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Saúde

Foto: Divulgação

Evidenciar as ocorrências da doença de chagas e atualizar as equipes de saúde que atuam na vigilância e no controle deste agravo no Estado foram os principais objetivos da I Conferência do Estado do Tocantins Sobre Doenças de Chagas, que aconteceu na noite dessa quinta-feira, 17, no anexo I da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Na ocasião, o trabalho do Governo do Estado foi parabenizado pelos conferencistas por atender aos critérios modernos de vigilância e cuidado para o controle da doença.

Segundo o médico e pesquisador em doença de Chagas da Fundação Oswaldo Cruz e da Organização Mundial de Saúde (OMS), João Carlos Pinto Dias, os desafios de cuidar de mais de 1,5 milhão de infectados, no Brasil, precisa agregar todos os poderes, envolvendo as três esferas . “O trabalho de vigilância tem ficado muito centralizado nos municípios e o Estado tem um papel fundamental no quesito controle e combate” , afirmou, acrescentando que “o Tocantins está de parabéns, pois tem levado à risca as normas mais modernas nos aspectos de vigilância e cuidado e tem buscado atualizar seus profissionais com cursos que tragam o que há de melhor na prevenção, no diagnóstico e tratamento da doença”.

O trabalho da Diretoria Estadual de Doenças Epidemiológica, Vetoriais e Zoonoses, evidenciado por João Carlos é explicado pelo médico infectologista da Sesau e professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Flávio Augusto de Pádua Milagres. “Atuamos de forma ativa e passiva, fazendo controle junto aos municípios, à rede particular de saúde e à população, para que sejam evitados novos casos e para que os casos existentes não se tornem um risco para a saúde pública”, disse.

Para a diretora estadual de Vigilância Epidemiológica de Doenças Vetoriais e Zoonoses, Mary Ruth Batista Maia, a doença de Chagas, assim como as demais (dengue, leishmaniose, malária, esquistossomose, hanseníase e tuberculose) negligenciadas pela OMS são uma realidade preocupante no Brasil, apesar de pouco se ouvir falar em grande parte delas. “Nosso objetivo é evidenciar que este mal faz parte da nossa realidade, para que consigamos abrir dois ambulatórios, em Palmas e em Araguaína, com vistas a acolher os pacientes com estas doenças, que preocupam a saúde pública do Tocantins”, destacou.

Casos e transmissão

A transmissão primária da doença de Chagas se dá pelo contato do homem com as fezes infectadas do inseto barbeiro pelo protozoário Trypanosoma Cruzi. Desde 2007, 31 casos da doença foram confirmados em todo o Estado, sendo cinco deles por transmissão vetorial, quando ocorre a picada do inseto. Segundo dados da Sesau, os cinco casos de transmissão vetorial ocorreram nos municípios de Pindorama do Tocantins (2007), Esperantina (2008), Augustinópolis (2008), Wanderlândia (2011) e Filadélfia (2015).

Os demais casos identificados foram transmitidos por via oral,  quando há ingestão de fezes ou do inseto contaminado, tendo ocorrido três surtos, um em Ananás, com 11 casos em 2011; um em Tocantinópolis, com quatro casos e um óbito; e dois em Axixá do Tocantins, com quatro casos em 2008 e cinco casos em 2014.

A doença pode ser transmitida de outras maneiras, seja da mãe chagásica para o filho durante a gestação ou o parto (transmissão vertical), da transfusão de hemoderivados ou de órgãos (transmissão transfusional ou por transplante) e através do contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado- sangue de doentes, fezes de “barbeiros” e animais contaminados (transmissão acidental).