têm me deixado muito feliz. Primeiro, porque as intenções de voto são muito boas. Agora, a nossa força é tanto na camada da juventude quanto na camada feminina, na masculina, quanto na camada de pessoas maior idade. É quase que nivelado. E mais do que isso: geograficamente, a nossa força também se distribui na cidade, tanto na região sul, quanto na região norte, no Centro, nos distritos de Taquaruçu e Burititana. Essa minha ligação com a juventude me orgulha muito, é algo que tenho muita satisfação em ver acontecer. Mas o que tem me deixado muito feliz é que os levantamentos constatam que, além da juventude, nós temos conseguido conquistar também em outros segmentos, em outras faixas etárias e em todas as regiões da cidade.

Qual será o mote de sua campanha?

O renascimento de Palmas.

De que forma o senhor pensa que Palmas possa renascer?

Por meio das realizações da União do Tocantins. É só o palmense lembrar das administrações, da capacidade que o nosso grupo político tem de realizar obras e promover desenvolvimento. E é dessa forma que vamos propor o renascimento da cidade. Além disso, a UT apresenta uma maneira absolutamente aberta para discutir os problemas da cidade com o povo. Vamos casar a nossa capacidade de realização com a capacidade de desenvolvimento, já comprovadas em outros tempos. É só olhar para Palmas, para a ponte, o palácio, as praças, as avenidas JK e Teotônio Segurado. Nossa marca está lá.

Na sua concepção, quais são os maiores gargalos que a cidade apresenta?

Saúde pública em primeiro lugar. A população não está sendo atendida de forma digna nos postos de saúde. Uma das principais reclamações do povo diz respeito à ausência do médico nos postos de saúde, um problema sério que tem de ser resolvido. Faltam medicamentos e a demora na marcação de consultas é grande. Outro ponto prioritário será o transporte coletivo. É preciso que a população tenha um transporte coletivo digno. Além disso, percebemos que a cidade não está sendo bem-zelada, falta limpeza e cuidado. O prefeito tem de ser um gerente. Tem que fazer o seu trabalho burocrático, tem que estar despachando no gabinete, mas deve também estar nas ruas. O prefeito tem que andar de ônibus para saber como está o transporte coletivo, andar à noite pela cidade para verificar se a iluminação pública está funcionando bem, ver a questão do lixo e dos matos. Quando fui superintendente de Parques e Jardins, dividia meu tempo entre o serviço do gabinete e o serviço da rua. Guardadas as proporções, o prefeito tem de estar presente tanto no meio do povo quanto vistoriando os serviços que a prefeitura está realizando na cidade.

Do ponto de vista do desenvolvimento, o senhor pensa, caso seja eleito, incrementar o turismo e iniciar o processo de industrialização da cidade?

Até pela minha história, pela minha formação, mas não somente por isso, mas principalmente pelo potencial que Palmas apresenta em termo de turismo, esse é um segmento que pretendemos investir muito. Taquaruçu, por exemplo, é um distrito que tem todas as condições para se incrementar o turismo e a população tem que ser beneficiada com isso. As suas mais de 80 cachoeiras, as suas grutas, mirantes, o seu clima, a sua cultura e a proximidade com Palmas garantem isso. Este será um item prioritário. Destsa vez, nós escutaremos muito mais a população de Taquaruçu, o que não ocorreu com mais intensidade quando implantamos o pólo ecoturístico, um erro que cometemos no primeiro projeto.

Taquaruçu necessita de planejamento não só na área do turismo, já que o distrito sofre com a falta de saneamento básico. Sem contar que existem lá famílias passando fome.

Exatamente. Não há lugar melhor para iniciarmos a coleta seletiva de lixo que por Taquaruçu. Ali a gente pode fazer todas as experiências possíveis. Com podemos falar de turismo sem tratar da questão do saneamento básico? O fato é que Taquaruçu será uma das nossas prioridades. Deve ser prioridade para o próximo prefeito, porque tem um potencial turístico extraordinário, além de ser um fator-chave para fazer de Palmas uma cidade turística. Então, Taquaruçu, a serra do Lajeado, o lago, uma cidade com maior índice de área verde do país são elementos que fazem da cidade o portal de entrada para o Jalapão, de todos os atrativos turísticos do Estado. Nós defendemos também a industrialização de Palmas, mas com respeito às leis ambientais, para que não apenas nós, mas as futuras gerações também possam se beneficiar desse processo de industrialização.

 

Fonte: jornal Opção