Centenas de mulheres tocantinenses de diversas instituições embarcaram na noite da segunda-feira, 10, rumo a Brasília-DF, para participar da 5ª Marcha das Margaridas, que aconteceu entre terça (11) e quarta-feira (12). O evento que teve como tema “Margaridas seguem em Marcha por Desenvolvimento Sustentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade”, reuniu este ano cerca de 100 mil mulheres de todo o Brasil e da América Latina.
A abertura do ato foi dia 11, às 18h30 no Estádio Nacional Mané Garrincha, na capital federal e contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na quarta, dia 12, a presidente Dilma Rousseff participou do encerramento da Marcha, onde apresentou o compromisso do governo federal com as reivindicações listadas na pauta do movimento.
Uma das importantes conquistas fruto da marcha das Margaridas é lembrada por Maria Senhora, do Sindicato Regional das Trabalhadoras Rurais de São Sebastião, Buriti e Esperantina. “Conquistamos a criação de uma linha de crédito específica para nós mulheres. É o Pronaf Mulher. Com esse crédito, pudemos ampliar a participação das mulheres nessa importante política de crédito da agricultura familiar”, afirma.
Ainda de acordo com Maria Senhora, a Marcha é positiva e legítima: “Outra bandeira nossa é o combate a violência contra a mulher, ainda muito frequente. Esse é um bom momento para marcharmos, pois o que está passando a presidenta Dilma, não pode continuar. Nós mulheres, precisamos defendê-la”, enfatiza.
Considerada a maior manifestação pelos direitos das mulheres no mundo, a Marcha é coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) em parceria com outras 11 instituições.
Entre os pontos principais da pauta, está o fim da violência contra a mulher, o desenvolvimento sustentável com democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade.
De acordo com a assessora da FETAET - Federação Agricultura do Estado do Tocantins, Ruth Caetano Cardoso, a 5ª Marcha das Margaridas foi um momento único para as mulheres do campo de todo em Brasil, na luta por políticas públicas e em apoio a presidenta Dilma enquanto mulher. “A resposta que nos foi dada pelo Governo é extremamente positiva. Traz para a agenda nacional, a força da mulher, que sabe o que quer e onde quer chegar. Com a 5ª Marcha das Margaridas, queremos chegar ao índice zero de violência contra a mulher e combater a invisibilidade da mulher no cenário político, econômico e produtivo. Além, de apoiar a Dilma”. Afirma Ruth.
Lutas e Conquistas
Antônia Régia Faustino, Secretária de Mulheres Trabalhadoras da CUT-TO, ressalta algumas das razões para milhares de mulheres marcharem. “Estamos marchando pelo fim da violência contra a mulher, a favor dos direitos como creche e, por melhores condições para as mulheres do campo e urbanas”. Em relação ao empoderamento das mulheres, Antônia Régia afirma que esta é uma forma de os preconceituosos entenderem que as mulheres são capazes. “Nós mulheres, temos que ocupar os espaços de poder, para que a sociedade comece a compreender nossa participação e passe a nos respeitar e deixar de multiplicar as agressões e esse tipo de ofensas, como as que nossa presidenta Dilma tem enfrentado", finaliza.
Quem também embarcou para Brasília foi Mariane Teixeira, do Núcleo Olga Benário de Araguaína, da Marcha Mundial das Mulheres. Ela lembra que há algum tempo, muitas mulheres não conheciam seus direitos, por isso não lutavam para ocupar os espaços de decisão na agricultura, no campo e nos movimentos em que participavam. “Através dessas reivindicações e dessa união que existe nacionalmente é que nós vamos tendo conhecimento do que necessita ser mudado, de que temos voz e voto dentro dos sindicatos e dos espaços que ocupamos”, ressalta.
Sobre aos ataques e ofensas sofridos pela presidente Dilma, como no episódio do adesivo, Mariane lembra que é por uma questão de gênero. “Tem a ver com o machismo enraizado de que as mulheres não podem estar nos espaços de poder e não sabem tomar decisões. No entanto, nossa presidenta tem mostrado que tem muita força, está pondo a cara na mídia pra dizer que ela vai permanecer ocupando o cargo que foi legitimado pelo voto. Essa força, quebra um pouco o mito e o preconceito de que a mulher não sabe administrar”, finaliza Mariane.
Eunice Coração Rodrigues, da Associação Comunitária dos Quilombolas Barra de Aroeira no município de Santa Tereza do Tocantins, relembra as conquistas. “Até pouco tempo, as mulheres não tinham direito a nada. Hoje nós temos. Tanto, que hoje tem mulher sendo presidenta, motorista, prefeita, vereadora. Esses direitos foram conquistados porque nós mulheres lutamos. E não vamos parar. Vamos continuar lutando. E futuramente teremos ainda mais espaços e oportunidades. Vamos avançar cada vez mais!”, ressalta.
Entenda
A Marcha das Margaridas homenageia a trabalhadora rural paraibana, Margarida Maria Alves (1943-1983), que durante 12 anos, presidiu o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Margarida incentivava as trabalhadoras e os trabalhadores rurais a buscarem na justiça a garantia de seus direitos. Dos frutos do seu trabalho está a fundação do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural.
A mobilização nacional, realizada desde o ano 2000, é voltada para todas as mulheres: do campo, como as agricultoras familiares e assentadas da reforma agrária; das águas, como as pescadoras artesanais, marisqueiras, ribeirinhas; das florestas, entre elas as extrativistas e as silvicultoras; e das cidades, aquelas que moram nas áreas urbanas em todo o país. (Ascom PT)