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Saúde

O câncer de próstata matou, em 2021, um total de 44 brasileiros por dia, totalizando 16.055 vítimas fatais da doença. Esse é o segundo câncer mais frequente em homens, atrás apenas da neoplasia de pele não-melanoma. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que ao final de 2022 sejam diagnosticados 65.840 novos casos da doença, com um risco aproximado de 62,95 novos casos a cada 100 mil homens.

Dentre as ferramentas modernas de detecção da doença, a Medicina Nuclear desempenha um papel fundamental, dispondo de exames que identificam a extensão do câncer e possíveis metástases, antes mesmo de alterações anatômicas ou em fases de sutis elevações do antígeno prostático específico (PSA). Por isso, quando pensamos em novas tecnologias para o estadiamento da doença, a fim de rastrear a real extensão do câncer, a Medicina Nuclear é uma peça-chave na Campanha Novembro Azul, celebrada mundialmente todos os anos para conscientizar os homens acerca dos cuidados com a próstata.

É importante reforçar que os exames de rotina para a neoplasia da próstata devem começar a partir dos 40 anos para pessoas que não apresentam predisposição genética de desenvolver a doença (histórico familiar). Na fase inicial, o câncer de próstata pode não apresentar sintomas, mas quando apresenta, o mais comum inclui dificuldade de urinar, com demora para iniciar e terminar a micção, diminuição do jato e mais necessidade de ir ao banheiro ao longo do dia ou noite.

“A nossa especialidade possibilita visualizar órgãos e tecidos nos seus níveis celular e molecular, o que viabiliza, além de um diagnóstico preciso, a definição da melhor estratégia terapêutica”, explica a Dra. Adelina Sanches, diretora da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).

Uma das principais ferramentas para combater o câncer de próstata é a tomografia por emissão de pósitrons (PET/CT) com PSMA (antígeno de membrana específico da próstata), que é capaz de localizar células cancerígenas de tumores provenientes da próstata que já possam ter se espalhado para outras partes do corpo. “Para tumores muito avançados, é possível avaliar o corpo inteiro do paciente, demonstrando se ele está com a doença à distância (como em ossos, fígado, pulmões). É um exame revolucionário, que apresenta desempenho muito superior aos convencionais - tomografia, ressonância ou cintilografia óssea”, afirma.

Mais recentemente a molécula PSMA foi acoplada a átomos radioativos mais "potentes" (Lutécio-177, Actinium-225), possibilitando tratar tumores avançados de próstata. Estudos robustos, publicados em revistas de grande prestígio no meio médico, demonstraram ganho de sobrevivência nos pacientes expostos a este tratamento radioativo.

A Medicina Nuclear também possui o Rádio-233, um importante radiofármaco que auxilia no tratamento de pacientes com metástases ósseas do câncer de próstata. Por ser muito similar ao cálcio, o Rádio-233 é absorvido pela estrutura óssea e, ao se aproximar das células metastáticas, emite uma dose direcionada de radiação, matando as células do tumor.

Um estudo realizado em 2013, publicado pelo New England Journal of Medicine, apontou um aumento da média global de sobrevida em pacientes que receberam tratamento com o radiofármaco, com diminuição de 30% do risco de morte em relação ao placebo, além de obterem ganho de qualidade de vida. “A modernidade dos exames e tratamentos nucleares trazem avanços terapêuticos importantes e auxiliam na jornada do paciente que luta contra o câncer de próstata, no entanto, os tratamentos ainda não são disponibilizados pelo SUS. Torcemos e lutamos para que em breve possam ser incorporados para ampliarmos o número de beneficiários dessas tecnologias”, conclui a Dra. Adelina Sanches.