O desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek (Ponte JK), entre os municípios de Aguiarnópolis/TO a Estreito/MA, na BR 226, completa um mês nesta quarta-feira, 22. A tragédia deixou 18 vítimas: uma sobreviveu, 14 já foram localizadas e tiveram os corpos entregues às famílias para sepultamento, enquanto outras três continuam desaparecidas.
Os desaparecidos são dois homens e uma criança de 10 anos. Apesar dos mergulhos no Rio Tocantins estarem suspensos devido à abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Estreito, equipes da Marinha e também do Corpo de Bombeiros do Tocantins seguem em operação de buscas diárias às vítimas do acidente.
A operação de resgate é complexa, levando em conta a profundidade da água, aliada à presença de caminhões submersos com produtos tóxicos, veículos de passeio e os corpos das vítimas, todos em um mesmo ambiente. Três veículos de passeio, três motocicletas e quatro caminhões que trafegavam na ponte caíram no rio.
“Nossas buscas continuam na região e a equipe segue empenhada na localização dos corpos das vítimas. Caso as condições melhorem e a segurança seja garantida, estaremos prontos para colocar nossos mergulhadores em ação novamente, para retomar as buscas submersas”, disse o comandante-geral do CBMTO, coronel Peterson Queiroz de Ornelas, no último dia 16 de janeiro ao ser recebido, junto à equipe do CBMTO, pelo governador Wanderlei Barbosa no Palácio Araguaia.
Bombeiros do Tocantins continuam nas buscas aos desaparecidos. (Foto: Luiz Henrique Machado/CBMTO) O governador recebeu a equipe da Companhia Independente de Busca e Salvamento (CIBS) do CBMTO, responsável pelas buscas por vítimas do desabamento da Ponte JK. Na oportunidade, enalteceu o trabalho de todos os profissionais e anunciou que os bombeiros serão condecorados pelo governo estadual. (Foto: Luiz Henrique Machado/CBMTO)Agrotóxicos
Como já informado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) confirmou nessa terça-feira, 21, que, provavelmente até o final de abril deste ano não será possível fazer a retirada das bombonas de agrotóxicos que caíram no Rio Tocantins. O material foi parar no leito do rio após a queda da ponte.
De acordo com a ANA, três caminhões que caíram no rio transportavam 22 mil litros de defensivos agrícolas e 76 toneladas de ácido sulfúrico.
Para o atendimento à emergência, as empresas transportadoras de produtos perigosos e a empresa dona da carga de agrotóxicos, contrataram empresas de resposta a emergências químicas.
Foram realizados mergulhos no mês de janeiro, até o dia 9 do mês, com a retirada de 29 bombonas com 20 litros de agrotóxicos, cada. A partir do dia 10 de janeiro os trabalhos de mergulho e retiradas das bombonas foram suspensos por conta do aumento de vazão de água da UHE, impossibilitando operações para continuidade da retirada dos recipientes com agrotóxicos.
Considerando as dificuldades relacionadas à profundidade do rio no local do acidente, mais de 40m, a vazão de água, visibilidade, entre outros aspectos, estimou-se a necessidade de 145 dias de mergulhos para a retirada de todo o material do leito do rio, conforme indicado no Plano de Mergulho da Empresa Port Ship, contratada pela Ambipar para a atividade.
Segundo o Ibama, a realização de mergulhos no local só é possível (de maneira segura e eficaz) quando a vazão do rio está em aproximadamente 1.000 m³/s. Está vazão só é possível por ações de controle realizados pela UHE Estreito, controlada pelo Consórcio Estreito Energia - Ceste.
O Ibama reforça que com o aumento da vazão, todas as ações de mergulho ficam prejudicadas. Conforme o boletim de Acompanhamento do Sistema Hídrico do Rio Tocantins do dia 15/01/25, emitido pela ANA, a vazão de defluência a jusante da barragem estava em 7.532 m³/s, bem acima dos 1.000 m³/s.
O Ibama ainda informou que com o aumento da vazão do rio Tocantins, é esperado que as bombonas se desloquem da área do acidente, podendo insurgir em localidades distantes. Diante dessa possibilidade, segundo o Ibama, foi solicitado ao Consórcio Estreito Energia (Ceste) apresentação de previsão da vazão à jusante da UHE Estreito e previsão de abertura de possíveis janelas para mergulho, com o controle da vazão para próximo a 1.000 m³/s.
Em resposta, o Ceste informou não ser possível garantir janelas de mergulhos no período úmido, que se estende até final de abril. Com a perspectiva apresentada pelo Consórcio Estreito Energia, os trabalhos que envolvem mergulho deverão ficar suspensos até alteração do cenário.
Foto: Luiz Henrique Machado/CBMTOPolícia Federal
Após o desabamento, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) instaurou uma sindicância para apurar causas e responsabilidades.
A Polícia Federal instaurou procedimento de investigação, com diligências conduzidas pelas superintendências regionais da Polícia Federal no Maranhão (SR/PF/MA) e no Tocantins (SR/PF/TO).
Reconstrução
O Ministério dos Transportes contratou empresa que ficará responsável pelas obras de reconstrução da Ponte JK, construída ainda em 1961. A contratação emergencial, que dispensa licitação, foi publicada no Diário Oficial da União pelo Dnit.
Ao todo, a obra terá investimento de R$ 171 milhões. O valor engloba diversas melhorias: acostamento, passeio, ciclovia e será 7 metros mais larga que a anterior. O valor inclui a demolição da ponte atual, novas fundações e a melhoria dos acessos das duas cidades.
As buscas aos desaparecidos também já foram suspensas devido à instabilidade nos pilares da ponte.
Foto: Luiz Henrique Machado/CBMTO