Conexão Tocantins - O Brasil que se encontra aqui é visto pelo mundo
Polí­tica

Foto: Jane de Araújo/Agência Senado

Foto: Jane de Araújo/Agência Senado

A senadora Kátia Abreu (PMDB/TO), ex-ministra da Agricultura, subiu na tribuna do Senado na sessão vespertina desta terça-feira, 21, para criticar a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Kátia disse estar se sentindo derrotada. "Desde sexta-feira que estamos assistindo nos canais de comunicação, televisão, rádios, jornais, nas redes sociais, uma verdadeira operação, destruição da pecuária de corte, bovina, suína e de aves. Estamos desde sexta-feira, eu particularmente, totalmente, me sentido derrotada por tudo que nós fizemos, por tudo que construímos", afirmou. 

Kátia Abreu disse que não é por não ser mais ministra da Agricultura, que esteja comemorando. "Eu sinceramente estou derrotada desde sexta-feira, porque quando podem atacar um produto, uma cadeia, um segmento, no Brasil, isso ataca a qualquer um de nós". 

A senadora pedirá explicações quanto ao custo dos 1.100 agentes participantes da Operação. Kátia falou em festival de horrores. "A Polícia Federal, com um festival de horrores, com 1.100 agentes, que quero deixar aqui na mesa o pedido com o custo desses 1.100 agentes nas ruas porque não estavam atrás de traficantes, não estavam atrás de assassinos. Eu não conheço nenhuma operação dessa envergadura atrás de fiscais federais e empresários", criticou 

A ex-ministra lembrou dos seus quase 30 anos à frente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o ano e meio que esteve representando o Ministério da Agricultura. A senadora defendeu que houve um crime de lesa-pátria nas ações da PF. "A minha dor é lembrar de uma história maravilhosa que esse Brasil construiu e agora olharmos nos rostos das mães e pais de família que tem uma dúvida hoje em suas cabeças com relação a qualidade da carne brasileira. Isso não tem nome, isso é um crime de lesa-pátria", afirmou.  

Kátia Abreu informou que, de acordo com o IBGE, 80% dos pecuarista do País são de pequeno porte e que estes serão prejudicados. "Esse pesadelo de ver a imagem ferida de um filho pródigo que é a pecuária brasileira. Que nós construímos com várias, centenas mãos, de muitos que já se foram, que já morreram e agora nos depararmos com uma situação ridícula dessa".

Segundo a senadora, toda nação defende suas causas com patriotismo. "Como se comportou a Irlanda, como se comportou a Inglaterra diante da vaca louca? Diante de tantos episódios que tiveram risco no mundo todo? Cada um dos seus países se agarraram as suas causas, puniram os bandidos, puseram na cadeia, mas não entregaram aos leões, a sua própria sorte, a sua própria vida, o sangue e a energia da sua economia. Queria ver os suíços se tivesse um erro na sua produção se iam detonar com a produção de relógio da Suíça. Queria ver os americanos destruírem a Ford ou a Chevrolet. Nós não temos relógio suíço, não temos Chevrolet, não temos a Volkswagen da Alemanha que todos nós sabemos o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial, mas nós temos é comida, é alimento que alimenta o povo brasileiro que trabalha e compra a sua comida", disse. 

Para a ex-ministra, o Brasil produz um dos alimentos mais baratos do mundo - a carne. "Porque há 40 anos o brasileiro comia 10 quilos de carne por ano e hoje, graças a Deus, conseguimos dobrar o consumo per capita não só de carne bovina, mas de frango que hoje é a carne mais consumida do Brasil", informou. 

"São 2.700 fiscais federais agropecuários e uma corja pequena de 33 pessoas que querem manchar o nome de uma das coisas mais preciosas em todo o País. Nós não vamos permitir!", defendeu a senadora. A ex-ministra ainda frisou que se não fosse o Senado, não existiria a Polícia Federal. "Também não vamos deixar que um delegado, que meia duzia de chefes da PF possam manchar o trabalho da Polícia Federal no Brasil. Praticaram um crime de lesa-pátria", reafirmou. 

A senadora disse ainda que as ações da PF podem resultar em atraso de quase 10 anos e defendeu a aprovação da Lei de Abuso de Autoridade. "Pode nos dar um atraso de 10 anos na nossa vida, na nossa história, por vaidade, por arrogância, por abuso de autoridade. Por isso estamos aqui e vamos aprovar sim a lei de abuso de autoridade, doa a quem doer. Não é só para juiz, é para todos aqueles que afrontam, que se julgam estrelas acima do bem e do mal prejudicando estados por esse Brasil afora", disse. 

Tocantins 

A senadora Kátia Abreu disse que o Tocantins será um dos estados mais prejudicados. "O meu Estado do Tocantins, são 13 anos livre da febre aftosa, sem nenhum foco, sem nada e vai ser um dos estados mais prejudicados porque a pecuária é o coração, é o cerne da economia do Tocantins". 

Confira abaixo o pronunciamento da senadora na íntegra.