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Meio Ambiente

Neira Pereira de Oliveira, moradora da Vila Industrial, reclama do mal cheiro

Neira Pereira de Oliveira, moradora da Vila Industrial, reclama do mal cheiro Foto: Wesley Silas

Foto: Wesley Silas Neira Pereira de Oliveira, moradora da Vila Industrial, reclama do mal cheiro Neira Pereira de Oliveira, moradora da Vila Industrial, reclama do mal cheiro

Após denúncias dos moradores da Vila industrial, que fica a 12 km do Centro de Gurupi, o Instituto Natureza do Tocantins – Naturatins constatou rompimento de um duto de canalização dos produtos químicos do curtume da empresa BWZ Couros.

A conseqüência do rompimento do duto, somado ao período chuvoso, atingiu em cheio os moradores da Vila Industrial, que fica logo abaixo do curtume. Segundo a moradora Neira Pereira de Oliveira, que reside há 4 anos no setor, nos últimos dias ela não conseguia comer e nem dormir direito devido ao mau cheiro provocado pelo rompimento do duto. Neira reclama que além do mau cheiro apareceram vários bichos de mosca-varejeira em seu quintal. “A piores horas eram ao meio dia e no período da noite. Para diminuir o mau cheiro eu colocava até algodão no nariz. Nestes dias eu estava no quintal e vi um monte de bichos”, disse.

Neira disse ainda que adoeceu, já emagreceu mais de 10 quilos e que já vez vários exames clínicos, mas que até o momento não teria constatado nenhuma patologia. “Tenho dor de cabeça, dor no estômago e febre. Já fiz todo tipo de exame para ver o que é”, disse.

Segundo a coordenadora regional do Naturatins, Adriana Cavenage, a interdição veio após o órgão constatar um rompimento no tubo de ferte-irrigação no espaço da lagoa do sistema de tratamento.

Cavenage disse ainda que o Naturatins solicitou uma analise completa do sistema de efluente para verificar se estão nos padrões das normas ambientais. “Na área onde o tubo estourou tinham gados e agora ficou suspendido as atividades até que o problema seja resolvido. Vamos fazer uma coleta do efluente e pedir um laudo de análise para verificar se está dentro das normas ambientais”, explicou.

Reincidência

No dia 31 de julho, a promotora de Justiça Maria Juliana Naves Dias do Carmo, propôs ação civil pública ambiental contra a empresa BWZ Couros de Gurupi. Na época a empresa estava construindo o duto de canalização sobre leito do rio Gurupi, área de preservação permanente, sem qualquer autorização dos órgãos ambientais.

No dia 12 de agosto o pedido foi deferido pelo juiz Esmar Custódio Vêncio Filho, que fez a empresa interromper as obras de canalização que incluíam desmatamento, edificação e perfuração.

O magistrado pediu ainda que a BMZ Couros apresentasse as licenças e os estudos emitidos e aprovados pelo Naturatins e pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

Sobre o Curtume

O curtume BMZ Couros em Gurupi tem uma estrutura com 6 barracões e possui uma capacidade de produção de 1.800 couros/dia, com aumento para 2.100. A indústria destaca-se pela transformação de peles em couros curtidos, localizada estrategicamente numa região onde se concentra grande parte do rebanho de gado de corte do Brasil.

As unidades de curtimento da BMZ recebem peles frescas, vindas de frigoríficos, onde o couro sofre vários processos de curtimento para originar o Wet blue.

A empresa possui mais de 20 anos atuando na produção de couro bovino e é um dos maiores exportadores de couros do Brasil. O grupo gera cerca de 1.800 empregos diretos através dos pólos em Campo Grande-MS, Montenegro-RS e Franca-SP, além de três unidades de curtimento: Porangatu-GO, Barra do Garças-MT e Gurupi-TO.

Fonte: Atitude Online