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Palmas

A Prefeitura de Palmas não conseguiu fazer maioria das obras e espaços que colocou no projeto dos Jogos Mundiais Indígenas quando concorreu à condição de cidade-sede. O evento acontece de 20 de outubro a 1º de novembro na capital e devem comparecer atletas indígenas de 22 países. 

Desde o início quando a  capital buscou sediar os jogos a localização geográfica foi um dos pontos positivos. O projeto apresentado pela Prefeitura de Palmas tinha o lago como o cenário do projeto e previa inclusive a criação de uma nova praia logo após a Praia do Caju, que teria a caracterização indígena e cuja estrutura seria aproveitada turisticamente como legado após o evento se tornando assim um novo cartão postal da capital.

Em forma de estrela, estava projetada a Grande Aldeia Global que seria a casa dos indígenas durante a realização do evento e seria instalada às margens do ribeirão Taquaruçu, que deságua no lago de Palmas. A Aldeia Global seria para abrigar as 22 etnias brasileiras com 22 ocas formadas em círculo formando uma rosa dos ventos no Lago de Palmas, ao centro seria uma grande estrutura para convivência e integração. O projeto estrutural previa ainda a construção da Grande Arena para grandes apresentações e competições, com capacidade para 5 mil pessoas, além de um Campo de Beisebol para os indígenas estrangeiros.

A gestão municipal do prefeito Carlos Amastha prometeu ainda a construção do Museu do Índio que seria sob a ponte que atravessa o ribeirão Taquaruçu e que fica perto do local dos jogos. O projeto previa ainda a construção de uma raia olímpica para natação e canoagem com arquibancadas nas margens do ribeirão Taquaruçu, 

O projeto previa também, a construção por parte do Governo Federal de um Centro de Iniciação Esportiva e o de Excelência em Futebol que eram para ser entregues em julho deste ano, o que não aconteceu.

Segundo a  Diretoria de Infraestrutura da Secretaria Extraordinária dos Jogos Indígenas (Seji) da Prefeitura de Palmas a área da Vila Olímpica recebeu pavimentação, rede elétrica e estrutura de fibra ótica. Foram feitos ainda a instalação das redes de água e esgoto, fase de instalação de eletrodutos.

Já o Estádio Nilton Santos construído no ano 2000 foi apenas adaptado para receber as partidas de futeboldos JMPI: foram construídos acessos à arquibancada leste, pintura externa e interna do estádio, reparos elétricos e hidráulicos e a reforma da cabine de imprensa.

Espaços confirmados

Procurado pelo Conexão Tocantins nesta sexta-feira, 25, o Comitê Organizador dos Jogos Indígenas informou que quem responde pelo projeto inicial é a Prefeitura de Palmas.  Os indígenas nacionais ficarão no espaço chamado ocara onde ficarão várias ocas e os internacionais nas escolas de tempo integral da capital. Outro espaço será a oca da sabedoria, um espaço especial para acolher as representações indígenas, promovendo uma arena de debates, reflexões, intercâmbios culturais, mostras artesanais e interação com capacidade para 500 pessoas. A oca da sabedoria será confeccionada em bambu tratado, juta e esteiras de palha.

Um terceiro espaço é a oca digital onde serão disponibilizadas estações de computadores com acesso livre à internet.

A feira de artesanato é o outro espaço que terá no evento, destinado a demonstrar, divulgar, fortalecer e comercializar o artesanato indígena. O local contará com pavilhões compostos por 45 bancas (2m x 2m) para expositores, área de convivência, loja de produtos oficiais do evento, sala de apoio, almoxarifados e espaços para patrocinadores. Além da comercialização de arte tradicional, a feira contará com uma programação diversificada, com pocket shows de artistas nacionais e performances indígenas de grupos artísticos locais e internacionais.

Outro local dos jogos será a feira da agricultura que é um espaço destinado à comercialização, troca e apresentação de alimentos in natura, orgânicos e sustentáveis oriundos de terras indígenas. O último espaço que terá no evento é a arena green, criada  para recepcionar os valores esportivos indígenas de 22 países e do Brasil, com a representação das primeiras nações, línguas e costumes. A estrutura receberá cerca de 10.000 mil pessoas ao ar livre, por dia.

Manifestação

Indígenas no Tocantins, contrários à realização dos Jogos Mundiais Indígenas (JMI), organizam manifestação para o evento que tem início no dia 23 de outubro. Mesmo sendo da etnia confirmada para participar, o presidente da Associação dos Professores Indígenas do Tocantins, Manoel Javaé, informou em entrevista ao Conexão Tocantins na manhã desta quinta-feira, 25, que o Movimento Indígena - formado por várias lideranças - está puxando os índios descontentes para participação no manifesto.

Manoel posicionou ser contrário, mas confirmou que, até então, a etnia Javaé é certa para participar dos JMI. "Sou contra porque eles só querem usar a população indígena. Dá uma revolta ver que gastam milhões enquanto muitos índios estão morrendo pela terra", afirmou. 

De acordo com Manoel, os Jogos Mundiais Indígenas não trarão nenhum benefício a população indígena. "Só vão expor os indígenas", afirmou.