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Polí­tica

Durante a sessão da manhã desta quarta-feira, 21, um fato chamou a atenção de todos na Assembleia Legislativa. Um requerimento de autoria do deputado Wanderlei Barbosa (PSB), que solicitava a convocação do secretário estadual da Comunicação, Arrhenius Naves, foi aprovado sem que a base governista sequer se pronunciasse, ou votasse contra.

O “vacilo” da bancada de governo só foi percebido quando o deputado Freire Júnior (PSDB), mesmo já tendo passado o momento da votação da Ordem do Dia – que é quando são apreciadas as matérias, pediu o uso da palavra para questionar a omissão da base de Siqueira Campos (PSDB) na AL. O deputado, que já foi líder de governo, destacou que não estava presente no momento da votação. “Só para deixar registrado que se eu estivesse presente, votaria contra e orientaria a bancada de governo a votar contra essa convocação do secretário”, alegou.

Depois de ligado o sinal de alerta nos poucos deputados governistas presentes no plenário, o aviso do tucano desencadeou uma reação no atual líder de governo, José Bonifácio (PR), que tentou se justificar de maneira inusitada. Como principal argumento, o deputado destacou que era preciso que a bancada governista desse uma “colher-de-chá”, uma chance de a oposição conseguir atuar no parlamento. “Não podemos blindar o governo. Nós temos que dar a chance do secretários virem à esta Casa de Leis prestarem os devidos esclarecimentos. Senão forem eles, quem virá?”, disse.

Base governista rachada

Em resposta, deputado Marcelo Lelis (PV), que também não estava presente no momento da votação da Ordem do Dia por estar, segundo ele, atendendo a pessoas fora do plenário, atacou José Bonifácio e questionou as ações do líder de governo na AL. “Eu não sou liderado dessa forma. Essa não é uma atitude de líder de governo”, reclamou.

Vale ressaltar que, desde o retorno das atividades parlamentares no princípio de agosto, o deputado do PV tem subido constantemente à tribuna para defender a gestão de Siqueira Campos de acusações espinhosas da oposição, como no caso da contratação dos serviços de táxi-aéreo e da compra dos helicópteros.

Contudo, o fato parece não ter sido lembrado por Bonifácio que, em conversa com jornalistas presentes na AL nesta manhã disse que apenas ele teria elevado a voz para defender o governo. “Se eu não subo na tribuna, ninguém mais vai. Eles me pediram para ser líder de governo por que eu tenho coragem pra defender o governo”, disse.

Ao final da discussão, o presidente da Casa, deputado Raimundo Moreira (PSDB) tentou apaziguar a situação e frisou que é preciso maior diálogo entre os membros da base governista. Mesmo em tom sereno, o deputado deixou claro seu posicionamento crítico. “Da maneira como está o nosso grupo é o mais fácil para se fazer oposição”

Campanha 2012

Essas defesas efusivas de Lelis podem demonstrar uma clara tentativa de aproximação maior com o governador, já visando a campanha eleitoral de 2012. De acordo com informações de bastidores, o nome de Lelis que pretende disputar a Prefeitura de Palmas no ano que vem, vinha sendo preterido em detrimento de uma possível candidatura do deputado federal Eduardo Gomes (PSDB).

Com os fortes pronunciamentos em defesa do governo neste semestre, Lelis pode ganhar uns pontos a mais com o chefe do Executivo, na corrida eleitoral do ano que vem, fato que ele mesmo sabe que é crucial para ter sucesso nas urnas em 2012. “O grupo estará unido em torno de uma candidatura. E isso é a decisão do nosso grupo”, disse, em entrevista ao Conexão Tocantins nesta manhã.