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Polí­tica

Foto: Divulgação

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2014 foi marcado por muitas repercussões políticas e administrativas além de rompimentos políticos bem como mais uma eleição indireta no Estado. O ano chega ao fim num cenário conturbado para o governo que deixa para 2015 uma série de decisões importantes para o futuro do Estado.

Siqueira começou o ano com mais uma reforma administrativa das várias que fez na gestão porém começou a perder alguns aliados políticos como por exemplo a senadora Katia Abreu (PMDB) que rompeu politicamente com ele.

O ano começou com uma incógnita com relação aos concorrentes da eleição estadual. O nome mais ventilado era o do ex-senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB) que era tido como candidato automático ao Governo. Tendo como base a eleição de 2012 na capital um grupo intitulado de terceira via começou a se articular na tentativa de lançar uma candidatura que representasse a mudança porém o projeto não vingou. O prefeito da capital, Carlos Amastha (PP) era o principal articulador da terceira via.

O fato novo ficou por conta de meados de abril quando o governador eleito em 2010, Siqueira Campos da noite para o dia renunciou ao cargo e encaminhou carta à Assembleia Legislativa informando da renuncia. Antes porém estranhamente o vice-governador João Oliveira (Democratas) renunciou sem informar o motivo. O presidente da Assembleia, Sandoval Cardoso (SD) que foi eleito com ajuda dos Siqueiras, assumiu o governo interinamente. Sandoval foi o governador mais jovem do Brasil.

Com a vacância dos dois cargos o Estado passou pela segunda eleição indireta em pouco menos de quatro anos só que desta vez o governador teve apenas 15 votos. Sandoval começou desde então a costurar o apoio da maioria das forças políticas do Estado e até do prefeito Amastha.

Em junho as candidaturas de fato foram definidas: Com mais de 10 partidos Sandoval lançou sua candidatura á reeleição, o ex-governador Marcelo Miranda foi candidato pelo PMDB tendo o deputado estadual Marcelo Lelis (PV) como vice e apoio do PSD. O senador Ataídes Oliveira (até então no Pros) também lançou seu nome além de outros candidatos de partidos menores.

A campanha foi concorrida e Marcelo Miranda sempre esteve à frente das pesquisas. No Senado Katia Abreu disputou com Sargento Aragão e com o deputado federal Eduardo Gomes sempre mantendo também a liderança nas pesquisas.

A apreensão de uma aeronave com R$ 504 mil e santinhos do então candidato Marcelo Miranda e do ex-governador Carlos Gaguim (PMDB) foi um episódio que marcou a reta final da campanha porém mesmo com todos os questionamentos e acusações no dia cinco de outubro Marcelo Miranda venceu as eleições com 51% dos votos e Katia Abreu venceu a disputa para o Senado.

Na Assembleia Legislativa o baque também foi grande. Nomes tradicionais da política não conseguiram se reeleger e 11 novos parlamentares foram eleitos. O mais votado foi o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (PTB). Para a Câmara Federal a futura primeira-dama Dulce Miranda foi um fenômeno das urnas e teve mais de 75 mil votos. O PMDB elegeu ainda Josi Nunes e Carlos Gaguim. Conseguiram se eleger ainda Irajá Abreu (PSD), Vicentinho Junior (PSB), Dorinha Seabra (Democratas), Lázaro Botelho (PP) e Cesar Halum (PRB).

Após a eleição muitos eleitos reclamaram e apontaram abuso de poder político e econômico com relação a cabos eleitorais e lideranças políticas. Um deles o deputado estadual Eli Borges (PMDB) disse ao Conexão Tocantins que muitas lideranças foram compradas pelos políticos que tinham mais poder econômico.

A eleição no Estado não terminou com a eleição de Miranda e as forças políticas se enfrentaram também no segundo turno da disputa presidencial onde maioria dos políticos do Estado apoiaram Aécio Neves, mas ainda assim a presidente Dilma Rousseff foi reeleita.

Depois da eleição

Após a eleição o Estado começou a passar por um cenário difícil. Falta de pagamentos dos fornecedores, suspensão de alimentação nos hospitais, diárias sem pagar e gastos acima do limite com pessoal. O único helicóptero da Segurança Pública do Estado está quebrado e sem manutenção e até os veículos de alguns órgãos estão sem circular por falta de combustível.

Paralelo ás dificuldades financeiras o governador encaminhou um pacote de benefícios para categorias de servidores e promoções para policiais militares. As matérias geraram polêmica e devem ser questionadas pela próxima gestão em razão do ano eleitoral.

No final da gestão o Estado passou por outro episódio: a Operação Pronto Socorro que resultou na prisão de vários agentes públicos inclusive da ex-secretária de Saúde, Vanda Paiva. A operação da Polícia Federal investiga supostos fraudes em licitações na compra de materiais da pasta.

O ano foi marcado também por várias polêmicas com relação ao Igeprev, alvo de vários desvios e irregularidades e que custou a perda da validade do Certificado de Regularidade Previdenciária – CRP.

Em novembro a Comissão de Transição foi nomeada e confirmou através das visitas e levantamentos a situação delicada das principais áreas do Estado.

Sandoval deixa o mandato com uma decisão da justiça que suspendeu nos últimos dias de gestão os pagamentos a fornecedores e sem inaugurar algumas obras que segundo a Agetrans estão ficando prontas para a próxima gestão. As obras dos Hospitais Regionais de Araguaína e de Gurupi ainda não saíram do papel e a ampliação do HGP ainda stá em andamento.

Ele admitiu em entrevista ao Conexão Tocantins que se sente frustrado por não ter conseguido fazer as grandes mudanças que o Estado precisa. Sandoval elencou a recuperação da malha asfáltica como uma das marcas de seu governo.

Novo governo

O próximo governador Marcelo Miranda terá muitos desafios principalmente com relação á saúde. A dívida do Estado no geral é de mais de R$ 4 bi. Miranda já avisou que dará um choque de gestão para conseguir readequar a situação do Estado.

Marcelo ganhou sem apoio político de maioria dos partidos mas já sinalizou no seu discurso de diplomação que pretende governar para todos e convocou a união de todos em prol do Tocantins. Quem não apoiou Marcelo também termina o ano sinalizando que está aberto para ajudar a nova gestão tanto é que o peemedebista já teria maioria de apoio na Assembleia Legislativa.

O ano terminou bem para a senadora Katia Abreu que aumentou seu prestígio nacional e foi confirmada como nova ministra da Agricultura do governo Dilma.

O governador que deixa o Palácio Araguaia garante que comparecerá à cerimônia de posse no dia 1º de janeiro para entregar a faixa mas entregará também um Estado sem orçamento aprovado e provavelmente com a folha de dezembro dos servidores em aberto.