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Opinião

Foto: Divulgação

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Um dos primeiros medos identificados por quem é vítima de assédio é o de seguir para o trabalho, pois só ela sabe das dores emocionais que este deslocamento envolve. Ela sabe internamente que está se dirigindo para o abismo. E para quem está inserida neste contexto é fato que não tem paz, não consegue ter a tão desejada tranquilidade que outra pessoa que não vive isso tem. Em hipótese alguma defenderíamos uma conduta tão desprezível como esta, no então, não julgue a vítima, não torture mais do que ela já vive achando que esta pessoa deveria fazer o que outro fez para se livrar, há muitos aspectos por traz para ser analisados.

O medo de ficar só no setor ou perante seus assediadores em qualquer uma das instalações da empresa é uma realidade dolorosa. A vítima é tomada de forte tensão e pressão, uma grande sensação de que algo pode lhe acontecer a qualquer hora é fato, podendo até desenvolver patologias físicas - como taquicardia, variação da pressão e outros. Muitas pessoas temem ficar só, mas ficar sozinha num cenário de assédio instalado, onde não se sabe qual será o próximo passo da pessoa que assedia.

O medo de pegar carona se manifesta também entre os colegas de trabalho que não tem nada a ver com a situação, mas dada a situação na qual ela se encontra, passa a julgar tudo e todos. Afinal, é um cenário que se instala no momento em que a pessoa se enxerga mais uma vez vulnerável.

O medo das ligações recebidas não identificadasou de números que não estão na agenda é um drama terrível, um clima de tensão insuportável. Afinal, não tem como sabe quem está por traz daquela chamada, daí, o medo do desconhecido se instala e a tortura silenciosamente.

O medo de responder mensagens de e-mail em função da tensão preexistente dos fatos passados ou em curso o clima de tensão no qual a pessoa se encontra, faz com que esta vítima, não se a vontade nem mesmo para pensar nas tarefas da empresa. É como se tudo que remetesse a empresa estivesse associado ao delito vivido. 

O medo de perder o emprego é uma das realidades mais vivenciadas pelas vítimas de assédio nas empresas. Por vezes, a pressão exercida pela realidade sócio econômica que muitas delas atravessam, uma vez sendo do conhecimento dos assediadores, geralmente tentam exercer sadicamente relação de poder. Tal relação, torna-a refém. Atitude de elevada falta de respeito a dignidade humana.

O medo de ser difamada perante os colegas, familiares e quem sabe, outras empresas. Ninguém deseja um tipo de exposição nestes termos, principalmente quando se trata de uma questão fruto de um delito, vítima de um crime, uma imagem nada positiva, mas sim, negativa. Contudo, precisa-se ter voz, apoio de seus pares, órgão públicos vinculados a justiça que possam lhe auxiliar garantindo-lhe o direito a ampla defesa.

Sabemos que quem tem voz, tem vez, mas ter voz e não uma rede de apoio que lhe auxilie, pelo contrário, em alguns casos até ajude a encobertar os feitos de certo maus colegas ou maus gestores é uma outra dura realidade. Muito embora, hajam situações nas quais reservam-se as suas particularidades, onde não podemos e não devemos julgar, não estamos nos propondo a tal. Mas reiteramos que cada um sabe o que vive e até onde pode ir em certas situações. Mas reforçamos – assédio é crime! 

Para finalizar destacamos aqui que nem todas as pessoas aprenderam a se defender, nem todas as pessoas aprenderam a transitar pelo judiciário. É importante destacar que a vítima de assédio, sofre muito mais do que as minhas palavras aqui podem alcançar. Mas há também uma situação atípica, mas recorrente, o medo de garantir a sua autodefesa por meio do diálogo dentro da empresa e buscando as vias jurídicas. Quem sofre com o assédio, vive em constante estado de punição, tortura psicológica e todos os tipos de pensamentos de rejeição e afins em função de todo este ato Criminoso!

*Uemerson Florêncio é empreendedor, treinador, palestrante e correspondente internacional de opinião para 5 países de língua portuguesa na África (São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Moçambique, Guiné Bissau e Angola), 3 países de língua espanhola (Uruguai, Peru e Espanha).