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Polí­tica

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Durante a audiência pública com o embaixador da Rússia no Brasil, nesta terça-feira (5), a presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senadora Kátia Abreu (PP-TO), afirmou que o Brasil defende “cessar-fogo imediato na guerra na Ucrânia”. Por sua vez, o diplomata russo Alexey Kazimirovitch Labetskiy chamou a guerra de “operação especial no território da Ucrânia” e apresentou argumentos do governo russo sobre o conflito.

"A não suspensão imediata das hostilidades pode, a cada dia, aumentar o número de mortos em populações civis indefesas e aprofundar a grande crise humanitária decorrente do maior fluxo de refugiados em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial. (...) O Brasil tem marcado posição em defesa do cessar-fogo imediato e de negociações que conduzam a uma paz duradoura e sustentável", afirmou Kátia Abreu.

O diplomata disse que a crise na região começou em fevereiro de 2014, quando houve um golpe de estado na Ucrânia que derrubou o então governo eleito. Segundo ele, o golpe foi feito por “nacionalistas, direitistas e nazifascistas” ucranianos, com apoio de países do Ocidente.

Alexey afirmou também que, depois de 2014, regiões como Donetsk e Lugansk passaram a querer independência e assinaram acordos com a Ucrânia. Entretanto, ele disse que o governo ucraniano nunca respeitou esses tratados e passou a oprimir as populações das regiões separatistas.

Tumor nazista

De acordo com o embaixador russo, neofascistas e nacionalistas ucranianos “queimaram 50 pessoas em Odessa” em maio de 2014. Ele acusou grupos e batalhões vinculados a esses movimentos de usarem símbolos nazistas. E declarou que a Rússia apoia as populações desses territórios que proclamaram independência. "Não podemos tolerar o surgimento de um tumor nazista na nossa fronteira. (...) O tumor nazista precisa ser aniquilado para sempre". 

Alexey ressaltou que a Rússia é crítica da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nas últimas décadas. Para ele, o alargamento da Otan é considerado uma ameaça para a Federação Russa.

O embaixador argumentou que a “operação especial na Ucrânia” foi iniciada “quando ficou claro” que a população russa que morava nas regiões separatistas “corria risco de vida”. Entretanto, ele elogiou as negociações de paz, que estão em andamento com reuniões diárias.

Nada justifica a guerra

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) destacou que o Brasil tem um histórico como país pacífico. Ele questionou o embaixador sobre supostos excessos cometidos pelo exército russo contra a população civil ucraniana.

"Nada que o senhor possa colocar aqui vai justificar uma vida que foi perdida lá", disse Marcos do Val ao condenar a guerra.

Comércio bilateral

O senador Zequinha Marinho (PL-PA) registrou que a Rússia é um importante parceiro comercial do Brasil. Ele citou o exemplo da venda de fertilizantes russos para a agricultura brasileira.

Zequinha pediu ao embaixador informações sobre os contratos de compra de nitrogênio e fertilizantes pelo Brasil frente às sanções internacionais contra o sistema econômico russo.

Alexey respondeu que o Brasil é o maior parceiro econômico da Federação Russa na América Latina. A Rússia exporta principalmente fertilizantes para o Brasil, que, por sua vez, vende àquele país produtos agroindustriais.

O embaixador afirmou que o governo russo deseja aumentar a cooperação entre ambas as nações e garantiu a continuidade do fornecimento de fertilizantes, mesmo com o bloqueio econômico enfrentado pela Rússia, que ele chamou de “sanções ilegítimas”.

"Queremos continuar fornecendo fertilizantes para o Brasil. (...) o nosso mercado está aberto para os produtos finais da agroindústria brasileira", frisou Alexey.

Invasão

O senador Esperidião Amin (PP-SC) afirmou que, para os brasileiros, a operação da Rússia na Ucrânia é uma invasão e vai acabar por fortalecer a Otan.

"Para nós é uma invasão, porque é no território do outro", disse o senador.

Alexey reiterou que a Rússia considera inaceitável a entrada da Ucrânia na organização militar ocidental.

O senador Chico Rodrigues (DEM-RR) quis saber do embaixador se há possibilidade de guerra entre Rússia e Otan ou se as negociações de paz vão prosperar.

'A guerra não é o melhor caminho", pontuou Chico Rodrigues.

O embaixador respondeu que não pode prever o que acontecerá daqui em diante, mas garantiu que a “operação especial” um dia terá fim. (Agência Senado)