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Foto: Josy Karla Genebaldo de Queiroz é o responsável pelo Departamento de Grãos e Oleaginosas da Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária Genebaldo de Queiroz é o responsável pelo Departamento de Grãos e Oleaginosas da Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária

A gestão do Governo do Estado garantiu a retirada do Tocantins da zona de exclusão do plantio do algodão transgênico, fato que já mobiliza produtores tocantinenses, que estão se preparando para plantar o algodão geneticamente modificado. Segundo o responsável pelo Departamento de Grãos e Oleaginosas da Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária (Seagro), Genebaldo de Queiroz, o cultivo do transgênico traz vantagens aos produtores, já que o mesmo apresenta redução no custo de produção. “O algodão é uma das culturas que mais sofre ataque de pragas como lagartas, o pulgão e a mosca branca, e o transgênico, além de resistir bem ao herbicida também é resistente às pragas, o que diminui em até 80% o uso de inseticida”, afirmou.

Segundo o técnico, a expectativa é que a liberação do transgênico, aliada ao clima adequado e à logística que o Estado oferece, produtores de soja e milho passem também a produzir algodão, já que em agricultura é recomendável a rotação de culturas, o que melhora a condição destas. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que no Tocantins, na safra 2012/13 foram produzidas 18,9 mil toneladas de algodão em caroço (7,3 mil toneladas de algodão em pluma), e a projeção é que a produção na safra 2013/14 suba para 30,7 mil toneladas de algodão em caroço (11,8 mil toneladas de algodão em pluma).

Para o gerente das fazendas do Grupo Cunha, Luciano Biancini, que atua também na Bahia e no Tocantins e planta 3,5 mil hectares de soja e 3 mil hectares de algodão, a medida chega em boa hora. “Já estávamos pensando em abandonar o cultivo do algodão, pois estava ficando inviável com o problema de pragas envolvendo a cultura, e agora, mesmo com o alto valor dos royalties, será possível manter a produção, com mais segurança e sem os gastos com 7 a 8 aplicações de defensivos”, informou. Segundo Biancini, o grupo já trabalha no sistema de rotação de culturas, que será mantido.

O empresário Mário Lélis, que possui propriedades de terra em Gurupi e Sucupira, pretende montar uma indústria para processar o algodão transgênico. “Parte dos equipamentos para a montagem da usina de processamento já estão aqui no Estado e tenho também todo o maquinário para a produção que exige muito menos mão de obra que o algodão convencional”, disse. Segundo o empresário, a usina deve entrar em operação no próximo ano e irá processar os mil hectares que ele e produtores vizinhos irão plantar a partir da segunda quinzena de dezembro deste ano.

Liberação 

Segundo Genebaldo de Queiroz, a partir de 2005, com a liberação do transgênico no Brasil, a Embrapa sugeriu a restrição da produção em toda a Região Amazônica, Região Norte, no norte do Mato Grosso, parte do Maranhão e certas regiões nordestinas. De acordo com o técnico da Seagro, com o tempo e o desenvolvimento de novas tecnologias que permitiram conhecer melhor a transgenia, a Embrapa emitiu parecer reconhecendo que o Tocantins não precisava estar incluído na zona de exclusão.

 “A partir daí, a gente aqui da secretaria começou a enviar pedidos e ofícios até conseguirmos o parecer favorável da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e, finalmente, o Decreto do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) derrubando decreto anterior, de 2005, que proibia o plantio no Estado,” concluiu Queiros, lembrando que os demais estados da zona de exclusão continuam impedidos de plantar o algodão transgênico. (ATN)