A Granol Indústria, Comércio e Exportação está expandindo suas atividades para o Tocantins, onde irá investir em um complexo agroindustrial que prevê a construção de quatro armazéns de soja e uma esmagadora. A unidade será a primeira processadora do grão do Estado. Inicialmente a planta, que tem o início das operações previsto para 2013, terá a capacidade de esmagar cerca de mil toneladas de soja por dia, o que poderá ser ampliado. A esmagadora será instalada na cidade de Aguiarnópolis, onde deve ser construído um dos armazéns. Os outros serão alojados nos municípios de Porto Nacional, Figueirópolis e Guaraí.
Segundo um executivo da empresa, a área destinada ao parque industrial já foi adquirida e empresa aguarda a licença ambiental para iniciar a construção.
A Granol estima faturar R$ 1,87 bilhão em 2010, o que representará um crescimento de 10% em relação à receita obtida nos últimos dois anos. O incremento é atribuído aos preços indicados para o complexo soja e a adição de 5% de biodiesel ao diesel, já que tem no biocombustível mais uma linha de negócios.
Para instalar o novo parque industrial no Tocantins, a Granol será beneficiada por incentivos fiscais disponibilizados pelo governo do estado para indústrias transformadoras de matéria-prima produzidas na agricultura.
No Tocantins, as companhias com esse perfil pagam, em média, 2% de impostos, enquanto a produção agrícola é isenta de qualquer taxa. Segundo o governo local, a soja lidera a lista em opções de investimentos.
De acordo com Roberto Sahium, secretário de Agricultura do Tocantins, o governo local trabalha para criar vantagens competitivas que atraiam essas empresas para a região.
"Vemos os gargalos e trabalhamos. Estamos buscando variedades de soja adaptadas à região, disponibilização de recursos financeiros na época certa, além da construção de obras de infraestrutura", disse Sahium.
Entre outros benefícios apontados pelo secretário de Agricultura, está a comunicação mais próxima com a Ásia e a Europa, o que facilita os embarques e a obtenção de insumos. Sahium destaca que esses mercados ainda têm preferência pela soja convencional, que é predominante no estado. Os maiores compradores dos produtos tocantinenses são Argélia, Rússia, Hong Kong e Arábia Saudita. No último ano, a disponibilidade de soja para exportação teve aumento de 22%. O grão responde atualmente por aproximadamente 80% dos embarques no estado.
Para garantir o fornecimento da matéria-prima e elevar a qualidade da mesma, o Estado também está buscando investimento em pesquisa. Com apoio logístico da Secretaria de Agricultura local, a empresa Pioneer mantém no município de Porto Nacional, um complexo experimental, com tecnologia de ponta, para a produção de sementes de milho e soja. O objetivo é o aumento da produtividade dos grãos. "A secretaria coordena esse processo, trazemos empresas de pesquisa e realizamos seminários junto aos produtores", explica Sahium.
O cultivo da soja representa hoje mais da metade da produção agrícola do Tocantins. Nesta temporada a oleaginosa deve continuar ampliando sua participação na economia local já que a safra 2009/2010 do grão deverá ser a maior da história do estado. As lavouras de soja da região devem registrar este ano um incremento de 10% tanto na área quanto na produção.
De acordo com o último levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o plantio de soja no Tocantins passará a ocupar 341,5 mil hectares. "Ainda podemos expandir muito. Temos 5,5 milhões de hectares de pastagens degradadas para serem utilizadas", destaca Sahium. A produção do grão no estado, por sua vez, deve somar 939,1 mil toneladas, com uma produtividade de 2.750 quilos por hectare.
Mesmo com uma produtividade abaixo da média do País, de 2.825 quilos por hectare, a topografia 82% plana do estado, que facilita a mecanização, os períodos de seca e chuvas bem definidos, garantem o crescimento da procura por terras na região. "O Tocantins não é mais uma região de fronteira agrícola, é nova plataforma da agricultura", afirma o secretário de Agricultura do estado.
Fonte: Diário Comércio Indústria & Serviço