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Opinião

Mariana Soares Borges é estudante de Pedagogia na Universidade Federal do Tocantins (UFT), professora e mãe

Mariana Soares Borges é estudante de Pedagogia na Universidade Federal do Tocantins (UFT), professora e mãe Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Mariana Soares Borges é estudante de Pedagogia na Universidade Federal do Tocantins (UFT), professora e mãe Mariana Soares Borges é estudante de Pedagogia na Universidade Federal do Tocantins (UFT), professora e mãe

Hoje nos deparamos com mais uma tragédia em uma escola na cidade de Blumenau/SC. Cinco crianças tiverem sua vida interrompida pelos ataques brutais de um homem, adulto, que premeditou o ataque e se entregou à polícia. Nós, pais, nos colocamos numa posição de luto e revolta pela insegurança, pelo extremismo desenfreado que ceifa a vida de crianças e consequentemente das suas famílias. Nossos filhos não estão seguros. Mas já estiveram?

Vivemos numa sociedade centrada na vida do adulto. O adulto é valorizado porque é produtivo. O adulto é maduro (será?), é autônomo, é consciente e racional. A criança é difícil, é imatura, depende dos outros, não está pronta. A criança é vista como um ser inacabado, imperfeito que só vai "virar gente" quando crescer e ocupar um posto de produção dentro do mercado de trabalho. A criança é um problema a ser consertado até que tenha maturidade e autonomia suficiente para ser vista como adulto.

A sociedade é adultocêntrica. É centrada nas necessidades e na formação do adulto. "O que você vai ser quando crescer?", perguntam às crianças incessantemente. A criança é apenas uma etapa, um meio para um fim. Aprende para ser adulto, é ensinada a se portar como adulto, estuda para funcionar como adulto. Se extingue daí todo o valor da infância, o ser criança como ser integral, todo o seu potencial e suas particularidades. A infância não deveria importar somente porque nela formamos o adulto, porque dessa maneira a sociedade encontra na criança uma oportunidade de reduzi-la a um patamar inferior. A infância deve importar porque crianças são importantes.

Enquanto a sociedade não abrir os olhos para acolher a infância como parte da construção social de uma comunidade, as famílias estarão em perigo porque nossos filhos, sobrinhos, alunos e netos continuarão sendo alvo de ataques extremistas. Enquanto a infância não for respeitada como fase integral, e não como etapa de desenvolvimento, nossos filhos serão hostilizados, ridicularizados, oprimidos e banalizados, dentro dos mais diversos espaços sociais.

Nossos filhos não estão seguros. A final de contas, quem está protegendo a infância?

*Mariana Soares Borges é estudante de Pedagogia na Universidade Federal do Tocantins (UFT), professora e mãe.