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Opinião

Foto: Divulgação

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O País vive momento de crises generalizadas. Porém, como a mais visível e mais explorada pela mídia é a situação político-administrativa, outros pontos importantes para a riqueza nacional e bem-estar dos brasileiros acabam em segundo plano.

A produção, a produtividade, a inovação tecnológica e os investimentos estão praticamente estagnados e isso afeta diretamente o crescimento das empresas, da economia e por consequência a vida de cada cidadão. Essa estagnação decorre de diversos fatores interligados, entre os quais a falta de investimentos, alta carga tributária, infraestrutura deficiente e carência de inovação que, no conjunto, inibem a produtividade que é determinante para os ganhos em crescimento e desenvolvimento.

No Brasil, os investimentos na produção de bens e serviços são muito baixos, representando 19% do Produto Nacional, quando o ideal seria estar acima de 25%. As empresas sofrem com o peso dos tributos e custos sociais que deixam pouca margem para investimento; o governo não cumpre a parte que lhe cabe por falta de visão e planejamento estratégicos, e o produto da arrecadação tributária – que aumenta a cada mês - é mal aplicado.

A infraestrutura e a logística são sabidamente precárias, o governo não trata de melhorar as condições naquilo que é de sua responsabilidade, negligenciando investimentos. Basta observar o transporte rodoviário: enquanto um motorista norte-americano faz 10 viagens, o brasileiro, percorrendo a mesma distância, faz apenas três, porque enfrenta péssimas estradas, longas filas em portos e terminais – além de outros problemas. As perdas, aliadas ao desperdício, cobram alto preço. Fica clara a necessidade de investir na melhoria da malha rodoviária, ampliar a opção no transporte ferroviário e hidroviário, este um meio barato e eficiente que deve ser incorporado à logística nacional.

E quanto à inovação tecnológica e em pesquisas, há visível redução. É sofrível o desempenho em invenções, inovações e patentes, resultando em baixo conhecimento tecnológico, travado também pelo ambiente burocrático pouco propício ao empreendedorismo. Há necessidade de integração entre universidades e empresas responsáveis pela inovação e criação de produtos e serviços. Os centros de pesquisas, as universidades, devem ter seus trabalhos melhor aproveitados, o que não ocorre devido ao distanciamento entre academia e setor empresarial.

As universidades têm a função de produzir e disseminar conhecimentos. A atividade de pesquisas e descobertas precisa ser bem explorada. Existe carência de um setor com políticas e mecanismos para direcionar o resultado às empresas que o utilizarão no desenvolvimento de tecnologias e produtos, dessa forma gerando mais empregos na produção de bens e serviços.

Para comprovar essa necessidade basta analisar o avanço do setor agropecuário. Hoje, a economia brasileira se sustenta basicamente na produção agrícola e pecuária e nos valores a ela agregados, o agronegócio, responsável pela produção e exportação que geram divisas, garantem o superávit da balança comercial e tem expressivo peso no PIB nacional.

Além da extensão e excelência de terras agricultáveis e clima propício, o notável estágio que o setor vive é o resultado da contribuição dada pela atividade de pesquisas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) ao longo dos anos, gerando não apenas o incremento do volume da produção, mas, essencialmente, o aumento da produtividade – que é produzir mais e melhor, no menor espaço e com menor custo. Seus projetos, pesquisas e experimentos conduziram ao melhoramento da genética vegetal e animal possibilitando, por exemplo, a produção de sementes adequadas às diversidades e especificidades de solos e climas das variadas regiões brasileiras, além da melhoria e seleção do rebanho nacional. Com isso, a produção e a produtividade deram enorme salto.

É importante, e viável, a aplicação de semelhante e exemplo e mecanismos devidamente adaptados para outros setores, para outras áreas de bens de produção, de consumo e de serviços. É aí que entra a política de integração das universidades e centros de pesquisas no compartilhamento do conhecimento científico e tecnológico.

Portanto, tendo em vista que as crises políticas são males endêmicos neste país e que governos, bons ou maus, são passageiros, devemos debater temas que realmente representam o desenvolvimento nacional e o bem-estar do cidadão brasileiro.

É importante relembrar que a experiência histórica nos mostra claramente que crises servem também para estimular a criatividade na busca de soluções inovadoras com objetivo de vencer desafios e solucionar problemas.

Tudo é possível para quem decide ousar, empreender e realizar.

Luiz Carlos Borges da Silveira é médico, ex-ministro da Saúde, ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado do Tocantins e ex-secretário do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Emprego do Município de Palmas-TO