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Campo

Foto: Divulgação

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A integração lavoura-pecuária (ILP) vem trazendo ganhos também na região do Bico do Papagaio, extremo Norte do Tocantins. Algumas propriedades rurais estão trabalhando com essa estratégia de produção que alia diferentes componentes na mesma área. Uma dessas propriedades é a Fazenda Araguaiana, que fica no município de Araguatins e tem como um dos proprietários Luciano Vilela.

Pecuarista de tradição, apesar da formação em Agronomia, ele é objetivo quando fala do plantio direto e de sua importância: “o plantio direto não é só porque eu gosto – apesar de que eu gosto e de que eu acho viável e que eu acho ecológico; não é só por causa disso. É porque, sem ele, aqui não funciona. Então, é um modelo, não fui eu que inventei. Mas é um modelo que, se eu não usar, não falo no resto. Eu não vou falar em agricultura, em adubação, se não for com plantio direto”.

Uma das tecnologias diretamente relacionadas à integração nas suas diferentes possibilidades (lavoura-pecuária, lavoura-floresta, pecuária-floresta ou lavoura-pecuária-floresta), o plantio direto é fundamental para que se intensifiquem os ganhos produtivos e ambientais. Aliado ao plantio direto, na Araguaiana houve recuperação de pastagens. A fazenda é uma Unidade de Referência Tecnológica (URT), que é o nome dado pela Embrapa dentro de projetos de transferência de tecnologia para propriedades que servem como modelo para outras da região.

Em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Embrapa coordena essa URT. Joaquim Jr, consultor terceirizado do Sebrae, é quem faz o acompanhamento mais de perto. Segundo ele, na primeira vez em que foi feita lavoura dentro do projeto, a produtividade média, em 15 hectares de milho, foi de 105 sacas de 60 kg. A rentabilidade permitiu uma receita líquida de cerca de R$ 8.000,00, além da compra de uma plantadeira usada.

Depois desse primeiro sucesso, a área com milho passou para 33,5 hectares em áreas novas. E houve ainda o plantio de arroz em 44,6 hectares, sendo 15 da safra anterior onde foi plantado milho e os 29,6 restantes em áreas novas. O arroz que foi plantado onde já havia tido milho foi bem, mas nas outras áreas a produtividade foi baixa e houve inclusive prejuízo. No entanto, o milho, que apresentou boa produtividade (108 sacas por hectare) e preço alto (média de R$ 49,50 a saca), compensou a perda no arroz.

“O Luciano conseguiu, em 33 hectares, uma produtividade que sanasse a perda financeira do arroz e a lucratividade que ele conseguiu nesses 33 hectares o lucro líquido girou em torno de quase R$ 100.000,00, que foi suficiente pra ele comprar uma plantadeira nova que custou R$ 74.000,00 e utilizar o dinheiro pras outras coisas”, explica Joaquim. Na atual safra, foram plantados entre 78 e 80 hectares. Há cultivares de milho de quatro empresas diferentes, ante duas na safra anterior. Já para o próximo ano, há perspectiva de plantio de uma nova variedade de arroz da Embrapa na propriedade.

Para Joaquim, “o que a integração aqui veio pra fazer? Veio pra simplesmente fazer o controle das pragas, que são o capim duro e o barba de paca, que você não tem um herbicida seletivo”. Capim duro (Paspalum virgatum) é considerado a principal gramínea que invade pastagens na Amazônia – o gado costuma não se alimentar direito quando há esse capim no pasto; com isso, não ganha peso como poderia, o que ocasiona prejuízo para o produtor.

Parcerias

Assim como a Fazenda Araguaiana tem experimentado benefícios com a ILP, outras propriedades no Tocantins vêm tendo êxito com a implantação de alguma das possibilidades da integração lavoura-pecuária-floresta. Juntamente com a Embrapa na condução das cerca de 30 URTs dentro do Plano ABC no estado, que trabalha incentivando uma agricultura que gere baixa emissão de carbono, há diferentes parceiros. O Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins (Ruraltins), órgão oficial de assistência técnica e extensão rural no estado, e o Sebrae são alguns desses parceiros.

O diretor superintendente do Sebrae no Tocantins, Omar Hennemann, contextualiza a relação da instituição com a Embrapa. Segundo ele, “a missão do Sebrae é auxiliar o desenvolvimento dos pequenos negócios, independentemente dele estar na cidade, num assentamento rural, numa outra propriedade rural, num quilombo ou numa área indígena. Negócio é negócio. Isto colocado em prática, nós buscamos parcerias com as maiores chances de darem certo as nossas ações. E uma parceria de resultado, que sempre dá certo, é com a Embrapa. Pela sua experiência, pela sua reconhecida capacidade técnica. As melhores cabeças do desenvolvimento do agronegócio estão dentro da Embrapa. Ali estão as cabeças que pensam tecnologias, inovação e assim por diante”.

A experiência do produtor Luciano, de Araguatins, foi compartilhada durante dia de campo no último dia 10 de junho. Pela Embrapa, participaram Cláudio Barbosa e Pedro Alcântara, ambos com atuação na área de transferência de tecnologia. Cláudio é quem orienta as ações na Fazenda Araguaiana, que são colocadas em prática em conjunto com Joaquim, consultor do Sebrae, e o próprio Luciano, um dos proprietários. O evento foi uma ação da Rede de Fomento em ILPF, formada pelas empresas Cocamar Cooperativa Agroindustrial, Dow AgroSciences, John Deere, Parker e Syngenta e executada pela Embrapa e por parceiros.