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Opinião

“O sentimento de nojo que as vítimas de estupro desenvolvem em relação ao próprio corpo é um dos fatores que mais prejudicam os peritos, no trabalho de identificação do autor da violência”. A afirmação é de peritos da Polícia Técnico- Científica do Tocantins que, abordando tema sobre a importância da preservação de local de crimes, participaram do Seminário “Brasil 100 exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”, promovido pela PRF. Realizado no Auditório do Hotel Pousada dos Girassóis, o evento reuniu policiais, peritos, conselheiros tutelares, promotores de justiça, entre outros representantes de diversos segmentos sociais, nos dias 21 a 23 de junho.

De acordo com o Perito Criminal, Sebastião dos Reis Xandó, apesar do estado emocional lastimável em que uma vítima de estupro se sente, a primeira atitude a ser tomada deve ser procurar uma Delegacia de Polícia Civil, para em seguida ser encaminhada ao Instituto de Medicina Legal (IML). No entanto, segundo Xandó, o sentimento de nojo resulta em ato involuntário de tomar banho, prejudicando bastante o trabalho pericial de coleta de amostras e de análise dos vestígios que contribuem para os exames que ajudam na identificação do autor de violência sexual.

Para enfatizar a importância de manter locais de crimes preservados até a realização da perícia, o perito Xandó destaca que, por desconhecimento, às vezes a própria família prejudica a identificação de um criminoso, ao promover a limpeza de um local, por exemplo, antes da realização da perícia. “Lamentavelmente, muitas vezes, até as vestes de pessoa vítima de violência sexual, são queimadas pela família, mas isso é um equívoco”, afirma o perito, que é chefe do Laboratório de Análises Forense.

Da mesma forma que uma corda não deve ser removida do pescoço de pessoa enforcada, nenhum outro local de crime deve ser violado, até que os peritos realizem seus trabalhos, lembra Xandó.. “Tudo deve permanecer como foi deixado, até a chegada da perícia, sob pena do autor ficar impune”. O perito lembra ainda, que em todos os casos de crimes, a perícia é necessária, haja vista que não há crime perfeito.

Para realçar ainda mais a importância da preservação do local em qualquer situação, o perito explica que, enquanto vivo o corpo pertence à própria pessoa, mas depois de morta, pertence ao Estado até liberação posterior.

* Gilval Noleto é jornalista e perito criminal no Tocantins

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