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Saúde

Foto: Divulgação Animais portadores da doença apresentam feridas e queda de pelos Animais portadores da doença apresentam feridas e queda de pelos
  • Unhas grandes pode ser um sinal da doença nos cães

A leishmaniose visceral ou calazar é um doença perigosa transmitida pela picada do mosquito-palha para animais e também ao humano. No Tocantins, de acordo com dados repassados pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) ao Conexão Tocantins, 230 novos casos de leishmaniose foram confirmados em humanos, cinco pessoas morreram e 8.706 mil cães foram diagnosticados com calazar, no ano passado.

Segundo dados da Sesau, o Tocantins registrou 198 casos de calazar em humanos no ano de 2015, sendo que em Palmas foram 24, em Araguaína 43 e em Gurupi três registros. Em 2016, Palmas registrou 24, Araguaína 48 e Gurupi 6 casos em humanos. 15 pessoas, segundo a Sesau, morreram por calazar no Tocantins no ano de 2015, sendo três em Palmas, 2 em Araguaína e 1 em Gurupi. No ano passado, o Estado registrou um total de cinco mortes de pessoas, sendo duas em Araguaína. 

Para que os casos de calazar diminuam são necessárias políticas públicas de prevenção e conscientização dos donos de animais. No Estado, de acordo com a pasta da Saúde, em 2015 um total de 55.330 mil cães foram examinados - sendo 15.480 mil em Palmas, 9.893 mil em Araguaína e 8.356 mil em Gurupi - e em 2016, 45.298 mil passaram por exames para detecção da doença - sendo 14.775 mil em Palmas, 7.922 em Araguaína e 2.438 em Gurupi. 

Dos cães examinados em 2016, um total de 8.706 receberam o diagnóstico de calazar no Tocantins, sendo 3.118 em Palmas, 2.268 em Araguaína e 653 em Gurupi. Em 2015, dos cães examinados no Estado, 7.765 apresentaram a doença, sendo 2.661 em Palmas, 1.954 em Araguaína e 778 em Gurupi. 

Os dados incluem os registros em clínicas particulares, informou a Sesau. 

A Doença

A doença em humano afeta os órgãos internos, geralmente baço, fígado e medula óssea. Algumas pessoas não apresentam sintomas, em outras, os sintomas podem incluir febre, perda de peso e inchaço do baço ou fígado. Se não forem tratados, os casos graves costumam ser fatais. 

Transmissão, vacina e tratamento 

O calazar não é contagiosa nem se transmite diretamente de uma pessoa para outra, nem de um animal para outro, nem dos animais para as pessoas. A transmissão do parasita ocorre apenas através da picada do mosquito fêmea infectado.

Ainda não foi desenvolvida uma vacina contra a leishmaniose visceral, que pode ser curada nos homens, mas não nos animais. De acordo com a Sesau, a orientação do Ministério da Saúde em caso de diagnóstico de calazar em animal, é para que ocorra a eutanásia. 

Protetora dos Animais /Ausemiaus 

A ONG Ausemiaus - movimento voluntário criado em Palmas com o intuito de estimular a preservação e o bem estar dos animais - através da responsável pelo movimento, Luciely de Oliveira Silva, é contra a eutanásia dos animais com leishmaniose, defendendo que o cão contaminado não é o vilão da história. "A Ausemiaus desde sempre foi contra a eutanásia de um animal por ele ser positivo para leishmaniose.  De 88 países endêmicos distribuídos em quatro continentes, o Brasil é o único que adota a eutanásia do animal como medida de erradicação da doença", informou. 

De acordo com Luciely, a eutanásia do animal contaminado não diminui a incidência da doença. O movimento frisa faltar investimento para o combate do vetor e falta também divulgação de informações para a redução de ignorância a cerca desse tema.  "Para as pessoas menos esclarecidas, o cão é o transmissor da doença, porque é assim que a mídia coloca. E isso não é verdade. Quem transmite a doença é a fêmea do mosquito palha, o cão é apenas um reservatório do protozoário, assim como o ser humano também é", alerta Luciely de Oliveira. 

Para o Ausemiaus, não faz sentindo combater o reservatório ao invés de combater o transmissor. "Na cidade de Palmas e nem no Estado, não existe nenhuma medida de profilaxia da doença, que não seja o extermínio dos animais doentes. Não existe nenhum programa de combate ao mosquito palha. O mosquito palha se reproduz em ambientes com acúmulo de detritos orgânicos, como folhas caídas de árvores, frutas em decomposição, fezes de animais etc". 

Ainda de acordo com o movimento, muito pouco se vê falar sobre higienização de ambientes, muito pouco se cobra das pessoas para que elas mantenham seu quintal limpo, mas, a política de "matar" o cachorro com calazar é sempre a primeira resposta, inclusive do órgão competente pelo controle de zoonoses. "Está mais que comprovado que a eutanásia de animais não reduz em nada a incidência de novos casos da doença. Sem falar na quantidade de animais que são eutanasiados por serem diagnosticados erroneamente como falsos positivos. Existe um grande envolto de neblina a cerca dessa tema. O cão é somente uma vítima em todo o processo. E é necessário que exista uma descriminalização do animal, para que ele pare de ser visto e colocado como grande responsável da contaminação. É necessário cobrar da população que mantenha seu quintal limpo, que exista combate ao mosquito palha, que exista um programa de vacinação para os cães contra a leishmaniose, porque essa vacina existe mas, apenas para quem se dispõe a comprá-la particularmente. Assim como existe campanha de vacinação contra a raiva deveria existir para a leishmaniose", afirma Luciely. 

O Ausemiaus informa que recentemente foi aprovado pelo Ministério da Agricultura e pelo Ministério da Saúde o tratamento da leishmaniose canina utilizando o medicamento Milteforan fornecido pela empresa Virbac Saúde Animal, mais sobre o assunto pode ser visto através da nota técnica disponível no link: http://www.sbmt.org.br/portal/wp-content/uploads/2016/09/nota-tecnica.pdf. "É um grande passo para a população visto que a proibição do tratamento sempre foi um tema de muito polêmico", enfatiza Luciely. 

Sesau 

A Secretaria de Saúde informou que continua cumprindo seu papel e realizando o assessoramento das ações que devem ser desenvolvidas pelos municípios no sentido de prevenir e evitar a ocorrência de leishmaniose. Segundo a pasta, neste ano, as oito regiões de saúde do Estado já foram capacitadas para o combate, prevenção e tratamento da doença.

A Saúde informou ainda que oferta aos municípios testes rápidos para detecção da leishmaniose em caninos e orienta que estes realizem ações de educação em saúde e limpeza de áreas como forma de prevenção da manifestação do mosquito palha. 

CRMV

O Conselho Regional de Medicina Veterinária e Zootecnia do Tocantins (CRMV), através da presidente, médica veterinária Railda Marques Lima, posicionou-se sobre qual o procedimento adotado com os cães diagnosticados com calazar. Segundo o CRMV, os animais com suspeita de infecção da leishmaniose devem ser examinados por um médico veterinário para avaliação clínica e laboratorial, sendo que no caso de diagnóstico positivo para a doença, o tratamento do animal é uma opção de caráter individual do proprietário, e o Conselho se coloca favorável para a realização do tratamento, desde que seja realizado sob a orientação de um médico veterinário e de acordo com o protocolo descrito pelas recomendações de uso do medicamento.

Ainda de acordo com a presidente Railda Marques, um fator importante para restringir a doença é o uso de repelentes à base de piretróides, telagem de canis, portas e janelas, além da limpeza de quintais e terrenos, a fim de alterar as condições do meio que propiciem o estabelecimento de criadouros do vetor da doença. "O CRMV entende que somente através do tratamento dos cães de forma correta, com conhecimento técnico de um médico veterinário e com um controle efetivo do mosquito é que iremos combater esta doença", posiciona. 

O Conselho ressalta ser de suma importância o esclarecimento do Mapa - Ministério da Agricultura e Abastecimento sobre a referida comercialização do referido medicando para o tratamento da leshimaniose. (Com informações Doenças e Sintomas)