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Cultura

Foto: Thiago Wahlbrink

Foto: Thiago Wahlbrink

História, memória, expressões orais e aspectos sociais da cultura indígena no Tocantins estão em foco no projeto “Teatro AKWE - Levam-se as vidas, mas não a Cultura e a História”. Desenvolvido pela Companhia de Teatro Art’Sacra, e tendo como proponente o diretor da entidade, Valdeir Santana, o projeto visita aldeias do Tocantins com atividades culturais, educacionais e de pesquisa histórica com o intuito de identificar e fortalecer as principais tradições.

Nesta primeira edição, o “Teatro AKWE- Levam-se as vidas, mas não a Cultura e a História” é realizado com o povo Xerente, aproximadamente, 150 indígenas, das aldeias Funil, Boa Fé, Pé de Serra, Aparecida, Cachoeira, Boa Vista, Buritizal, Rio Verde, Nascente e São Bento. As atividades se iniciaram ainda no mês de novembro do ano passado e seguem semanalmente, com a participação de educadores, historiadores e artistas.

O projeto tem o objetivo de fomentar uma metodologia pedagógica que se inicie com a pesquisa de informações básicas da cultura Xerente, tais como história da língua (conhecimento, oficialização); aspectos sociais (formação das aldeias, identidade, famílias); culturais (principais expressões, danças, adereços); econômicos (meios de sobrevivência, trabalhos, etc); educação básica (processo de letramento Akwe e do Português, ensino formal); sustentabilidade (projetos e programas); entre outros fatores da vida indígena Xerente.

De acordo com o presidente da Art’Sacra, e diretor do projeto, Valdeir Santana, em primeiro momento, o projeto buscou a fase de pesquisas  e intercâmbio da equipe com os povos indígenas e, posteriormente, o desenvolvidas as atividades pedagógicas e teatrais. “A partir da coletânea dessas informações, os Xerente estarão aptos a vivenciar e demonstrar a sua cultura com maior propriedade. O que será um facilitador para a organização de oficinas teatrais temáticas”, declara Valdeir.

Intercâmbio

Ainda de acordo com Valdeir Santana, a iniciativa é uma continuidade do trabalho já desenvolvido a muitos anos de intercâmbio da companhia de teatro com os Xerente. “Eles participam a muito tempo da Paixão de Cristo e como preparação para o espetáculo já tínhamos esse acesso às aldeias com a realização de atividades culturais, esportivas e educacionais. Então, o projeto veio para fortalecer essa troca de experiências”, lembra.

A receptividade dos indígenas à equipe do projeto foi bastante positivam desde as primeiras edições. “É um projeto muito interessante porque, além de levar conhecimento, ele busca e traz oportunidade aos indígenas de buscar novas formas de envolver a nossa cultura e de mostrar a nossa realidade fora da aldeia. Incentiva a gente a resgatar a nossa identidade e também buscar novos conhecimentos, novos sonhos”, disse Kamilla Simikadi Rodrigues Xerente.

Professor nas aldeias que recebem o projeto, Léo Sampaio, diretor de elenco da Cia Art’Sacra complementa que a proposta é conduzir os Xerente a pesquisar aspectos de sua identidade cultural; propiciar momentos de reflexão sobre o valor cultural de cada povo e valorizar a expressão corporal como elemento de suporte cultural. “Utilizamos o teatro para resgatar e valorizar a cultura desses povos, por meio de técnicas de contação de historias que viabilizem uma melhor comunicação dos indígenas”, relata.

As atividades ainda seguem até o final do mês de fevereiro. O patrocínio é do Prêmio Aldir Blanc Tocantins do Governo do Estado do Tocantins, com apoio do Governo Federal – Ministério do Turismo – Secretaria Especial da Cultura, Fundo Nacional de Cultura.