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Saúde

Régeis Gonzaga se tornou o primeiro doador de medula não-parental do Tocantins

Régeis Gonzaga se tornou o primeiro doador de medula não-parental do Tocantins Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Régeis Gonzaga se tornou o primeiro doador de medula não-parental do Tocantins Régeis Gonzaga se tornou o primeiro doador de medula não-parental do Tocantins

“A sensação de levantar o dedo e não permitir a morte”. Assim o construtor de curral, Régeis Gonzaga de Oliveira, de 41 anos, descreveu o sentimento que teve ao doar medula óssea a alguém que não conhece e se tornar o primeiro doador de medula não-parental (que não é familiar da pessoa que precisa) do Tocantins. Cadastrado no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) há quatro anos, ele foi contatado em junho de 2015 para tratar da disponibilidade de fazer a doação e em 16 de junho deste ano recebeu, o que para ele, foi o melhor presente de aniversário de sua vida: a chance de ajudar alguém a continuar vivendo.

“A maioria das pessoas fazem confusão achando que tem que retirar alguma coisa da coluna. Durante a viagem tinha gente que me perguntava, até mesmo a tripulação do avião fez questionamentos. Isso atrapalha, pois assusta, mas é tudo muito simples, a doação pode ser feita com punção na bacia (são coletadas células da própria medula óssea por punções aspirativas de osso da bacia) ou por aférese (coleta células do sangue usando uma máquina especial, chamada de aférese. Neste caso, não há a necessidade de anestesia ou internação hospitalar, somente o uso de medicamento injetável que estimula as células migrarem da medula óssea para o sangue), que foi o meu caso. Cinco dias foram o suficiente para que eu fosse até a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), realizasse o procedimento e voltasse. Tudo sem problemas e custeado pelo Ministério da Saúde”, relatou Régeis.

Estatísticas apontam que a chance de achar um doador não-parental de medula óssea chega a ser de um para cada 100 mil no Brasil, por isso o tempo entre cadastramento e doação pode durar anos, como no caso de Régeis, o que aumenta a necessidade de que mais pessoas façam o cadastro. “Temos muitos casos em que as pessoas se compadecem pelas redes sociais, mas não se mobilizam e não vão até o Hemocentro se cadastrar para tentar ajudar. Cada doação é uma economia de mais ou menos R$ 30 mil por mês com despesas de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sem falar no imensurável que é o valor de uma vida que pode ser salva”, destacou o doador, acrescentando que “quando a pessoa se esquiva de fazer o cadastro é como se ela estivesse com uma caixa de remédio em casa e deixasse alguém morrer na porta precisando dele”.

Sobre o fato de não saber para quem vai a medula doada, Régeis disse que isso o deixa mais confortável. “Acho bom não saber quem recebeu, é uma política do Ministério para que não haja extorsão financeira de nenhuma parte e sem dúvida o ato de doar com a mão direita sem a esquerda ver é ainda mais gratificante. Agora torço para que tudo tenha corrido bem e que a pessoa que recebeu a minha medula tenha tido uma boa reação e fique saudável por muitos anos. Continuo à disposição como doador e ficaria muito mais feliz se surgisse outro paciente compatível comigo”, finalizou.

Cadastro

Em busca de ajudar alguém, a professora Camila Cabrine procurou o Hemocentro Coordenador de Palmas para realizar seu cadastro. “Tudo começou com uma campanha feita na escola da minha filha, em que todos os pais e mães foram incentivados a doar sangue. Como tenho baixo peso, resolvi fazer o cadastro para doação de medula óssea, pois não tem esta exigência. Todas as informações repassadas no Hemocentro me deixaram muito segura. Achei interessante e abracei a causa. Agora é só torcer para ser compatível com alguém”, declarou.

Como doar?

Para se tornar um doador de medula óssea é simples. Segundo a responsável pelo setor de Captação de Doadores do Hemocentro, Denis Gomes “a pessoa tem que ter entre 18 e 59 anos, 11 meses e 29 dias, não ter doenças crônicas e procurar o Hemocentro de sua cidade, portando RG. Na ocasião, serão coletados 5 ml de sangue para a tipagem de HLA, características genéticas importantes para a seleção de um doador. O resultado é encaminhado para o Redome, no Rio de Janeiro, para que seja cruzado com pacientes e verificada a compatibilidade”, afirmou, acrescentando que não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação do doador, nem interferência quanto ao peso exigido nas doações de sangue.

Em caso de compatibilidade, o Redome entra em contato com o doador e pede uma segunda amostra para confirmação. Com o resultado positivo, a pessoa é encaminhada para um dos 70 centros de transplantes de medula óssea existentes no Brasil. Já no centro de transplante, são realizados mais uma série de exames específicos e em seguida a doação. Todo doador tem direito a um acompanhante, que também tem suas despesas pagas pelo Ministério da Saúde.

Necessidade de transplante

Segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca) são necessários transplantes, “em doenças do sangue como a anemia aplástica grave, mielodisplasias e em alguns tipos de leucemias, como a leucemia mieloide aguda, leucemia mieloide crônica, leucemia linfoide aguda. No mieloma múltiplo e linfomas, o transplante também pode ser indicado”.