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Campo

Foto: Jefferson Christofoletti

Foto: Jefferson Christofoletti

O Sisteminha da Embrapa pode ser uma possibilidade para o combate à insegurança alimentar no Estado do Tocantins. Quem aposta nisto é o chefe geral da Embrapa Pesca e Aquicultura, Carlos Magno Campos da Rocha. No encontro de prefeitos no Palácio Araguaia, em Palmas/TO, no último dia 28, ele defendeu a implantação do sistema em todos os municípios como forma de garantir a segurança alimentar às famílias carentes. A ideia teve boa repercussão entre os representantes de dezenas de prefeituras do interior do estado. Vários pretendem investir na iniciativa.

É o caso do secretário de Agricultura do município de Bandeirantes, Genivaldo Carneiro da Silva. “Estamos fazendo um levantamento do número exato de assentados e pequenos produtores para implantarmos o Sisteminha”, afirma ele. O mesmo ocorre em Aliança. “A ideia é muito boa. Já estamos identificando os interessados em adotar esse sistema”, garante Raylano Rodrigues dos Santos, secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do município.

Os números do Tocantins não são dos melhores. O Estado está entre os dez com pior renda per capita do País. Cerca de 12% da população está abaixo da linha da pobreza, embora haja terra fértil e chuvas regulares. Segundo dados do último censo agropecuário do IBGE, um terço dos produtores declararam que sua terra não oferece rendimento algum.

O Sistema Integrado Alternativo para Produção de Alimentos, conhecido como "Sisteminha Embrapa", foi desenvolvido pela Embrapa Meio-Norte/ UEP Parnaíba, em 2011. Premiado internacionalmente, segue um modelo agrícola sustentável, com aproveitamento de materiais disponíveis nas próprias regiões onde é implantado. A tecnologia consiste no tripé peixe, aves e húmus, em associação com outras atividades da cadeia alimentar, como a cultura de hortaliças e frutas, por exemplo.

Nos últimos anos, várias unidades da empresa situadas no Nordeste têm disseminado a tecnologia, por meio de capacitações a multiplicadores. No Tocantins, a Embrapa Pesca e Aquicultura também acredita que seja uma forma eficaz para garantir a segurança alimentar de pequenos produtores. “As fezes do peixe servem como adubo para a plantação, e quando parte dessa água – cheia de nutrientes – é utilizada na irrigação, há uma renovação nos tanques de criação que é benéfica para o próprio peixe”, explica Rocha.

Segundo o chefe geral, com essa tecnologia, é possível cultivar milho, feijão, alface, coentro, abóbora, entre outras hortaliças, além de frutas. Também é possível plantar plantas medicinais, que podem ajudar a combater doenças em pessoas com dificuldade de acesso aos hospitais. E tudo isso aproveitando resíduos descartados, como papelão, plásticos, cordas desfiadas, etc. “Há várias formas de se construir um tanque. Basta identificar quais materiais podem ser aproveitados do próprio lixo daquela propriedade”, destaca.

Com resultados garantidos, vários municípios já adotam o Sisteminha para geração de alimento e renda para famílias carentes. Em Ilha Grande, no Piauí, agricultores organizaram até uma feira para vender os produtos que sobram de suas pequenas propriedades. No Maranhão, o governo do Estado prometeu a implantação de 10 mil Sisteminhas. 

São iniciativas que beneficiam pequenos produtores como José Maria do Nascimento Silva, do Piauí, que sustenta a família com o plantio de abóbora, aipim, batata doce, frutas e hortaliças, além da criação de tilápia, que garante a proteína animal. “A minha vida está mil por cento, graças a Deus. Na hora que eu quero peixe, eu tenho peixe. Eu tenho a minha horta. E o que sobra eu vendo para poder pagar a energia, comprar ração para peixe... minha vida melhorou muito”, diz.