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Natividade é reconhecida como o primeiro povoado e ainda preserva seus prédios coloniais

Natividade é reconhecida como o primeiro povoado e ainda preserva seus prédios coloniais Foto: Emerson Silva

Foto: Emerson Silva Natividade é reconhecida como o primeiro povoado e ainda preserva seus prédios coloniais Natividade é reconhecida como o primeiro povoado e ainda preserva seus prédios coloniais

O Estado do Tocantins festeja 30 anos de autonomia política e econômica, mas traz consigo uma jornada centenária, que pode ser contada por meio de suas tradições religiosas e culturais, pelo patrimônio preservado nas cidades mais antigas, pelo traçado contemporâneo de sua Capital.

A situação de isolamento da região central do Brasil só foi modificada por meio das ações dos missionários católicos e dos bandeirantes em busca de ouro. Somente a partir do século XVII, com o surgimento de povoados voltados à mineração, é que a capitania de Goiás foi desmembrada de São Paulo. Ao norte, também em função da exploração do metal descoberto pelos bandeirantes, foram surgindo aldeamentos que hoje englobam os municípios de Natividade, Almas, Arraias, Chapada, Porto Nacional (Porto Real), Monte do Carmo.

Palácio Araguaia na capital Palmas (Foto: Emerson Silva/Governo do Tocantins)

Já o extremo norte era ocupado aos poucos por criadores de gado e comerciantes que usavam o rio Tocantins para o transporte de mercadorias. Assim, estabeleceram-se na região duas culturas: a dos sulistas que vieram de São Paulo, e a nordestina, dos que vieram do norte e nordeste.

A importância deste período ainda está presente nos casarios e igrejas de Natividade, distante 220 km de Palmas, reconhecida como o primeiro povoamento e que preserva cerca de 250 prédios coloniais e as igrejas de São Benedito e a Matriz de Nossa Senhora da Natividade, além das ruínas da nunca finalizada igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, sendo seu centro histórico tombado reconhecido como Patrimônio Nacional.

As tradições católicas e dos povos quilombolas também estão presentes no folclore e festas religiosas nativitanas – e também de outros municípios - entre elas, os festejos do Divino Espírito Santo.

O município de Paranã (350 km de Palmas) também carrega consigo uma forte carga histórica. Fundado com o nome de São João das Duas Barras, ou São João da Palma, foi palco do primeiro movimento separatista. Em 1808, Joaquim Theotônio Segurado solicitou à Coroa Portuguesa, com respaldo do governador, a criação de uma comarca e de uma vila no norte de Goiás, bem como sua nomeação como ouvidor. No mesmo ano, o Príncipe Regente Dom João VI aprovou a proposta, sendo que a comarca existiu com status de capitania até 1814, e compreendia os territórios do Tocantins e a porção sul da capitania do Grão-Pará. Depois de um período em Lisboa e retorno ao Brasil, afastou-se da vida pública em 1823, sendo assassinado em 1831, em Paranã, por motivação política, aos 56 anos.

Os projetos de Theotônio Segurado trouxeram relativo progresso à região centro-norte do Brasil. A ele se deve o incentivo a exploração de ouro e a navegação pelo rio Tocantins e também a construção de uma estrada que ligava São Romão, em Minas Gerais, a Porto Nacional.

Fundada no início do século XIX, Porto sempre esteve ligado histórica e culturalmente ao rio Tocantins. Ao longo daquele século e do XX, foi a principal via de transporte de mercadorias até Belém do Pará. Os nomes atribuídos à cidade estão relacionados com a situação política vigente no país: Porto Real, quando era Brasil-reino; Porto Imperial, na época do Império, e finalmente Porto Nacional, após a proclamação da república. Também fez parte da conexão aérea feita pelo Correio Aéreo Nacional, a partir de roteiro percorrido pelo brigadeiro Lysias Rodrigues nos anos de 1930, ligando o Rio de Janeiro a Belém.

Como cidade mais importante do então norte de Goiás, sempre se destacou na política e na defesa dos interesses da região. O Manifesto Tocantinense, de 1956, por exemplo, consolidou Porto Nacional como foco dos movimentos de emancipação da época.

E ainda hoje Porto é considerada berço da cultura tocantinense. Seu centro histórico é tombado como Patrimônio Nacional, sendo a Catedral de Nossa Senhora das Mercês, construída em 1894 por padres dominicanos em estilo de Toulouse – única referência da arquitetura francesa no Estado – seu principal marco.

 Catedral de Nossa Senhora das Mercês é referência arquitetônica de Porto Nacional (Foto Emerson Silva)

Palmas

Muito diferente das cidades históricas do Estado, Palmas reflete em seu traçado a influência de Brasília e o sonho de trazer para esta região o desenvolvimento que estava engessado até 1988, ano de sua emancipação de Goiás.

A construção da Capital Federal, como obra planejada, atraiu as atenções ao Brasil Central. Em 1956, quando começaram as obras da nova cidade, o juiz Feliciano Braga lançou o movimento Pró-Criação do Tocantins. Nos anos seguintes, surgiram a Casa do Estudante do Norte Goiano, em Goiânia, e a Comissão de Estudos dos Problemas do Norte, que defendiam a autonomia.   Somente com a Assembleia Constituinte foi possível aprovar a emancipação, presente no artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição, em 5 de outubro de 1988.

A cidade de Miracema do Norte foi escolhida como capital provisória. A Capital definitiva, Palmas, foi instalada em 1º de janeiro de 1990.