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Cultura

Faleceu nesta sexta-feira, 12, Valmira da Cruz, 87 anos, que residiu durante mais de 50 anos nas proximidades de Porto Nacional.

Dona Valmirinha, como era conhecida, foi responsável por vários partos nos tempos em que a assistência médica não existia nas comunidades mais distantes. Além de parteira antiga da região era conhecida por ser uma das benzedeiras mais populares.

A dona de casa era sempre procurada por alguns estudiosos da área de História por seu vasto conhecimento com cantigas e rezas antigas e ainda na dança conhecida como Sússia, de matriz africana, originada nos quilombos. Valmirinha deixa 12 filhos.

Valorização cultural

Uma das preocupações de alguns estudiosos brasileiros é com relação à falta de documentação e registro do conhecimento de pessoas como Dona Valmirinha. O receio é de que esse patrimônio cultural imaterial não consiga ser resgatado para as gerações futuras.

De acordo com o historiador tocantinense André Luis Gomes, que trabalha junto à comunidades quilombolas do Estado, o papel social de pessoas como Dona Valmirinha é fundamental. “Ela não está ligada só a uma classe social de uma sociedade, mas sim a várias. Por mais que houve um avanço tecnológico, as pessoas que são rezadeiras e benzedeiras tem um papel social não só na crendice mas o respeito como formadora de princípios familiares”, disse.

Com a diversidade de religiões que existem, elas conseguiram sustentar uma crença que era passada de pai para filho e essa transição na questão da fé faz com que a família tenha sempre uma referência aos antepassados.