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Campo

Foto: Divulgação

Incentivar o aumento da produção por meio de praticas agrícolas economicamente viáveis, ecologicamente sustentáveis e socialmente justas dentro dos conceitos de diversificação e melhor uso das terras do Tocantins, são alguns dos objetivos da capacitação em Meliponicultura – criação de abelhas sem ferrão - promovida pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), em parceria com a Federação Tocantinense de Apicultores (Fetoapi) e a ONG - Associação Nordesta Reflorestamento e Educação, de Minas Gerais.

O curso teve inicio na manhã desta terça-feira, 26, na sede central do Ruraltins, em Palmas e reuniu mais de 30 apicultores do Estado além de técnicos agrícolas, extensionistas rurais, e interessados em ingressar na atividade apícola.

Ministrado pelo representante da Nordesta, José Mauro de Souza, o encontro pretende formar multiplicadores de conhecimento que possam levar informações para os mais diversos locais do Tocantins.

“A criação de abelha é uma das poucas atividades no mundo que se sustenta nos quatros pilares da sustentabilidade humana, ou seja, ela é cultural porque faz parte da história, da música e da medicina, tida como alternativa, ela é social porque quando não se tem a safra agrícola no campo, a família pode se dedicar a arte de criar abelhas, é econômica porque em dois anos se recupera todo o investimento aplicado, é ecológica porque precisa de uma vegetação diversificada e em quantidade para que as abelhas possam produzir mel, pólen, própolis, cera e geoprópolis. Além disso, o consumo serve ainda para a  prevenção e cura de doenças, oferecendo maior qualidade de vida” explicou Souza.

Para o presidente da Federação Tocantinense de Apicultura, Antonildo Alexandre de Medeiros, a realização do curso pelo Ruraltins é de fundamental importância para incentivar a criação de abelhas sem ferrão. “A criação dessas espécies de abelhas garante aos produtores um excelente rendimento de forma rápida e segura, pois ao contrario das Abelhas Aps - Africanizadas, não possuem ferrões, podem ser criadas nas residências, em caixas pequenas e ocupam menos espaço, além de ser uma atividade ecologicamente correta”, considera.

Segundo o extensionista Odilio Menezes, responsável pelo setor de apicultura do Ruraltins,  as ações desenvolvidas por meio dos cursos de capacitação visam expandir o conhecimento para formar multiplicadores e aumentar a produção. “A procura pelo produto no mercado é cada vez maior, e quanto mais difundirmos a atividade maior será o numero de pessoas interessadas na criação de abelhas dessa espécie. Isso é a garantia de geração de renda para as famílias e com baixo custo de investimento”, ressaltou Menezes.

O apicultor de Nova Olinda, cidade localizada a 310 km de Palmas, Magno Freire de Castro, 47 anos, é um dos participantes do curso. Ele nos conta que há 18 anos trabalha na criação de abelhas Apis-Africanizadas (abelha com ferrão), e há três iniciou a criação de abelhas nativas (sem ferrão).  O apicultor disse ainda que possui oito apiários com uma produção de 6 mil toneladas/ano, proporcionando faturamento mensal de até R$ 7 mil, sendo que toda produção é comercializada no Tocantins, nas cidades de Araguaina, Paraiso do Tocantins, Gurupi e Palmas.

“Esse curso é uma grande oportunidade para adquirirmos mais conhecimento e melhorar nossa produção, além de trocarmos experiências com outros apicultores do Estado e esclarecer dúvidas. Estou muito satisfeito com a atividade, pois os recursos vindos da apicultura proporcionaram investimentos em outras atividades comerciais que garantem o sustento e a melhoria da qualidade de vida da minha família”, comemora Castro.

A capacitação prossegue até a próxima quinta-feira, 28, abordando temas como: a biologia das abelhas; inimigos naturais; causas do desaparecimento das abelhas; flora para meliponíneos;  implantação de meliponários;  principais manejos; coleta e conservação de mel; legislação e conteúdo prático.

Produção

O setor de apicultura no Tocantins conta atualmente com 52 associações e duas cooperativas envolvendo cerca de 1.500 apicultores. A produção gira em torno de 300 toneladas de mel e a meta é chegar a mil toneladas em 2014. O município de Nova Olinda, na região norte, é o maior produtor.

De acordo com a União Nordestina de Apicultura e Meliponicultura (Unamel), o Brasil é o nono maior produtor de mel, ficando atrás de países como China, Estados Unidos e Argentina. A produção brasileira alcançou 41,5 mil toneladas em 2010. Atualmente, o Brasil é o quinto maior exportador do produto, com 16,7 mil toneladas vendidas ao exterior.

Nos últimos dez anos, as regiões Norte e Nordeste, consideradas as novas fronteiras apícolas do Brasil, foram as que mais cresceram em produção de mel. (Ascom Ruraltins)