O Comitê Organizador dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas começa a semana fiscalizando as estruturas montadas para o evento mundial que começa daqui a três dias na capital Palmas/TO. Em entrevista exclusiva ao Conexão Tocantins nesta segunda-feira, 19, o articulador dos jogos, Marcos Terena, disse que pediu algumas alterações em razão da necessidade de ambientação do evento.
Terena chegou a dizer semana passada que a estrutura montada parecia mais um circo. “Tem que ter ambientação saudável não é só ficar bonita por fora. Estamos fiscalizando as estruturas, questões de segurança e temperatura”, explicou, ao dizer que algumas estruturas foram alteradas. O comitê já aprovou até agora a estrutura da Feira Internacional do Artesanal Indígena, realizada pelo Sebrae.
O comitê avisa ainda que a partir de hoje vai colocar em prática a estratégia para os jogos. “A partir de agora vamos descarregar essa estratégia, mostrar a força dos povos indígenas. Não estamos brincando de índio como diz a música da Xuxa, respeitamos a opinião dos outros, muitas críticas foram feitas. Chegou a hora de operar a voz do índio perante o mundo”, afirmou.
Durante os jogos, os indígenas vão discutir as principais demandas das aldeias do Brasil e de vários lugares do mundo. “Vamos falar da questão da dignidade humana, do território, na expectativa que os jogos sejam uma ação permanente a partir de agora”, contou.
Delegações
As primeiras delegações já começaram a chegar na capital, porém, das 43 previstas para participarem do evento, apenas 26 virão, cerca de 40% a menos. Conforme Marcos Terena, o maior problema foi a falta de patrocínio para a vinda das delegações. “Muitos não conseguiram patrocínio para vir, mas não houve prejuízo, esperávamos isso mesmo, cerca de 26 delegações”, justificou.
Outro ponto levantado por Terena é que os hotéis da cidade não comportam o quantitativo de indígenas. “Queríamos colocar todos os índios em hotéis, mas o setor hoteleiro não atende demandas de um evento dessa envergadura”, criticou.
O articulador dos jogos falou ainda ao Conexão Tocantins que não teve nenhuma participação na gestão dos recursos para o evento. “Os recursos não estão nas mãos dos índios, ficamos dependendo da gestão administrativa dos governos. Temos que ser realistas, a gente como líder do processo, temos que cuidar para que os recursos públicos do povo, dinheiro é do povo e não do governo, nós como índios tivemos que nos submeter a uma forma administrativa institucional, mas o conteúdo quem faz somos nós”, frisou.
Segundo Terena, os jogos não deixarão um legado material pelo fato de muitas obras permanentes que estavam previstas não terem sido feitas, porém, vai contribuir para uma política indigenista mais clara.