Conexão Tocantins - O Brasil que se encontra aqui é visto pelo mundo
Estado

Foto: Cinthia Abreu

Mais de 400 pessoas ainda resistem na ocupação da quadra T-23 do Taquari, mais conhecida como “Casa Prometida”. A desocupação da quadra está prevista para o dia 25 de julho, a partir das 7 horas da manhã, e o assunto foi debatido em reunião na tarde desta terça-feira, 18, no auditório do Comando Geral da Polícia Militar. O objetivo foi o de traçar estratégias para se promover uma desocupação pacífica.

No encontro participaram representantes da Defensoria Pública do Estado do Tocantins, Polícia Militar, Secretaria Estadual de Habitação, Ministério Público Federal, Conselho Municipal Pessoa Idosa, representação do setor Taquari no Conselho Tutelar e de moradores da ocupação. De acordo com dados da Polícia Militar, foram registradas atualmente 104 famílias, totalizando 419 pessoas no local. Deste total, há 84 homens (sendo um cadeirante), 101 mulheres, 187 crianças, cinco jovens e quatro idosos. O alto número de crianças foi uma das principais preocupações levantadas na reunião, sendo destacados a importância da segurança e o acesso e transferência escolar.

Direitos

De acordo com a defensora pública Letícia Amorim, coordenadora do NUAmac Palmas – Núcleo Aplicado das Minorias e Ações Coletivas, é essencial que todos os envolvidos trabalhem para que os direitos não sejam violados. “Essas famílias estão resistentes porque realmente não têm para onde ir. É necessário cumprir a reintegração de posse, mas temos de garantir ao máximo a dignidade dessas famílias”, pontuou.

Tenente-coronel da Polícia Militar, Francinaldo Bo, reforçou a orientação, alegando que é uma preocupação dos militares a preservação da dignidade humana. "Queremos cumprir essa reintegração da melhor forma possível e a orientação é servir e proteger o direito de todos”, disse.

Estado

A Defensoria Pública frisou ainda sobre o direito à moradia digna aos ocupantes, visto que não há para onde os moradores irem e nem sequer alternativas como abrigos ou aluguel social. Letícia Amorim reforçou ainda que a Defensoria Pública tentou por vias administrativas a solicitação de encaminhamentos a abrigos ou de aluguel social e, como não houve resposta, foi necessário a judicialização dos pedidos para beneficiar as famílias.

O subsecretario da Habitação, Jorge Mendes, apontou que não há recursos no Estado para pagar aluguel social ou para encaminhar as famílias para abrigos. Assim, as casas populares construídas na quadra serão destinadas apenas aos cadastrados no programa habitacional. Porém, de acordo com o vice-presidente da Associação Casa Vida, que representa os moradores da T-23, as famílias não puderem ter acesso ao cadastro porque não possuíam comprovante de residência. “Se a gente não tem casa, como é que teremos comprovante de residência?”, questionou.

Histórico

Destinadas a dois programas habitacionais do Estado, a casas localizadas na Quadra T-23, no Setor Taquari, começaram a ser construídas em 2011, com previsão de entregar em 2015. A entrega nunca aconteceu e as obras estão paradas e, em outubro de 2016, centenas de famílias ocuparam as casas.

A Defensoria Pública do Estado do Tocantins começou a acompanhar a ocupação “Casa Prometida”, em outubro de 2016, quando centenas de famílias ocuparam os conjuntos habitacionais inacabados e o Estado do Tocantins ingressou com Ação de Reintegração de Posse contra os ocupantes da área. Com a concessão da liminar para desocupação, a Defensoria Pública recorreu da decisão e, em abril deste ano, a Justiça acatou em partes a antecipação da tutela recursal em Agravo de Instrumento, dilatando o prazo para que as famílias deixassem o local de forma voluntária. Após reunião realizada no dia 29 de maio, ficou acordada entre as partes a extensão do prazo, até o término do período letivo, visto que havia aproximadamente 600 crianças morando no local e devidamente matriculadas em escolas próximas. O prazo para a saída voluntária se encerrou na sexta-feira, 14.