Um dos principais objetivos do DoD (Departamento de Defesa estadunidense) ao criar, anos atrás, o que viria a ser a internet hoje, era que a troca de informações continuasse mesmo que grandes partes da rede tivessem sido destruídas (numa hecatombe nuclear, talvez).
Não foi preciso o apocalipse para provar que o objetivo foi alcançado: de prédios destruídos por aviões a terremotos, passando por tsunamis, a rede já provou que agüenta pesados trancos. No dia 1º de fevereiro, entretanto, informações da Qtel - Telecomunicações do Qatar davam conta que um cabo submarino, próximo ao porto de Alexandria, Egito, teria sido cortado involuntariamente por âncora de umnavio.
Empresas indianas avisaram que sua banda chegou a diminuir em 60%, causando graves problemas na comunicação com as matrizes americanas e inglesas. O tráfego foi redirecionado por outros cabos e também por satélites, deixando a rede sobrecarregada.
Agora já há notícias de cinco cabos rompidos/defeituosos, que interligam países como Índia, Catar, Irã, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Egito ao resto do mundo. Telecomunicações em geral (internet inclusa) geralmente são distribuídas através de cabos submarinos e satélites, mas até 90% do tráfego total corre sob o mar, daí o enorme problema gerado para as indústrias da região.
Considerando que os problemas começaram dia 23 de janeiro, o espaço de tempo é muito curto para se considerar todos os rompimentos uma coincidência, uma incrível sucessão de erros.
Houve quem pensasse se tratar de um trote muito bem-bolado, mas veículos como o Herald Tribune noticiaram os fatos. Segundo o veículo inicialmente foi levantada a hipótese de que algum navio viajando fora de curso pudesse ter rompido os cabos com a âncora, mas a informação foi negada pelo governo egípcio, segundo o qual nenhum navio passou pela área do mediterrâneo onde houve os rompimentos.
Independente dos motivos (terrorismo, mau tempo, falha de manutenção) que possam ter levado ao rompimento não se está discutindo na mídia nacional as possibilidades do Brasil diante desta crise dos cabos. A Índia é uma grande exportadora de serviços de telecomunicações a exemplo dos call-centers e uma queda de 60% na capacidade da rede é algo considerável. Outro problema a ser destacado é a falta de acesso a servidores de arquivos e emails por parte das produtoras de software.
Para o Brasil, as possibilidades estão no sentido de que estamos muito mais perto (falando em hops) dos Estados Unidos e da Europa que a Índia. Sem contar o fuso horário, que nos favorece. Este incidente pode ser usado como trunfo de marketing para vender os serviços do Brasil.
Um esforço coordenado entre a iniciativa privada e o governo pode tornar o país uma alternativa viável em que pese não ser uma operação que se faça do dia para a noite.
Da redação com informações Meio Bit Tecnologia