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Foto: Divulgação

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Se nos Jogos Olímpicos o mundo prende a respiração pelos nove ou dez segundos da prova mais veloz do atletismo – os 100 metros rasos –, o público que lotou, na tarde da sexta-feira (30), as arquibancadas da Arena dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI) também parou para assistir as performances dos indígenas velocistas na última bateria da prova de velocidade. No masculino, Belarmino Xerente levantou a torcida ao cruzar a linha de chegada em primeiro, liderando de ponta a ponta. Entre as mulheres, Carol Pinheiro Pataxó venceu uma disputa acirrada e tornou-se campeã mundial da prova.

Com porte físico de corredor – alto e magro, dono de passadas largas –, Belarmino, do povo Xerente de Tocantins, ainda teve fôlego para dar uma volta olímpica, incentivando a vibração de seus conterrâneos: “Eu dedico a minha vitória ao meu povo, à Palmas, a cidade que eu estou representando, e todos os brasileiros”, celebrou o vencedor, que treinava cerca de três vezes por dia no local da final. “A prova foi tranquila porque não tive medo. Sou o índio mais rápido do mundo”.

E a inspiração de Belarmino vem da Jamaica: em sua comemoração, fez questão de imitar o gesto do raio, marca de Usain Bolt, campeão mundial e olímpico nos 100m rasos, 200m rasos e do revezamento 4x100m: “Eu o acompanho pela tevê e gosto muito dele. Tenho o sonho de entrar no atletismo”, revela o Xerente, de 22 anos.

Primeira colocada da prova feminina, Carol Pataxó não conseguiu festejar a conquista com seu povo. Embolada com as atletas que vinham logo atrás, Carol acabou sendo derrubada por uma adversária no instante em que concluiu o trajeto. A atleta caiu por cima de seu braço esquerdo e precisou ser retirada pela equipe de bombeiros imobilizada em uma maca. Com suspeita de luxação ou fratura, Carol foi levada para o Hospital Geral de Palmas (HGP) para ser submetida a exames conclusivos.

O acidente com a campeã acabou adiando a cerimônia de premiação para este sábado (31), quando acontecerão as finais do arremesso de lança, arco e flecha e cabo de força, bem como a cerimônia de encerramento. Cinco atletas fizeram parte da final masculina – além de Belarmino, Iranil Bakairi, Moisés Xerente, Washington Pataxó e Pavoni Xavante conseguiram a classificação.
Ivonilena Xerente, Sara Kanela e Keliane Xerente foram superadas por Carol na decisão feminina.

Nas corridas de 100 metros e de fundo dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, o tempo dos atletas não é oficialmente marcado e o vencedor é definido apenas de acordo com a ordem de chegada. Esta medida corrobora o espírito do evento de não incentivar a competição e evitar os parâmetros adotados em provas profissionais, valorizando a celebração e integração dos povos. (EBC)