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Polí­tica

Foto: Divulgação

Mais de 300 pessoas iniciaram uma marcha para a cidade de Porto Nacional, TO, no domingo, 21. A ação é organizada pelo Acampamento Sebastião Bezerra da Via Campesina e tem o intuito de realizar um ato político em defesa da Reforma Agrária e Justiça no Campo na Praça Centenário, em Porto, na terça-feira, 23, a partir das 10 horas. A saída dos manifestantes foi marcada por uma mística feita pelas crianças sem terrinha com os símbolos da luta: terra, água, semente e as ferramenta usada para trabalhar a terra. Também, tiveram várias falas dos membros da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Estiveram presentes no ato de domingo, além da Via Campesina, o Movimento Estadual de Direitos Humanos (MEDH), a Pastoral da Juventude do Movimento Popular (PJMP), o Núcleo de Estudos Urbanos, Regionais e Agrário (Nurba), a ONG Com Saúde, o Grupo Feminista Dina Guerrilheira, e a Escola Família Agrícola (EFA) de Porto Nacional. Participaram autoridades políticas como: o vereador de Palmas Bismarque do Movimento; os deputados estaduais pelo PT José Roberto Forzani e Amália Santana; e o delegado do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Agostinho de Oliveira Chaves.

Segundo o membro da Direção Nacional do MST, Antônio Marcos, as famílias têm a finalidade com esta ação de colocar para os moradores de Porto Nacional a intenção do acampamento e a importância da luta pela terra, e outro objetivo é denunciar a paralisação da Reforma Agrária.

O médico Eduardo Manzano, da ONG Comsaúde, explicou que existe uma história de luta e conflito por terra no Estado do Tocantins. E para ele, a saúde está ligada diretamente com as condições de vida das pessoas, e por isso a importância de ações como a do Acampamento. “A transformação da sociedade será através de ações e projetos que questione o capitalismo, que se baseia no consumo e exploração, e assim construiremos uma sociedade alicerçada no respeito ao ser humano e o meio ambiente. E isso será feito pela mobilização popular, o movimento popular.”, frisou. Manzano também manifestou sua preocupação com os possíveis conflitos da polícia com a ação dos acampados e ressaltou o “forte apoio a Marcha e a luta do Acampamento”.

O deputado José Roberto afirma que essa ação é importante para ajudar os trabalhadores a se organizar, além de ser um momento de motivação e conscientização. Sobre a Reforma Agrária, José Roberto, que foi superintende do Incra no Estado, disse que no governo Lula avançou nas políticas públicas de assistência no campo, mas na questão da desapropriação não avançou muito, principalmente na retomada das terras públicas griladas. “Como presidente da Comissão de Desenvolvimento Rural da Assembleia Legislativa tenho lutado para que as políticas públicas possam chegar ao campo, até hoje o Poder Executivo não teve recursos previstos no orçamento para ações no campo, mas agora terá”, informou.

“A conquista acontece quando existe diálogo, mas também precisa de pressão, e apoiamos essa ação”, afirmou a deputada Amália. Para a parlamentar, ainda existe uma grande dívida com os trabalhadores e que a Reforma Agrária avançou pouco neste ano, mas que espera no segundo semestre o Governo Federal apresente novas ações.

O vereador Bismarque analisou que a marcha é um ato histórico no Estado, pois nunca ocorreu uma ação de acampamento com tantos participantes, além de ser uma ação entre duas cidades importantes, a Capital e o a maior cidade histórico do Estado. Ele ressaltou que essa região é dominada pelo latifúndio, além de denúncias de terras públicas griladas. “Essa ação incentiva outros trabalhadores da cidade, que vivem em condições precárias, a pensar a importância da terra. E também, uma forma de sensibilizar a sociedade sobre quem produz alimento no país, que não é o latifúndio, mas sim o camponês”, disse.

Marcha

Após o ato, a marcha iniciou às 17 horas e percorreu 15 quilômetros até a primeira parada. Nesta segunda-feira, 22, serão realizadas momento de estudo e debate a partir de documentários, terá o momento de lazer, e os acampados retomará a estrada a partir das 17 horas e caminharam cinco quilômetros, até a segunda parada. Na terça-feira, 23, já próximo da cidade, sairão em marcha no início da manhã com a previsão de chegar a Praça Centenário, de Porto Nacional, às 10 horas.

A marcha faz parte da Semana Nacional de Luta da Via Campesina que iniciou nesta segunda-feira, 22, em Brasília com um acampamento. A ação tem a participação de vários Estados e instituições ligada a Via Campesina, e nos Estados estarão sendo realizada marchas, ocupações, mobilizações no objetivo de fazer a luta pela Reforma Agrária, educação do campo e direitos e por uma vida digna no campo.

Histórico

As famílias ocuparam a Fazenda Dom Augusto, localizada no quilômetro 25 entre Porto Nacional e Palmas, no dia 21 de abril deste ano, em protesto contra as irregularidades do latifúndio. O proprietário, Alcides Rebeschini, não tem todo a documentação da área, dos três mil hectares de terra apenas 1.200 são titulados. A fazenda também está na lista suja do Ministério do Trabalho e Emprego por ter sido flagrada com a prática de trabalho escravo, 100 trabalhadores foram resgatados em 2005.