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Meio Jurídico

Foto: Divulgação

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O passado de uso de drogas e violência ficou para trás na vida do pedreiro E.P.S., 33 anos, casado com M.R.S., pai de quatro filhos, e padrasto de um rapaz de 18 anos. Em 2010, por conta da dependência química, E.P.S. se envolveu numa situação que mudaria sua vida. Foi preso por tentativa de homicídio (Art. 121, § 2º, incisos I e IV, c/c art. 14, inciso II, do Código Penal).

“Fui rejeitado pelas pessoas e foi dentro da cadeia que mudei de vida. Fiz promessa de não fumar e beber mais. Recebi todo apoio de um pastor evangélico, que me sugeriu um tratamento no Caps - Centro de Atenção Psicossocial. Venho organizando minha vida desde que fui solto, inclusive me casei no religioso com a mãe dos meus filhos”, contou E.P.S.

Nessa quinta-feira, 28, finalmente, o pedreiro foi a julgamento no Tribunal do Júri Popular em Gurupi. Ele era acusado de tentar matar um homem que se relacionou com M.R.S., numa época de separação do casal que durou cerca de seis meses. A esposa do réu, M.R.S, naquele período, sucumbiu aos problemas familiares decorrentes da dependência química do companheiro, mesmo após 11 anos de convivência e quatro filhos em comum. 

Durante o julgamento, a vítima não quis prejudicar o acusado. A defensora pública Franciana Di Fátima Cardoso, que representou o réu, sustentou a Tese do Perdão, alegando que a prisão do acusado não teria benefício para a família que mantém uma boa convivência, não tendo mais ocorrido episódio parecido. O Ministério Público pediu a retirada das qualificadoras e a desclassificação para lesão através da desistência voluntária.

Na votação, os jurados reconheceram a materialidade e a autoria, no entanto, decidiram pela absolvição do réu. “Esperei cinco anos o dia deste júri, orando o tempo todo para Deus, e ele trabalha de uma forma que ninguém trabalha igual. O promotor e a defensora falaram ao meu favor e os jurados me deram uma segunda chance. Quero agradecer a Deus, primeiramente, porque ele perdoa nossos pecados”, ressaltou E.P.S.

Para a companheira M.R.S., 37 anos, assistente de serviços gerais, a decisão trouxe um alívio para ela. “Eu me sentia culpada por ele estar passando por isto, porque foi meu envolvimento amoroso que causou esses problemas para as pessoas”, externou. “A Defensora deu toda assistência, deu muito conselho. Eu acredito que o júri se sensibilizou muito com o que ela falou. Eu não parei de chorar durante o julgamento, e os jurados tiveram um bom senso, porque eu e meus filhos precisamos dele. A gente sempre pode dar uma segunda chance para as pessoas. Se Deus quiser vai durar muitos anos nossa união”, destacou.

Para a defensora pública Franciana Cardoso o resultado do julgamento não afeta só o réu, mas a toda sociedade. "Hoje se confirma a teoria de que devemos acreditar nas pessoas, na evolução da capacidade de amar. Vi o senso de justiça, o amor e perdão caminhar pelo plenário através das pessoas que lá estiveram. Testemunho do valor da família e da fé numa vida melhor. Sinto-me gratificada por ver a participação da Defensoria Pública na vida daquela família. Afinal, sinto a esperança num mundo melhor e com as forças renovadas ao presenciar historias assim”, declarou a Defensora Pública. (Ascom Defensoria Pública)