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Economia

Foto: Ricardo Stuckert

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O Decreto assinado nesta quarta-feira, 3, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um passo importante para transformar a vocação de biodiversidade amazônica em produtos, empregos e investimentos. A declaração é do vice-presidente da República e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, que anunciou a novidade em cerimônia no Palácio do Planalto.

O decreto qualifica a organização social que vai assumir a gestão do Centro de Biotecnologia da Amazônia, renomeado agora Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA). O Centro deixa de ser vinculado à Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e passa a ser gerido pela Fundação Universitas de Estudos Amazônicos (FUEA). Com personalidade jurídica própria, uma reivindicação antiga do Tribunal de Contas da União, o Centro terá mais autonomia para captar recursos públicos e privados e ampliar e diversificar suas atividades.

Alckmin explicou que, a partir desse decreto, o MDIC está autorizado a celebrar um contrato de gestão com a organização social recém-qualificada. A FUEA passará a administrar o CBA mediante a definição de metas e acompanhamento dos resultados.

“Vamos trabalhar juntos, inclusive com os ministérios de Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente, governos estaduais, municipais, universidades e, principalmente iniciativa privada. Vamos gerar empregos, criar empresas, agregar valor, transformar a grande farmácia que é a biodiversidade amazônica em produtos, serviços, empregos e investimentos”, celebrou Alckmin.

Para o governador em exercício do Amazonas, Tadeu de Souza, presente ao evento, o CBA será “como um ímã orbitando” e atraindo atores e institutos de pesquisa, bem como estruturas de governos e investidores que esperavam por esse momento. “Juntos vamos construir na Amazônia um sistema de inovação, um polo de produtos sustentáveis”, afirmou.

Bioeconomia

Na prática, a iniciativa permitirá ao CBA multiplicar seu orçamento e desenvolver, além de pesquisas, novos negócios com recursos naturais da Amazônia. Os recursos públicos previstos para os próximos quatro anos chegam a R$ 47,6 milhões. No entanto, agora será possível também acessar recursos disponíveis na iniciativa privada para pesquisa, desenvolvimento e inovação.

O CBA passará a ter um núcleo de negócios com atuação em duas frentes: 1) buscar por pesquisas, para além de seus próprios laboratórios, que resultem em produtos de “prateleira” que integrem o portfólio do Centro, e que serão oferecidos a potenciais investidores; 2) a partir de parcerias com a iniciativa privada, garantir fornecimento de matéria-prima com regularidade a preços competitivos, dando condições mínimas para que a indústria se estabeleça e haja sustentabilidade no trabalho das comunidades diretamente envolvidas, como ribeirinhos e povos originários.

Atuação do CBA

Ao longo dos últimos anos, o CBA vem atuando em projetos que contemplam o desenvolvimento de novos produtos e processos que utilizam insumos da biodiversidade amazônica em diversas áreas, como alimentos e bebidas, fitoterápicos, cosméticos, farmacêuticos, química, biopláticos, nutracêuticos, agrícolas, têxtil, saúde, diagnóstica e de papeis, dentre outras.

O CBA também atua na capacitação de recursos humanos para o desenvolvimento de atividades de base sustentável, por meio de apoio técnico às comunidades tradicionais, unidades de manejo, empreendedores agroflorestais; e para a transformação de rejeitos orgânicos e inorgânicos em produtos economicamente viáveis.

Alguns exemplos práticos de sua atuação: desenvolvimento de catalisadores a partir do lodo para produção de biocombustíveis; utilização de insumos locais - e mesmo resíduos fabris - para obtenção de bioplásticos, celulose e membranas bacterianas que podem, inclusive, ser transformadas em bebidas probióticas, como o kombucha; processos avançados para obtenção de açaí liofilizado, manteiga de cupuaçu, óleos essenciais obtidos a partir da casca da laranja; produção de corantes naturais a partir de mais de 2600 espécies de microorganismos da região, que podem ser utilizados em alimentos e cosméticos, bem como para o desenvolvimento de biofertilizantes e biossurfactantes.