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Foto: Jonas Hilário

Foto: Jonas Hilário

Os problemas relacionados às questões de mau atendimento no PS – Pronto Socorro do HGP - Hospital Geral de Palmas, decorrentes da superlotação do setor, já não são novidade para ninguém. Na verdade eles vêm se arrastando desde o início do funcionamento da unidade, em agosto de 2005.

A Inauguração do hospital, que contou com a presença do presidente Luis Inácio Lula da Silva, tamanha era a relevância do evento para o Tocantins, trouxe a população do Estado, principalmente de Palmas, esperanças de que pelo menos parte das mazelas que envolviam o mau atendimento decorrente de falta de estrutura adequada, denunciada inúmeras vezes pela imprensa, seria resolvida - o que não aconteceu, pelo menos não, em relação à organização do fluxo de atendimento da Rede de Saúde (Município e Estado), tantas vezes prometida pelas autoridades, o que faz com os mesmos questionamentos de antes, só aumentem dia após dia.

Segundo uma fonte componente do Corpo Clínico do HGP que achou melhor não se identificar, o hospital não foi construído para atender demanda espontânea, principalmente quando a mesma é de Palmas, que para isto, conforme o médico, seria necessário um PSM- Pronto Socorro Municipal com estrutura que tivesse resolutividade adequada para prestar assistência à capital e seus distritos, e que incluísse Centro Cirúrgico, leitos para pacientes em observação por 24 horas, laboratório de análises clínicas, além de setor de imagem (com aparelhos de ultrassonografia, radiologia e tomografia), que dariam suporte ao atendimento e, só a partir de então, o paciente já com um pré-diagnóstico, seria encaminhado para as complexidades médicas e assistenciais do HGP.

Ainda de acordo com o médico, que atende na instituição desde quando ela funcionava na 504 sul (antiga arse 51), com o nome de Hospital de Referência de Palmas, na antiga unidade, o setor destinado a pacientes de observação contava com 32 leitos, enquanto que atualmente, no PS do HGP apenas 10 são cadastrados pelo MS para o atendimento de urgência e emergência. Os existentes além deste número são improvisados em macas distribuídas nos corredores do setor, que ainda assim, são disputados acirradamente entre os pacientes ambulatoriais e os de urgência e/ ou emergência, causando tumulto, superlotação e consequentemente, reclamações. “O pior de tudo isso é que não podemos devolver o paciente ambulatorial para a rede municipal, mesmo o caso sendo de responsabilidade dela. Primeiro por que isto é contra o que é preconizado pelo Sistema Único de Saúde. Segundo por que se fizermos isso, o paciente denuncia à imprensa, que por sua vez, com raríssimas exceções, também desconhece a real função de cada unidade de saúde, e aí vira um pandemônio”, ressalta.

O Pronto Socorro do HGP realiza cerca de 200 atendimentos diários, nas clínicas médicas, cirúrgicas e ortopédicas, sendo que, de acordo com a fonte, mais de 60% destes são casos ambulatoriais (não urgentes), o que de acordo com o profissional faz com que a verdadeira natureza do atendimento prestado no hospital seja desvirtuada, vez que o atendimento deveria ser realizado somente nos casos de urgência, emergência e a pacientes referenciados para as altas complexidades cadastradas pelo MS - Ministério da Saúde, disponíveis na unidade. “Acabamos tendo que atender pacientes que poderiam ter seus problemas solucionados na rede pública municipal, caso esta tivesse estrutura adequada para isso”.

O médico informou ainda, que a população solicita atendimento no PS com motivos irrelevantes para um Pronto Socorro como, por exemplo, mal estar, um dos campeões de admissão chegando a serem registrados aproximadamente 50 atendimentos por mês, nos relatórios de motivos alegados pelo paciente aos recepcionistas, no momento do preenchimento da GPA - Guia de Procedimento Ambulatorial. “Nesses casos a rede até tem capacidade para resolver, mas não só nesses, como em diversos outros, as pessoas, por não saberem em quais as ocasiões devem procurar determinado atendimento da Rede, acham mais fácil se encaminhar por conta própria para o HGP. Na minha opinião, o que falta à população é informação acerca do que é da competência de cada unidade de saúde, mas não é só isto; falta também organizar e redefinir o fluxo de atendimento do paciente da rede pública” sugere.

O médico faz questão de deixar bem claro, que apesar do atendimento no PS não ser o mais apropriado no que se refere à inadequação da estrutura à demanda, os profissionais são capacitados, e realmente sentem muito pela situação em que se encontra o Pronto Socorro do HGP. “Nunca presenciei paciente reclamando do atendimento médico ou da estrutura nas unidades de internação do hospital; lá sim, o atendimento é de primeira qualidade, como deveria ser também no hospital inteiro, caso ele fizesse só o que é de sua competência”, lembra.

Para o cirurgião, uma saída viável que auxiliaria na resolução do problema, seria a construção, o quanto antes, de um Pronto Socorro Municipal para atender a demanda local, deixando o HGP responsável pelo atendimento a pacientes referenciados de outros municípios do Estado e, obviamente, de Palmas, quando fosse o caso. Ajudaria, inclusive, na manutenção da assistência a pacientes de estados vizinhos, como assim já vem sendo feito desde quando a instituição foi inaugurada. “Essa medida desafogaria consideravelmente o atendimento no PS da unidade, que passaria atender com mais qualidade, somente a demanda referenciada, pois foi para isso que foi construída”, relembra.