Conexão Tocantins - O Brasil que se encontra aqui é visto pelo mundo
Estado

Foto: Sara Cardoso Técnicos e lideranças reunidos para discutir ações de prevenção de acidentes Técnicos e lideranças reunidos para discutir ações de prevenção de acidentes

Reduzir em 50% o número de vítimas de acidentes de trânsito: esta é a meta do Governo do Tocantins para um plano de ações que está sendo articulado entre diferentes órgãos de competência federal, estadual e municipal a partir de 2017 até 2020. A meta foi proposta em reunião realizada nessa segunda-feira, 24, no auditório do Instituto Vinte de Maio, em Palmas. A intenção é reproduzir a metodologia de trabalho intersetorial do Projeto Vida no Trânsito, implantado em Palmas em 2013, e que utiliza bases de dados qualificados para determinar pontos críticos para acidentes e identificação de fatores de risco para determinar intervenções práticas para prevenção de acidentes, reforço na fiscalização e investimentos em educação para o trânsito.

O secretário estadual de Saúde, Marcos Musafir, explicou que “a intenção é canalizar todas as forças para reduzir efetivamente o número de vítimas no trânsito, tanto nos veículos mais vulneráveis, como motocicletas, bicicletas e os próprios pedestres, como até a alta velocidade e o uso de bebidas e outras drogas no trânsito.O objetivo é reduzir, conscientizar a população da sua responsabilidade e queremos fazer isso em conjunto com todas as instituições ligadas ao tema trânsito”, disse.

Vítor Pavarino, consultor da Organização Panamericana de Saúde (Opas) no Brasil, também participou da reunião e compartilhou exemplos de intervenções exitosas desenvolvidas no Brasil e em outros países para direcionamento das discussões. “O fato de já termos trabalhado com Palmas, com certeza vai ajudar nessa ampliação de esforços. Não se trata de uma repetição do que aconteceu em Palmas, mas uma adaptação às possibilidades e necessidades do Estado a partir da experiência de Palmas”, explicou Vítor Pavarino, se referindo à experiência da Capital com a execução do Projeto Vida no Trânsito.

Discussões

Após esclarecimentos dos representantes de cada órgão representado na reunião sobre seu potencial de colaboração com o plano de ações, foi proposta a seleção dos dez municípios com maior número de registros de acidentes para desenvolvimento do plano e a elaboração de cronograma mensal elaborado intersetorialmente para direcionamento das ações de prevenção e reforço na fiscalização das leis de trânsito. O objetivo comum das ações discutidas é a mudança da cultura de condutores e pedestres. 

Desta forma, para apoiar a replicação da metodologia do Projeto Vida no Trânsito por todo o Estado, a superintendente de Vigilância, Prevenção e Proteção à Saúde, Liliana Fava, justificou a intenção da Saúde em liderar esta iniciativa. “Os acidentes de trânsito são uma das maiores causas de internação hospitalar. Isso impacta diretamente em questões econômica, sociais e da qualidade de vida da vítima e de sua família, o que acaba prejudicando todo o cenário de saúde. Pensando nisso, estamos buscando capilarizar iniciativas para outros municípios, a exemplo de Gurupi e Araguaína, que também impactam na saúde, porque são municípios grandes e que também sofrem influência das rodovias federais”, completou a superintendente.  Argumento recorrente entre os presentes e reforçado pelo coronel Ramos, da Polícia Militar (PM), é a intenção de todas as estratégias pensadas pelo grupo em mudar a cultura de condutores e pedestres. “No dia em que se faz uma blitz e não há um flagrante, ficamos satisfeitos porque nosso interesse é que todo mundo esteja correto”, completou.

Dados mais qualificados

Para ilustrar a emergência dessa iniciativa, Musafir explicou que grande demanda de atendimentos complexos e onerosos aos cofres da Saúde são fruto dos acidentes de trânsito e que é grande preocupação os traumas causados por acidentes envolvendo motocicletas. Segundo os registros de internação do Hospital Geral de Palmas (HGP), em setembro de 2016, 57,36% (164) das internações encaminhadas à ortopedia do hospital foram de vítimas de acidentes de motocicleta. Em contraponto, 21% (60) das internações aos cuidados da ortopedia no mesmo mês foram de vítimas de acidente com carros de passeio.

Na Saúde, foi ressaltado que estatísticas mais qualificadas estão sendo levantadas na rede hospitalar do Estado para auxiliar na identificação de perfis de vítimas e fatores de risco para acidentes. Além disso, foi informado que a partir de janeiro de 2017 os Centros Estaduais de Reabilitação (CER) irão iniciar o levantamento de seus usuários que permita identificar quais pacientes são vítimas de acidente e com quais tipos de trauma deu entrada no serviço.

Esforço intersetorial

A presidente do Projeto Vida no Trânsito em Palmas, Marta Malheiros, lembrou que a experiência do projeto demonstrou que a mudança de atitude no trânsito inicialmente foram mais efetivas com fiscalizações associadas a atividades educativas. 

Sobre a execução do projeto, o consultor da Opas avaliou positivamente os resultados obtidos na Capital. “Acompanhamos principalmente o projeto durante a fase piloto, quando a Opas esteve mais diretamente envolvida, junto com Bloomberg, a [ONG] GRSP e todo o consórcio de parceiros. Avaliamos muito positivamente o trabalho aqui, não só na questão da redução da morbimortalidade no trânsito, mas no que ela implicou em termos de promover uma integração dos diversos órgãos envolvidos na temática. Foi possível fazer a Saúde conversar com a Segurança Pública, com a Educação e tantas outras áreas que lidam com a temática trânsito”, disse Vítor Pavarino. Segundo o superintendente de trânsito, Alexandre Guerreiro, todos os esforços empregados já permitem a Palmas comemorar atualmente a marca de três carnavais seguidos sem mortes por acidente de trânsito.

Todos os presentes ratificaram intenção em colaborar, a exemplo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que informou que nas cidades próximas a postos de fiscalização já existe parceria com a Polícia Militar para utilização de etilômetros da PRF nos flagrantes de desrespeito à Lei Seca.  Além da PRF, estiveram presentes representantes e técnicos da Secretaria de Estado da Saúde, Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Prefeitura de Palmas, Polícia Militar (PM), Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Tocantins (Cosems), etc.

As discussões seguem até a manhã desta terça-feira, 25, no mesmo local, com o consultor da Opas reunido com o corpo técnico dos órgãos convidados.