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Campo

Foto: Elson Caldas

A área estimada de solos aptos ao desenvolvimento sustentável da irrigação é de 30 milhões de hectares no Brasil. Deste total, mais de quatro milhões estão no Tocantins, onde será instalado o Circa - Centro Internacional de Referência em Tecnologia de Irrigação e Agricultura de Baixo Carbono. O protocolo de intenções entre o Governo do Estado do Tocantins, CNA – Confederação Nacional da Agricultura e a espanhola Tragsa – Empresa de Transformação Agrária S/A - foi assinado na manhã neste sábado, dia 2, no Palácio Araguaia, em Palmas.

Segundo o governador Siqueira Campos, o pequeno agricultor é quem mais vai ganhar com o centro. “Os pequenos agricultores não têm capacidade de fazer uma infraestrutura de irrigação e este centro os beneficia. Se não pensarmos nos pequenos, nunca teremos um economia forte”, afirmou.

A assinatura prevê uma parceria no âmbito da irrigação e em gestão de perímetros irrigados. De acordo com o secretário da Seagro – Secretaria Estadual da Agricultura, da Pecuária e do Desenvolvimento Agrário, Jaime Café, o objetivo é capacitar agricultores e profissionais de instituições de assistência técnica de órgãos estaduais sobre as mudanças climáticas e a prática da irrigação, orientando a aplicação de melhores tecnologias para a mitigação dos impactos e a adoção de técnicas de irrigação.

Café explicou ainda que as linhas de ações do convênio serão iniciadas até junho deste ano, após os trâmites legais do documento que prevê um plano de trabalho e criação de um conselho com representantes das instituições parceiras do Projeto.  “Com a implantação do Centro, o Tocantins se colocará na vanguarda em tecnologia de irrigação e agricultura de baixo carbono e com isso tornar-se referência nacional e internacional neste setor”, completou.

Para a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, nenhuma atividade econômica prospera se não tiver a inovação, tecnologia, qualificação profissional e a disseminação da tecnologia. “Na agricultura, onde a tecnologia e a inovação mudam todos os dias em várias partes do mundo, precisamos acompanhar e não adianta pesquisar e ficar com tudo guardado, precisamos disseminar a tecnologia”, afirmou.

Kátia afirmou ainda que no Brasil há estudos em muitas universidades sobre irrigação que precisam ser espalhados para diminuir as desigualdades entre os produtores. “Aqui no Tocantins queremos fazer pesquisas e desenvolver tecnologia ao mesmo tempo em que faremos um centro de qualificação e referência para todo o Brasil, para que a irrigação, que há pouco tempo atrás gastava dez vezes mais litros d’água para produzir um quilo de arroz e já teve uma redução, permaneça trabalhando neste sentido, porque a água da natureza precisa se economizada, sem desperdício”, destacou.

As práticas já realizadas pelos produtores no Tocantins, com a preocupação de emitir o mínimo de gás carbônico, segundo a senadora, ajudam a impulsionar o projeto. “O Tocantins tem um potencial de 5 milhões de hectares e temos apenas cerca de 100 mil de áreas irrigadas. Significa que não usamos praticamente nada do que temos. Então precisamos transformar isso em produção, renda e emprego e este projeto vai dar sustentação para o nosso objetivo”, disse, acrescentando que o Estado será um grande beneficiado dentro do projeto do Governo Federal para promover mais 5 milhões de hectares em todo o Brasil nos próximos 10 anos.

O Ministro da Agricultura, da Alimentação e Meio Ambiente da Espanha, Miguel Arias Cañete, destacou que a assinatura do protocolo promoverá uma pesquisa para irrigação e práticas agrárias para economia de água e baixa emissão de carbono e garantirá a prática de uma agricultura de sustentabilidade. “Constatamos que no Estado há projetos importantes com esta prática e características idôneas com solo de alta qualidade agronômica, energia e muita água. A Espanha fará uma grande colaboração com empresas que vêm ao Tocantins para se estabelecerem com alta tecnologia e assim impulsionar a produção e industrialização dos produtos”, enfatizou.

Protocolo

Conforme protocolo de intenções assinado neste sábado, após a instalação do Circa, as ações são focadas no fortalecimento do setor agropecuário e na irrigação por meio da transferência de tecnologia, constando: Treinamento e Capacitação, pesquisa, desenvolvimento científico e tecnológico, além de assistência técnica ao agricultor e empresário rural.

Assim serão oferecidos serviços de assessoramento e coordenação de atividades, em apoio à agricultura familiar ou ao empresário agrícola, quanto ao uso de irrigação e de práticas agrícolas de baixo carbono, no manejo de cultivo, recuperação de áreas degradadas, eficiência energética, tratamento de dejetos de animais, sistemas de plantio diretor e todas as medidas próprias de projetos de créditos de carbono, além de fomento à agroindústria, prospecção de mercados nacionais e internacionais e publicação de informes.

Circa

Trata-se de um centro de excelência para identificação, desenvolvimento e normatização de sistemas de irrigação e fomento à agricultura de baixo carbono que permita o desenvolvimento sustentável e a obtenção de benefícios sociais, econômicos e ambientais na região do Estado de Tocantins e de toda a Amazônia legal.

Tragsa

O grupo Tragsa, empresa estatal espanhola atua desde 1977 na proteção e conservação da natureza e no desenvolvimento rural, na prestação de serviços de emergência e na assistência técnica para as atividades ambientais, agrícolas e florestais. A Tragsa tem presença em outros países da América Latina, como Bolívia e Nicarágua.

Para o diretor da Tragsa, Félix Dias, não adianta ter estrutura e tecnologia avançada se os agricultores não souberem utilizá-la, por isso a empresa focará no agricultor. “Temos dentro de nós a ideia de abundância e consumo mínimo de água, irrigação por gotejo e aproveitamento de cada gota de água, com tecnologia muito eficiente neste aspecto e por isso temos uma grande responsabilidade com a capacitação, que é fundamental”, afirmou, acrescentando que a abundância de água do Tocantins, comparada com a da Espanha, facilita o processo de irrigação. (Da redação com informações Ascom Seagro e Secom)