A greve dos funcionários do Indea (Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso) chegou ao fim na última sexta-feira, mas ainda vem provocando impactos negativos na pecuária do Estado, em especial na bovinocultura e suinocultura, que enfrentam prejuízos com a sobreoferta de animais para o abate e a conseqüente queda de preços no mercado.
A paralisação das atividades do Indea provocou a suspensão da emissão das GTAs – Guia de Trânsito de Animais, fato que teve como conseqüência a suspensão do abate de bovinos e suínos em todo o Mato Grosso. Durante o período da greve, pelo menos 60 mil animais deixaram de ser abatidos, gerando prejuízos da ordem de R$ 65 milhões, segundo Luís Antônio Freitas Martins, presidente do Sindifrigo.
As perdas para o setor, apesar do fim da greve, ainda persistem, já que com a suspensão do abate o volume de animais em confinamento cresceu significativamente. Hoje há uma sobreoferta no mercado, o que, de acordo com Luiz Carlos Meister, consultor de pecuária da Famato, tem gerado sérios prejuízos. Desde a retomada do abate o preço da arroba do boi está em queda. No dia 3 de dezembro, antes da greve, estava cotada a R$ 80,00 e atualmente o valor é de R$ 73,00. “Isso, representa uma perda de R$ 7,00 por arroba, o que soma um prejuízo de R$ 119 por animal, que tem em média 17 arrobas”, avalia Meister.
Na bovinocultura, cujo plantel no Estado é de 740 mil animais, também há grandes perdas com a paralisação do abate em decorrência da greve. Para Paulo Belicante, produtor da região de Sinop, o prejuízo com o confinamento dos seus animais que não puderam ser entregues para o abate, em função da suspensão da emissão de GTAs, chegou à casa dos R$ 100 mil. “Foram 800 animais que ficaram retidos”, diz. O prejuízo, segundo ele, se estende após o fim greve e as perdas são duplas, pois com o confinamento os animais ganharam sobrepeso. “A situação hoje é que além da penalização pelo sobrepeso do animal também há uma sobreoferta no mercado e isso gera perdas para o produtor”, informa.
Belicante revela, ainda, que o preço do kg vivo do suíno antes da greve era de R$ 2,50, e hoje gira em torno de R$ 1,90, podendo chegar a R$ 1,70 até o final da semana. Para ele, o retorno à normalidade, com o mercado absorvendo o excedente da oferta, só deve ocorrer no prazo de 15 a 20 dias.
O abate nos frigoríficos só retomou o ritmo normal a partir desta terça-feira, 9, embora a greve tenha sido suspensa na última sexta-feira, dia 5. Segundo o presidente do Sindifrigo, o abate já estava prejudicado na quinta e sexta-feira. No início da semana houve uma melhora e a retomada da capacidade total só foi possível ontem.
Fonte: Diário de Cuiabá