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Foto: Divulgação

A atual situação político-econômica vivenciada no País foi destaque na solenidade de abertura da Tecnoshow Comigo, realizada na manhã desta segunda-feira, dia 11, em Rio Verde (GO). Conforme recordou o presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), Antonio Chavaglia, que organiza a feira, no momento em que o País está passando, o agronegócio tem tido um papel crucial na manutenção da competitividade econômica, mas vive dificuldades em se manter pela falta de investimentos no setor. “Nosso desejo é que nossas autoridades tenham a visão de que o agronegócio é estratégico. É uma cadeia que precisa ser alimentada para gerar alimento”, enfatizou.

Por outro lado, o presidente da Comigo se emocionou e foi enfático ao afirmar que os problemas políticos têm afetado toda a cadeia produtiva, com prejuízos para os produtores. “A corrupção está acabando com o setor financeiro. Esse dinheiro poderia estar financiando o setor produtivo para melhorar as condições de nossos produtores. E nós gostaríamos que a defesa da produção fosse retomada no País”, ressaltou.

Para o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, o momento é preponderante para se tratar não só o futuro da agricultura, como o do País como um todo. “A Tecnoshow Comigo mostra que a nossa agropecuária brasileira é a melhor do mundo, que temos tecnologia para agregar aos nossos produtos e muito conhecimento para adquirir. No entanto, precisamos pensar no futuro, com planejamento e confiança”, afirmou.

Concordou com ele o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Carlos Marchesan, que destacou a necessidade em se ter um planejamento mínimo do produtor para a aquisição de maquinário e que, para isso, precisa de garantias do governo, especialmente relacionadas às linhas de crédito e financiamento. “Hoje, a nossa região é referência não só na produção de sementes, mas na evolução de nossas máquinas e Rio Verde é uma das regiões mais tecnificadas do País. Mas se nós não trabalharmos com planejamento, com uma previsibilidade de pelo menos cinco anos, o setor não terá condições de se manter. Nós estamos em um momento crítico, em que não há recursos para aplicar. Sabemos das dificuldades nessa liberação, mas precisamos saber, para o próximo Plano Safra, que entra em julho, se os recursos estarão disponíveis e os juros civilizados”, questionou.

O prefeito de Rio Verde, Juraci Martins, indicou que a feira vem melhorando a qualidade ao longo do tempo, mas que é importante a melhoria das condições de trabalho para os produtores. “Temos um volume bom de expositores e é cada vez mais crescente os expositores interessados na feira. Mas ainda é difícil ser produtor rural no Brasil”, desabafa. Essa situação da necessidade de investimentos foi reforçada pelo deputado federal Heuler Cruvinel (PSD) e pelo deputado estadual Lissauer Vieira (PSB). Heuler Cruvinel, que é membro da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados, apontou que as atenções do Brasil se voltam para Rio Verde, com a realização da feira. “Com toda a certeza, temos mostrado a importância do agronegócio, que gera emprego e fortalece o PIB. Estamos trabalhando na questão da antecipação do vazio sanitário e precisamos resolver essas questões que prejudicam o produtor goiano”, afirmou. Fato replicado pelo deputado Lissauer Vieira, da Frente Parlamentar do Agronegócio da Assembleia Legislativa. “Temos visto como os organizadores e expositores têm trabalhado na Tecnoshow Comigo. Nossa classe é a que carrega esse País nas costas e, para tanto, precisa de suporte”, avaliou.

Conflitos em propriedades

As principais críticas do setor, no entanto, foram tecidas ao poder público federal, especialmente após o episódio registrado no Palácio do Planalto, no dia 1º de abril, no qual o secretário de finanças e administração da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Santos, incitou, dentro do Palácio do Planalto, a invasão de propriedades rurais. Em seu discurso, o secretário havia afirmado para os movimentos sociais no campo que “a melhor forma de enfrentar a bancada da bala contra o golpe é ocupar as propriedades deles ainda lá nas bases, lá no campo”. Diante disso, as autoridades presentes na solenidade de abertura da feira foram unânimes ao se posicionar contra essa forma de incitação à violência, principalmente contra o único setor que tem mantido a balança comercial positiva e a geração de empregos no Brasil, e criticaram a complacência da Presidência da República quanto a esse episódio.

O vice-governador do Estado de Goiás e secretário de Segurança Pública, José Eliton de Figuerêdo Júnior garantiu que as forças de segurança estarão de prontidão para manter a ordem nas propriedades rurais do Estado. “Aqui em Goiás, a força de segurança e a inteligência da polícia estarão atentas a essa movimentação. Mas nós não vamos permitir a desordem. O fortalecimento do setor se constrói com políticas públicas, com diálogo”, pontuou.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, é importante salientar que a crise política gera crise econômica e que é inviável a atual situação promovida pelo governo. “Nós, da Faeg e de outras 26 Federações da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), nos posicionamos e somos a favor do impeachment da presidente. O agronegócio está em uma situação razoável, mas não pode sobreviver sozinho”, refletiu.

Seguindo essa linha de raciocínio, o senador da República, Ronaldo Caiado (DEM), argumentou que é importante a reflexão para o momento em que o País se encontra e, em especial, sob a ótica das dificuldades do setor agropecuário, que passam pela falta de seguro rural, problemas no investimento e liberação de crédito para a safra, entre outros. “As últimas notícias são de que o tesouro não poderá pagar a parcela subsidiada. No seguro rural, sempre tivemos a matéria aprovada no Congresso, mas nunca os recursos repassados. E isso nós não podemos admitir”, criticou. “Em 86, houve resistência do movimento rural para que as terras não fossem estatizadas, no qual o agronegócio foi o único setor que teve coragem para garantir o direito de propriedade. E agora precisamos resolver novamente duas situações para o País se desenvolver: a chuva voltar a cair e realizarmos o impeachment da presidente”, conclamando produtores a se mobilizarem para a votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Roussef, marcado para o próximo dia 17, no plenário da Câmara dos Deputados.

Tecnoshow Comigo 2016

A 15ª edição da Tecnoshow Comigo, será realizada de 11 a 15 de abril, no CTC, em Rio Verde (GO). Consolidada como uma das principais feiras de tecnologia rural do Brasil, sendo a maior do Centro-Oeste, o evento oferecerá aos visitantes de diversas regiões do Brasil o que há de mais moderno em máquinas, veículos e equipamentos agropecuários, insumos, plots agrícolas com vários experimentos, além de demonstrações de resultados de pesquisas, palestras, dinâmicas de pecuária e de máquinas, lançamentos de novas variedades para diversas culturas, ações socioambientais, entrega do Prêmio de Gestão Ambiental Rural COMIGO, entre outras atividades. Instituições financeiras também estarão presentes com linhas de crédito e financiamento voltadas para o produtor rural.

Mais sobre a Tecnoshow Comigo,

Com a proposta de auxiliar o produtor rural, a COMIGO iniciou, em 2002, o trabalho de geração e difusão de tecnologias agropecuárias, em Rio Verde, numa área que hoje ultrapassa 130 hectares (área total do CTC), onde a cooperativa promove experiências tecnológicas o ano todo, em parceria com diversas instituições de pesquisa, de ensino e outras empresas.