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Estado

Foto: Divulgação

Provavelmente talvez você ainda não tenha parado para pensar qual é o profissional que dá a sua vida para salvar outras, não é mesmo?! Em uma breve indagação, possivelmente a primeira sugestão que virá à sua cabeça são os médicos ou os enfermeiros, sem querer tirar o mérito desses profissionais, mas e os Policiais? Deixar todos os dias as suas famílias em casa, independente de horários, dias da semana ou feriados para serem submetidos a confrontos com a criminalidade, onde não se têm a certeza de que sairão vivos, é o que fazem os Policiais Civis que, além de possuir várias outras atribuições investigativas, por vezes sequer são lembrados ou reconhecidos.

E já que nesta semana se comemora o Dia do Policial Civil (21 de abril), nada mais justo do que reconhecer o importante papel que esses profissionais desempenham, lutando para tornar a sociedade mais segura com as investigações e resoluções dos crimes. O Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Tocantins (Sinpol-TO) presta essa homenagem trazendo algumas histórias dos Policiais Civis do Estado do Tocantins que apesar dos percalços e desvalorização prevalecem cumprindo o seu papel dia após dia, demonstrando o quão essencial é esta profissão.

A Polícia Civil é constituída por vários cargos. Diferenciada dos demais policiamentos por possuir um caráter exclusivamente investigativo, no Tocantins, ela possui funções muito bem definidas pelo Estatuto da categoria que se dividem em: Agente de Polícia, Perito Oficial, Delegado de Polícia, Agente de Necrotomia, Escrivão de Polícia e Papiloscopista.

Para uma melhor compreensão sobre a atuação da Polícia Civil nas resoluções dos crimes, ela difere da Polícia Militar, pois atua na investigação dos casos, enquanto a PM é ostensiva o que significa estar diretamente ligada à prevenção e repressão à criminalidade (atuar antes do crime). Em um crime de homicídio, por exemplo, como o crime já aconteceu, o correto é acionar a Polícia Civil pelo 197 que irá fazer o isolamento do local, a perícia, cuidar da investigação e desfecho do caso.

O dia a dia de um Agente de Polícia

O Agente de Polícia é o Policial Civil que está diretamente ligado à parte operacional. Diariamente este é encarregado de efetuar prisões seja no momento em que o criminoso comete o crime (flagrante delito) ou em virtude da ordem de um juiz (mandado judicial), investigações em operações diversas, observar suspeitos da prática de infrações penais, realizar escoltas intermunicipais e interestaduais de presos e demais funções administrativas que lhe forem atribuídas. Nas investigações, esses profissionais recolhem provas e depoimentos para instaurar o Inquérito Policial (a investigação) que posteriormente serve de base para o Ministério Público denunciar os autores dos crimes e encaminhar os casos ao Poder Judiciário para as medidas cabíveis (julgamento e sentença final).

No Tocantins, a função de Agente de Polícia é prevista na Lei nº 3.461, de 25 de abril de 2019 que dispõe sobre o Estatuto dos Servidores da Polícia Civil do Estado do Tocantins. Um marco importante na carreira aconteceu em 2017 com a determinação da Lei 3.195 de 26 de abril que extinguiu o cargo de Agente Penitenciário e todos foram aproveitados no cargo de Agente de Polícia que por sua vez já existia.

Todos estes profissionais estão distribuídos nas diversas Delegacias do Estado, entre as especializadas, circunscricionais, regionais, centrais de atendimento e outras. Fabiano da Silva Melo é um dos Agentes de Polícia que tem desempenhado um trabalho fundamental na Delegacia Especializada de Repressão a Roubos (DRR), de Araguaína, desde a sua criação em 2018. Ao ingressar como Policial Civil no Tocantins, em 2005, ele atuou também no primeiro Distrito Policial e na Delegacia Regional da cidade, na 30ª Delegacia de Polícia de Wanderlândia, entre outras unidades policiais.

Relatando a sua experiência profissional na PC/TO, Fabiano explica que em 2017, a cidade de Araguaína sofreu uma quantidade alarmante de roubos, cerca de 8 a 10 aconteciam diariamente, e aquele ano se encerrou com aproximadamente 2 mil ocorrências registradas, sem contar as cifras negras que não foram computadas. Com isso, surgiu a necessidade da implantação da DRR que, ainda segundo ele, reduziu o número de ocorrências de roubos em 50% entre 2018 até o presente momento.

Neste cenário, Fabiano chegou a atuar em 500 casos investigados e participou de cerca de 130 prisões de assaltantes, sempre trabalhando em equipe e utilizando desde os meios tradicionais de investigação até os mais sofisticados dos quais a unidade implantou e desenvolveu. “Neste período realizamos trabalhos de investigação interestadual atuando em conjunto com as Polícias Civis do Goiás, Pará, Maranhão, Pernambuco, Bahia e Ceará, ressaltando que a DRR quem deu origem a estas investigações com resultado em desmantelamento de associações criminosas que há anos atuavam no roubo de carga nas rodovias federais e estaduais transitando impunemente pelos Estados da federação”, comenta o Agente de Polícia, acrescentando ainda que o trabalho resultou em uma homenagem pelo número dos casos investigados. 

O profissional afirma ainda que mesmo em meio às dificuldades para desempenhar a função, ele acredita em avanços e que a escolha pelo cargo o tornou alguém melhor. “Minha avaliação é que a Polícia Civil do Tocantins atua com excelência, é claro que não podemos negar que algumas unidades não dispõem da estrutura necessária, inclusive a nossa, e nesse quesito temos a esperança de melhorias. Sou apaixonado pela profissão, sobretudo pela investigação, devo tudo que tenho a esta honrosa Instituição, aqui ingressei aos 23 anos de idade, aprendi os valores éticos e morais e acima de tudo, a sempre trilhar no caminho reto da justiça, amadureci como profissional, como pessoa, construí minha família e hoje sou realizado e feliz”, conclui Fabiano.

Ser policial para ajudar as pessoas

Alene Mendes Rocha também é Agente de Polícia, lotada atualmente na 9ª Central de Flagrantes de Paraíso. Ao se tornar efetiva na PC/TO, em 2009, atuou na Delegacia de Polícia de Araguatins e após um ano de exercício na cidade foi transferida para a 5ª Delegacia Regional de Polícia Civil, onde trabalhou nas cidades de Caseara e Divinópolis. Em 2012, Alene conseguiu a sua remoção para a cidade de Paraíso onde trabalhou em praticamente todas as Delegacias, mas a maior atuação aconteceu nas Delegacias Especializadas em Atendimento à Mulher (DEAM) e à Criança e Adolescente (DECA).

A escolha pela profissão já era um sonho desde o início da graduação em Direito. Após concluir o curso, Alene viu na Polícia Civil uma oportunidade, pois além da admiração pela carreira, tinha como propósito de vida ajudar as pessoas. “Foi aí que busquei conhecer cada cargo dentro da Instituição e de imediato me encantei pelas atribuições do cargo de Agente de Polícia, por ser um cargo dinâmico e único. Nele não há rotina, se tem contato com muitas histórias e pessoas, o que proporciona uma grande experiência de vida, sem contar que neste cargo podemos ajudar as pessoas nas mais infinitas formas de doação, ser altruísta é uma característica do Agente de Polícia, pois dedicamos, corremos risco, perdemos momentos bons em família para dedicar tempo ao cidadão que recorrem a nós”, afirma Alene.

Ao recordar o primeiro dia de trabalho, em Araguatins, Alene esclarece que, com o mesmo objetivo que tinha de apoiar as pessoas, recebeu auxílio dos colegas de trabalho e logo percebeu que estava ingressando em uma Instituição séria e repleta de pessoas comprometidas em ajudar o próximo. Sobre o aprendizado de todos esses anos, a Agente de Polícia afirma que para exercer com efetividade a profissão é preciso, além do trabalho em equipe, ter dedicação. “Em poucas profissões, como na Polícia, mais especificamente como Agente de Polícia, ficou tão claro que é impossível alcançar objetivos, cumprir metas ou completar uma missão sem que haja integração, unidade e comprometimento, pois quando estamos em serviço, confiamos a nossa vida e nos responsabilizamos pela do outro”, pondera.

A presidente do Sinpol-TO, Suzi Francisca, parabeniza todos os Policiais Civis do Estado. “É evidente que o papel dos Agentes de Polícia Civil é imprescindível para as investigações realizadas diariamente no Tocantins, assim como os demais cargos. As histórias do Fabiano e da Alene comprovam que temos profissionais competentes e dedicados com os cidadãos tocantinenses, que entregam diariamente as suas vidas para salvar outras. O Sinpol-TO parabeniza a todos, reconhecendo o compromisso que os Policiais do Tocantins têm em suas atribuições e na missão constitucional de solucionar os crimes”, felicita Suzi.