A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária para o mês de outubro será a vermelha patamar 1, com acréscimo de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. O valor é menor do que o praticado nos últimos meses, quando vigorou a bandeira vermelha patamar 2, com adicional de R$ 7,87, mas ainda representa custos extras para os consumidores brasileiros.
O anúncio ocorre em meio a um cenário preocupante para o setor elétrico: a seca histórica que se arrasta há mais de uma década. Nos últimos dez anos, o Brasil enfrentou sucessivos períodos de estiagem severa, que comprometeram os níveis dos reservatórios das principais hidrelétricas.
Como consequência, houve redução da capacidade de geração desse tipo de usina, responsável por mais de 60% da matriz elétrica nacional. Esse quadro força o acionamento de termelétricas, que além de mais caras, emitem maior volume de gases de efeito estufa, pressionando tanto o bolso dos consumidores quanto o meio ambiente.
Segundo especialistas do setor, a atual crise hídrica não é um episódio pontual, mas sim reflexo de mudanças climáticas que vêm alterando o regime de chuvas no País. O fenômeno já compromete a previsibilidade da geração hidrelétrica e mostra que depender majoritariamente dessa fonte torna o sistema elétrico brasileiro mais vulnerável e suscetível a oscilações tarifárias.
Para Gustavo Ayala, diretor do Grupo Bolt, do setor de energia, esse contexto exige maior atenção e aceleração da transição energética no Brasil.“A bandeira vermelha patamar 1 traz algum alívio em relação ao patamar 2, mas ainda evidencia os efeitos da escassez hídrica sobre o sistema elétrico. O Brasil precisa acelerar os investimentos em fontes renováveis como solar e eólica, que ajudam a reduzir a dependência das hidrelétricas e das térmicas. Esse é um caminho fundamental para garantir energia limpa, estável e a preços mais acessíveis para a população”.
Diante desse cenário, alternativas como a geração de energia renovável e os modelos de assinatura de energia se consolidam como soluções viáveis para proporcionar mais previsibilidade e economia. Além de fugir das variações sazonais do sistema de bandeiras tarifárias, os modelos de assinatura solar permitem acesso à energia limpa sem necessidade de investimentos em infraestrutura própria, como placas solares, ao mesmo tempo em que colaboram com a diversificação da matriz energética nacional.
De acordo com Rafael Zanatta, diretor comercial e de operações da Bow-e, braço do Grupo Bolt voltado à energia solar por assinatura, a crescente adesão ao setor de geração distribuída é um reflexo da busca por economia e autonomia dos consumidores.
“O modelo de energia solar por assinatura vem ganhando cada vez mais adesão, já que os consumidores reconhecem os benefícios dessa solução, que oferece inovação, liberdade de escolha e economia significativa na conta de luz, cerca de 20% em relação às tarifas tradicionais”.
Com 120 MW de capacidade instalada prevista até o final de 2025, as Usinas Fotovoltaicas (UFVs) operadas pela Bow-e devem gerar uma economia real estimada em R$ 30 milhões nos custos com eletricidade para aproximadamente 27 mil assinantes. O projeto representa um investimento superior a R$ 450 milhões e atende consumidores em estados como Maranhão, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco e Bahia.