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Saúde

A doença tem cura, e todo o tratamento é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

A doença tem cura, e todo o tratamento é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) Foto: Nielcem Fernandes

Foto: Nielcem Fernandes A doença tem cura, e todo o tratamento é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) A doença tem cura, e todo o tratamento é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

A Secretaria de Estado da Saúde (Ses-TO) realizou no último final de semana, no Hospital Regional de Paraíso (HRP) e no Hospital Geral de Palmas (HGP), o mutirão cirúrgico de hanseníase que possibilitou que pacientes, fossem beneficiados por cirurgias melhorando suas condições físicas e psicológicas.  As cirurgias foram realizadas nos dias 20 e 21 de janeiro nas duas unidades.

A ação faz parte da programação do Janeiro Roxo, que tem o objetivo reforçar o compromisso de controlar a hanseníase, além de promover o diagnóstico e o tratamento correto da doença.

A assessora da hanseníase da Secretaria de Estado da Saúde (Ses-TO), Suen Oliveira Santos, explica que a hanseníase acomete os nervos periféricos do indivíduo e que as cirurgias de neurólise são procedimentos realizados quando os medicamentos antireacionais não são suficientes para evitar os danos nos nervos.

“Após a indicação do ato cirúrgico, o quanto antes o procedimento for realizado, melhor. Esse mutirão possibilitou que 8 pacientes no HGP e 6 no HRP, passassem pela cirurgia, trazendo alívio para as dores que não haviam reduzido com os medicamentos”, disse.

O médico ortopedista Ronaldo Rego explica ainda que a hanseníase tem cura, e após iniciar o tratamento, o paciente deixa de ser o transmissor da doença. “Apesar de ter cura ela pode deixa sequelas, e uma das formas de tratamento é a cirurgia de neurólise. A bactéria da hanseníase tem afinidade pelo nervo, causando falta de sensibilidade por exemplo. Quando o nervo aumenta de volume o paciente tem a sensação de dor, a neurólise descomprime o nervo, trazendo alívio ao paciente”, destacou.

O ortopedista ressaltou também que o diagnóstico precoce é sempre a melhor forma de evitar que o paciente venha a ter sequelas. “Quando o problema é diagnosticado no início, e se faz a cirurgia o prognostico é muito bom, o paciente diminui a quantidade de medicamento para tentar controlar a dor, previne o desenvolvimento das sequelas permanentes e consegue ter uma funcionabilidade mais rápida”, enfatizou.

Para o diretor geral do HGP, Daniel Martins Hiramatsu, o mutirão foi um sucesso. “Estamos programando outras ações como essa para acabar com a fila de pacientes que aguardam esse tipo de cirurgia.” Ele acrescentou ainda que o mutirão aconteceu sem comprometer a realização de outras cirurgias.

O vendedor José Roberto Alves, 31 anos, foi diagnosticado com hanseníase a cerca de oito meses, e desde então iniciou o tratamento, e agora passou pela cirurgia. “Eu estou muito feliz e confiante com a cirurgia, pois no meu caso já está afetando o nervo da minha mão, estou perdendo mobilidade e sensibilidade, e no dia a dia acaba atrapalhando meu trabalho”, disse.

Ele relata que demorou em ter o diagnóstico, pois não apresentou manchas, que é um dos sintomas da hanseníase. “Meu braço começou a doer, e como não tive manchas, então dificultou um pouco o diagnóstico, descobri numa fase mais avançada da doença.”

Socorro Nazareno de Morais, de 42 anos, descobriu a doença e começou a fazer o tratamento medicamentoso há um ano e também teve seu diagnóstico tardio. “Eu sentia muita dor no braço e cotovelo esquerdo, e já estava perdendo sensibilidade e mobilidade. Espero que agora eu possa voltar a fazer as coisas do dia a dia sem sentir dor”, concluiu.

Janeiro Roxo

O dia mundial da campanha acontece sempre no último domingo do mês de janeiro, sendo lembrado em 2018, no dia 28 e têm como tema escolhido pela Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) “Todos contra a Hanseníase”.

Além das cirurgias, do dia 29 janeiro ao dia 3 de fevereiro, o HGP irá intensificar as consultas ambulatoriais de hanseníase, com sete consultórios atendendo casos exclusivos de hanseníase.

No dia 29 de janeiro será lançado o Plano de ação para enfrentamento da doença, que abrange toda a linha de cuidado do paciente.  E no dia 6 de fevereiro o Estado do Tocantins irá receber a carreta da Novartis Brasil disponibilizada em parceria com o Ministério da Saúde, com um laboratório de diagnóstico da hanseníase e distribuição de remédio para o tratamento da doença. A carreta irá passar por municípios para reforçar o diagnóstico da doença.

Dados

Em 2016, o Tocantins teve um total de 1.585 casos de hanseníase diagnosticados no Estado, sendo 1.327 casos novos. Os municípios que mais apresentaram casos foram: Palmas, Araguaína, Gurupi, Paraíso, São Valério da Natividade, Porto Nacional, Colinas, Guaraí, Santa Fé do Araguaia e Augustinópolis.

Já em 2017, o Tocantins apresentou um total de 1.411 casos diagnosticados, sendo 1.144 casos novos. Os municípios que apresentaram maior número de casos foram: Palmas, Araguaína, Santa Fé do Araguaia, Paraíso do Tocantins, Porto Nacional, Gurupi, Colinas, Recursolândia, Almas e Marianópolis.

Detecção e Tratamento

 A hanseníase é uma doença crônica, transmissível, de notificação compulsória, que tem como agente etiológico o Mycobacterium leprae. A doença acomete principalmente pele e nervos e sua transmissão se dá pelas vias aéreas superiores por meio de contato próximo e prolongado de uma pessoa suscetível (com maior probabilidade de adoecer) com uma pessoa doente sem tratamento.

A doença tem cura, e todo o tratamento é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).  A investigação dos contatos domiciliares e sociais das pessoas acometidas pela doença é a principal estratégia para a interrupção da cadeia de transmissão.