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Opinião

Foto: Conexão Tocantins

Todos os dias, andando da redação onde trabalho até o restaurante onde almoço, me deparo com situações que muito me indignam: carros estacionados sobre as calçadas enquanto os pedestres são obrigados a caminharem no meio das ruas, sob um forte sol ou se molharem durante as chuvas.

Qualquer cidadão que mora em Palmas há pelo menos um dia conhece, ou melhor, sente na pele o calor e a sensação de “queimar” que o sol aqui nos propicia. Em um dia sem nuvens no céu, a sensação térmica nesta cidade pode rodar em torno dos 45°C e, dependendo do período do ano, isso pode ser ainda pior, por causa da baixa umidade do ar, que pode chegar aos 20%.

Dando uma rápida volta pelas ruas e avenidas no centro de nossa estimada capital, podemos notar que não existem muitas árvores ou fontes de sombra para aqueles meros mortais que não possuem veículo próprio para se locomoverem (certamente eu me incluo nesta faceta da sociedade). O que nos resta, então, seriam as marquises e fachadas dos prédios comerciais que margeiam as enumeradas vias de transitação.

No período chuvoso, a situação fica ainda mais complicada por causa do alagamento das ruas. Andar de um ponto a outro da cidade, mesmo que muito próximos, vira uma aventura digna de Hollywood, com requintes de comedia pastelão de extremo mau-gosto.

E agora, caro leitor, imagino que você esteja se perguntando: “mas pra quê isso tudo?”

Pois este pedestre-jornalista lhe responde.

As pequenas situações citadas acima, são para contextualizar o que se vive nas ruas da capital do Tocantins. Não existem por aqui muitos locais de abrigo do sol ou da chuva, além de poucas marquises e fachadas de prédios. Se não bastasse isso, o que vemos, principalmente no interior das quadras ditas “comerciais” no centro da cidade, é um festival de absurdos e falta de cidadania. Carros parados em cima das calçadas, tapando as poucas sombras, ou coberturas contra os desvarios climáticos de São Pedro.

E não importa a natureza da coisa. Se pequenas empresas, se grandes empresas, se domicílios particulares...enfim, todos permitem, ou participam diretamente destes abusos. E isso tudo com direito a rampa especial para se colocar o carro na calçada em frente de casa, ou de cercar o espaço destinado aos pedestres para estacionar as motos de aulas. Vale tudo na ocupação dos poucos palmos de sombra.

Neste momento, meu querido leitor, quem pergunta sou eu: “onde está a fiscalização?”

A impressão que a cidade nos dá, é que o poder público não se importa muito com os pedestres de Palmas. Toda a atenção, no período da construção da mais nova capital do Brasil, me parece ter sido voltada à fluidez do trânsito de veículo automotores. E esta atenção se mostra tão evidente que os donos destes veículo parecem não se importar em ocupar o pouco espaço reservado para aqueles que dependem somente das solas de seus sapatos para transitar por Palmas.

Por que a prefeitura, através de seu órgão fiscalizador não coíbe este tipo de ação? Cadê o senhor Sílvio Cunha, presidente da Agência de Trânsito, Transporte e Mobilidade, que não enxerga esse problema?

É preciso se atentar, senhor Cunha, que esse tipo de situação, pode gerar multas contra os donos desses veículos. E essas multas, quando bem investidas na sociedade, podem trazer melhorias para as nossas ruas e calçadas. Recapagem das vias, construção de ciclovias, melhorias nas condições das calçadas, adequações para melhoria na acessibilidade de portadores de necessidades especiais, além, claro de liberar o tão sagrado espaço para o caminhar dos pedestres que, afinal de contas, são tão cidadãos quanto os motoristas e motociclistas.

Se você, que está lendo este simplório e indignado texto, também se sentiu lesado pela falta de espaço nas calçadas, faça também o seu questionamento. “Calçada pra quem?”